A Avaliação da Qualidade da Anestesia

Avaliação da Qualidade da Anestesia

de crianças submetidas à cirurgia ambulatorial no Instituto de Medicina Integral Prof. Fernando Figueira: Uma visão do usuário.

Camila Antunes Moura¹. Mariana Bernardino Lêdo². Flávia Augusta Orange³.

1. Aluna da faculdade Pernambucana de Saúde (FPS) do curso de medicina. Aluna Bolsista do programa de iniciação científica (PIC).
2. Aluna da Faculdade Pernambucana de Saúde (FPS). Aluna colaboradora.
3. Doutora pela Universidade de Medicina de Campinas, Professora da pós-graduação do Instituto de Medicina Integral Prof. Fernando Figueira(IMIP), Recife, Brasil. Anestesiologista do IMIP e do Hospital das Clínicas. Professora da Faculdade Pernambucana de Saúde.

RESUMO

Objetivos: Avaliar a satisfação com o atendimento anestésico em crianças submetidas à cirurgia ambulatorial no IMIP. Métodos: foi realizado um estudo do tipo corte transversal, incluindo 307 crianças submetidas à cirurgia ambulatorial de agosto de 2014 a fevereiro de 2015. Foram incluídas no estudo crianças com até 14 anos. Foram excluídas crianças com doenças coexistentes e portadoras de doenças neurológicas. As variáveis estudadas foram: satisfação do responsável e da criança com a anestesia, esclarecimentos prestados sobre o tipo de anestesia e tempo de jejum, realização de medicação pré-anestésica, informação sobre o encaminhamento da criança à sala de Recuperação pós-anestésica (SRPA), acompanhamento da criança na SRPA e efeitos adversos. Os pacientes e acompanhantes foram entrevistados na consulta de reavaliação sete dias após a cirurgia. O projeto foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humano do IMIP e foi solicitada a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido do responsável e um termo de assentimento para a criança. Para a análise estatística foram construídas tabelas de frequência e para as variáveis categóricas e para as variáveis numéricas os resultados foram mostrados em médias e seus respectivos desvios padrão. Adotou-se o nível de significância de 5%. Resultados: Observamos que 76,9% dos acompanhantes afirmaram não terem sido informados o tipo de anestesia e aproximadamente a metade (58%) relataram não terem sido informados acerca de necessidade de exames pré-operatórios. Apenas 11,7 % das crianças receberam medicação pré-anestésica e 73,94% dos acompanhantes permaneceram com a criança na SRPA. 29% dos acompanhantes relataram a ocorrência de efeitos adversos na criança, dentre eles, o mais comum foi vômito ocorrendo em 22 (7,2%) crianças. Em relação à satisfação dos acompanhantes com o procedimento anestésico 295 (96,09%) ficaram satisfeitos. Em relação às crianças que estavam aptas a responder, 37,5 tiveram medo do procedimento anestésico, 47,5% afirmaram que conheceram o médico anestesista, e 102 (62,57%) lembram que alguém hes explicou sobre o procedimento anestésico no pré-cirúrgico. Quanto à satisfação das crianças, 98 (59,39%) se mostraram satisfeitas com o procedimento anestésico, e 67 (40,60%) insatisfeitas. Conclusão: Encontramos um elevado grau de satisfação por parte dos acompanhantes, entretanto esta satisfação foi menos acentuada entre as crianças entrevistadas.

Palavras chaves: Anestesia, Garantia de qualidade dos cuidados de saúde, Satisfação, Período de recuperação anestésica, Pediatria.

ABSTRACT:

Goals: Evaluate the satisfaction level of the anesthetic treatment in children undergone ambulatory surgery in IMIP. Methods: Cross-sectional studies were made with 307 children undergoing ambulatory surgery from August 2014 to February 2015. Children up to 14 years old were embraced in this study. Nor children with coexisting diseases neither children suffering from neurological diseases were included in the research. The variables considered were: level of satisfaction of the person responsible for the children with anesthesia, clarifications about the type of anesthesia and about the fasting time, ministration of pre anesthetic medication, Information about the child forwarding to the post anesthetic recovery room (SRPA), monitoring of the child in the SRPA and adverse effects. The patients and responsible persons were interviewed during the revaluation appointment seven days after the surgery. The project was submitted to the Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos (Human Being Research Ethics Committee) of IMIP. The signing of a Free and Enlightened Consent Term was requested from each responsible person and an Assent Term from each child. Frequency tables were made for the statistical analysis while for the categorical and numerical variables the results were shown in averages and with their respective standard deviations. The chosen significance level was set to 5%. Results: The study has shown that 76,9% of the responsible persons were not informed about the type of anesthesia and approximately half (58%) has alleged not to be aware about the need for examination before surgery. Only 11,7% of the children received pre anesthetic medication and 73,94% of the responsible persons stayed with the child in the SRPA. 29% of the responsible persons reported some kind of adverse effects in the child; among them, the most common was vomiting that was reported in 22 (7,2%) children. Regarding responsible persons satisfaction with the anesthetic procedure, 295 (96,09%) were satisfied. Considering only the children able to answer the questions, 37,5% were afraid of the anesthetic procedure, 47,5% had met the anesthesiologist, and 102 (62,57%) could remember that someone explained them the anesthetic procedure before surgery. Concerning children satisfaction, 98 (59,39%) were satisfied with the anesthetic procedure, and 67 (40,6%) reported dissatisfaction. Conclusion: We have found a high satisfaction level among the persons responsible for the children and a lower satisfaction level between the children themselves.

Keywords: Anesthesia, Healthcare quality assurance, Satisfaction, Anesthetic recovery time, Pediatrics.

INTRODUÇÃO

A avaliação de qualidade dos serviços de saúde é realizada em diversos setores e, em âmbito público, serve como diretriz para gerenciamento de verbas e programas. No Brasil, as avaliações de qualidade no serviço de saúde começaram a ganhar força na década de 80, juntamente com a proposta e a implementação do novo sistema de saúde, o SUS1,2.

Qualidade é um termo multidimensional que, na maioria das situações, abrange avaliação subjetiva, e significa qualificar os mais diversos serviços, em saúde especificamente, podemos citar os procedimentos técnicos, organizacionais e gerenciais¹. Dessa forma, na área de saúde, abordamos a qualidade em sua subjetividade, considerando os aspectos biopsicossociais do cliente assim como suas expectativas¹,2.