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A SOCIEDADE CONTRA O ESTADO

Por:   •  6/11/2017  •  Resenha  •  757 Palavras (4 Páginas)  •  1.291 Visualizações

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A SOCIEDA CONTRA O ESTADO

O texto de Pierre Clastres nos faz repensar a forma de organização política das chamadas sociedades primitivas, apoiando a quebra do paradigma do evolucionismo, e do etnocentrismo. Ao longo do texto descreve as relações entre política, estado, sociedade e economia, expondo suas relações e caracterizações.

Descrevendo as relações, no ponto de política, nota-se que para Clastres não existe sociedade sem poder, más mesmo nas “sociedades primitivas” há poder, não este mesmo poder imposto e superior que há nestas outras sociedades, mas um poder de moderador e oratório. O “chefe” tem a função de moderador, resolver os conflitos da tribo, com a consequência de se não conseguir ser mal visto na tribo. Com o poder oratório, nota-se que “na sociedade primitiva, chefia e linguagem estão intrinsecamente ligadas, a palavra e o único poder reservado ao chefe: mais do que isso ainda, falar é para ele um dever” (CLASTRES, 1988, p. 208).

O Estado, diz-se, e o instrumento que permite a classe dominante exercer o seu domínio violento sobre as classes dominadas. Seja para que haja o aparecimento do Estado e necessário, portanto que, antes dele, haja divisão da sociedade em classes sociais antagônicas, ligadas entre si por relações de exploração (CLASTRES, 1988, p. 197).

A concepção de estado, para os indígenas praticamente não existe, sendo que como dito acima o “chefe” indígena não tem poder o poder coercitivo, não impõem partições de poderes, nem um estado policiado, são povos que contestam a ideia de um estado e da noção de centralizar o poder, demostrando que o poder não precisa estar concentrado em uma figura central, mas que pode ser encontrado na liberdade de cada indivíduo.

Muitos consideram que as “sociedades primitivas” não são sociedades, concepção que foi a mesma utilizada pelos portugueses para dizimar a população indígena no Brasil, onde que diziam que eram povos sem lei, sem fé e nem rei. Há concepções de que as sociedades primitivas, por serem, sem estado e sem escrita, são sem história, desconsiderando assim as histórias e os mitos que são contados de suas gerações passadas.

Com relação à economia, Clastres descreve a economia de subsistência das comunidades indígenas, como a própria concepção de economia é a gestão da escassez, os indígenas faziam isso bem, como não tinham (e nem queriam) um mercado, produziam apenas para o consumo da tribo. Desta forma, os índios não tinham a necessidade de consagrar muito tempo para o trabalho, sobrando bom tempo ocioso, vivendo com saúde e tranquilidade. “As crônicas da época são unanimes em descrever a bela aparência dos adultos, a boa saúde das numerosas crianças, a abundancia e a variedade dos recursos alimentares” (CLASTRES, 1988, p. 187). Esta falta de economia/mercado, é um dos motivos para não se considerar as tribos indígenas como sociedade.

Um filme que contextualiza bem com este texto, é o Onde Sonham as Formigas Verdes, do alemão Herzog, onde retrata a invasão inglesa a terra sagrada dos aborígenes. Os ingleses escavam as terras dos aborígenes, movimentados por um sentido capitalista de produtividade, e ignoram as crenças, os costumes e as raízes dos aborígenes que ali vivem.

Para os ingleses as terras só tinham o valor econômico,

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