UM OLHAR GEOGRÁFICO SOBRE A CIDADE DE JOÃO PESSOA
Por: Jefferson Pedrosa • 6/5/2018 • Artigo • 2.671 Palavras (11 Páginas) • 346 Visualizações
UM OLHAR GEOGRÁFICO SOBRE A HISTÓRIA DE JOÃO PESSOA
Matheus Henrique de Souza Genuino Oliveira Bolsista PIBID-Geografia/Universidade Federal da Paraíba
swimatholiveira@gmail.com
Juliana Candido da Silva Discente em Geografia da Universidade Federal da Paraíba
jcs250577@yahoo.com.br
- INTRODUÇÃO
A produção do espaço é um processo de constantes mudanças ao longo do tempo, isto é, o que existe no presente e possivelmente existirá no futuro, baseia-se em construções passadas. A cidade pode ser compreendida como sendo: um produto de várias formas, imagens, movimentos, sobrepostos e justapostos ao longo do tempo no espaço, fruto do trabalho humano associado às condições naturais do local e que, de acordo com o modo de produção dominante, desenvolvem-se. Esta organização espacial urbana “carregada” de historicidade, sob uma perspectiva geográfica será o objeto de estudo deste trabalho, enfocando-se o crescimento urbano da cidade de João Pessoa.
Convém, portanto, apresentar nesta pesquisa, recortes da história de João Pessoa, sobretudo, destacando o entendimento de como se deu sua evolução urbana no espaço e no tempo, saindo do atual Centro Histórico indo até a orla marítima, destacando de maneira geral, três grandes momentos de sua história: os antecedentes da formação territorial; a expansão da cidade e o processo de consolidação urbana.
- OBJETIVOS
O objetivo do trabalho é apresentar a compreensão dos aspectos objetivos e subjetivos concernentes à paisagem/mundo vivido apresentam-se em uma visão holística da experiência com o espaço e como esses aspectos combinam entre si. Aproximando-os da realidade das paisagens geográficas, naturais ou construídas, concebendo a paisagem como sendo a concretude da realidade.
Para Buttimer (1985) citado por Lima (2000), a perspectiva geográfica, poderia ser considerada como o substrato latente da experiência, este autor afirma ainda que deveria haver uma tentativa de sincronização diária entre a mente, o conhecimento e a ação, sobre a visão da paisagem e o contato da ação humana com a natureza. Estes aspectos foram explorados dentro da história do crescimento urbano de João Pessoa, atual capital do Estado da Paraíba.
- METODOLOGIA
As reflexões para a construção deste texto emergem a partir de estudos e leituras da bibliografia citada abaixo, comparação e confecção de mapas os quais através deles foi possível uma análise espacial de João Pessoa, contando ainda com algumas visitas ao campo. O desejo de estudar e escrever sobre a formação da cidade, surge ainda da tentativa de apreensão de como se constituiu a estrutura espacial (espacialidade) na atual capital paraibana, isto é, esta “caminhada histórica” sintetiza e faz uma releitura os trabalhos existentes da Geografia histórica local, apoiado em uma visão geográfica.
Na tentativa de um rompimento frente aos estudos existentes sobre João Pessoa de cunho tradicional, cujo resultado são as contínuas repetições sobre o atraso, a pobreza, a lentidão, a carência, feitos esses que são frutos das más administrações e da falta de interesse político e que acabam por empobrecer esse passado tão rico.
Por compreender que a riqueza deste passado é de extrema importância para se entender a organização espacial atual de João Pessoa, esta pesquisa direcionar-se no centro das diversas transformações do meio urbano pessoense ao longo de sua história. Foram destacadas nesse artigo, a história e a evolução urbana de João Pessoa, a partir dos eixos de expansão e do conceito de percepção geográfica.
- ANTECEDENTES DA FORMAÇÃO DE JOÃO PESSOA
Todo esse processo de formação da cidade é marcado por diversas tentativas resistentes e vãs de conquista, como a vinda de Frutuoso Barbosa em 1582, quando ele e sua tropa acabam caindo na armadilha dos índios e dos franceses e quando também ele perde seu filho em um combate, como no episódio da “Tragédia de Tracunhaém”. Segundo Araújo (2012), a conquista se efetiva apenas na quinta tentativa, momento em que Frutuoso Barbosa captura embarcações francesas, com o apoio do capitão espanhol Diogo Flores (vindo da Bahia) e Filipe de Moura de Pernambuco expulsam os franceses e conquistam-na. Ainda segundo Araújo (2012) os primeiros registros sobre a Paraíba são feitos pelos jesuítas e eles creditam a conquista da Paraíba, a Martim Leitão.
Araújo (2012) afirma que a conquista da Paraíba agradou, porém onde a cidade se colocara, não agradou ao rei Filipe da Espanha (que era rei de Portugal na época da
conquista) porque, ele havia idealizado que a cidade fosse construída onde hoje é a atual Cabedelo. Situada em uma planície flúvio-marinha, próximo ao estuário do rio Paraíba constituição recente em termos morfológicos e geológicos, cerca de cinco mil anos, uma região baixa e plana, fato que não favorecia a defesa do território, se porventura houvesse algum ataque.
Ao seguir o curso do rio Paraíba (sentido Cabedelo-João Pessoa) os descobridores observaram alguns afloramentos calcários, que serviram de base para as primeiras edificações, afloramentos de água doce e uma área mais elevada que funcionava como atalaia (torre de vigia) tendo em vista possíveis ataques holandeses ou franceses, resolveu constituir ali a cidade. Estabelecendo-se então no largo da igreja de São Frei Pedro Gonçalves, mirando o rio Sanhauá e o Porto do Capim que se transformaria no porto da cidade por muitos anos, onde nasce e se constitui propriamente dita a cidade de “Parahyba”. Desde então, sua área foi limitada do rio (Sanhauá) ao mar (Oceano Atlântico), marcada morfologicamente pelo Baixo Planalto Costeiro.
Figuras 01 e 02 – Porto Internacional do Varadouro (1920) (Antigo Porto do Capim);
Vista do Rio Sanhauá, ao fundo o Largo de São Frei Pedro Gonçalves (dias atuais).[pic 2]
[pic 3]
Fonte: Disponível em:
41013374/1009428435760688/?type=3&theater>; <http://enceaufpb.blogspot.com.br/p/a-parahyba-em- foco.html >Acesso em 25/06/2016.
- JOÃO PESSOA: DA FUNDAÇÃO AO SÉCULO XIX.
O que atualmente se constitui como sendo o sítio urbano de João Pessoa, durante seu crescimento passou por um longo processo de formação histórico-territorial. Fundada em 05 de Agosto de 1585 e desde então nascida como cidade devido ao temor português frente às invasões francesas, a cidade durante muitos anos desenvolveu-se em torno da atual parte central, entre os bairros do Varadouro e das Trincheiras. A cidade de Parahyba nasce como uma das sedes da capitania real ultrapassando os estágios de vila ou povoado, fato comum em outras localidades na época. A padroeira do lugar que nascia Nossa Senhora das Neves foi homenageada, com os colonizadores portugueses a batizando de Cidade Real de Nossa Senhora das Neves.
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