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A UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ CURSO DE DIREITO

Por:   •  4/11/2022  •  Trabalho acadêmico  •  2.539 Palavras (11 Páginas)  •  103 Visualizações

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

CURSO DE DIREITO

BRUNA BITENCOURT

CAMILA GALUPO

GABRIELA MOREIRA KLEINA

GUSTAVO BUENO LELLI

JOÃO FÁBIO OLIVEIRA

LOREENA RAHD ZANELLO

MILENA KRAFT

NADIELLY CRISTO

ROMULO EDUARDO RODRIGUES DE SOUZA

MODERNIDADE LIQUIDA: ZYGMUNT BAUMAN

CURITIBA/PR

2022

BRUNA BITENCOURT

CAMILA GALUPO

GABRIELA MOREIRA KLEINA

GUSTAVO BUENO

JOÃO FÁBIO OLIVEIRA

LOREENA RAHD ZANELLO

MILENA KRAFT

NADIELLY CRISTO

ROMULO EDUARDO RODRIGUES DE SOUZA

MODERNIDADE LIQUIDA: ZYGMUNT BAUMAN

Estudo Dirigido apresentado à disciplina de Direito do Consumidor, do curso de Direito da Universidade Tuiuti do Paraná, para obtenção parcial da nota do 1º bimestre.

Profº: Roberto Siquinel.

CURITIBA/PR

2022

  1. AS BENÇÃOS MISTAS DA LIBERDADE

O autor inicia o primeiro capítulo tratando sobre a liberdade, sobre como muitas vezes as pessoas estão presas em suas vidas, mas não querem ser libertadas ou não sabem que estão presas, pois gostam de estar nessa condição e das facilidades que a”prisão” em que se encontram oferece, já que com a liberdade surgem mais responsabilidades. Zygmunt faz alusão à Odisseia, na qual os marinheiros são transformados em porcos e quando se descobre uma maneira de fazê-los voltar a serem humanos eles não querem, pois preferiram esta forma à liberdade da forma humana, com as responsabilidades que ela possuía.

Põe-se a questão: seria a liberdade uma maldição ou uma benção?

Ele afirma que a liberdade é algo subjetivo, que o que se sente como liberdade pode de fato não o ser, e que as pessoas possam estar satisfeitas com sua condição e até mesmo não quererem buscar mais liberdade, mesmo que de fato isso objetivamente não seja liberdade, pois o juízo que se faz pode estar equivocado.

Para Bauman o grau de liberdade é preenchido pela capacidade crítica do indivíduo, e o que está errado na sociedade em que vivemos é que ela deixou de se questionar sobre as coisas, se acomodou com as facilidades de não ser livre, sem realidade e talvez quem mais precise dela é relutante em deixa-la chegar. Também questiona se o povo está de fato preparado para a liberdade, pois a verdade que traz a liberdade é muitas vezes aquela que não se quer ouvir.

Outra ideia é a de que os homens não estão errados em questionar os benefícios que as liberdades podem lhes trazer, que o tipo de liberdade pregada pelos libertários não significa felicidade, que trará mais tristeza que alegria, que não haveria contradição entre dependência e libertação, pois não há como ser livre sem submeter-se à sociedade e seguir suas normas, a liberdade não pode ser ganha contra a sociedade. Padrões e rotinas impostos por pressões sociais poupam os homens, na medida em que a repetição de conduta faz com que os homens saibam como proceder em cada situação e, em resumo, essa falta de liberdade total facilita a vida das pessoas, pois retira boa parte da dúvida e da incerteza sobre como proceder nas diversas situações da vida.

  1. AS CAUSUALIDADES E A SORTE CAMBIANTES DACRÍTICA

Analisando nossa sociedade nos dias atuais, Zygmunt Bauman aponta que um dos pontos errados na forma de vivermos, é que as pessoas deixaram de se questionar, de modo que, não se reconhece mais qualquer alternativa para a atual conjuntura, sentindo-se as pessoas absolvidas do dever de examinar, demonstrar, justificar a validade de suas suposições tácitas e declaradas.

De igual sorte, aponta o supracitado Autor que a sociedade contemporânea deu à “hospitalidade à crítica” um sentido inteiramente novo e inventou um modo de acomodar o pensamento e a ação crítica, permanecendo imune às consequências dessa acomodação e saindo, assim, intacta e sem cicatrizes — reforçada, e não enfraquecida — das tentativas e testes da “política de portas abertas”.

O tipo de “hospitalidade à crítica” característico da sociedade moderna em sua forma presente pode ser aproximada do padrão do acampamento.

Dentro desta “lógica do acampamento” citada por Bauman, a fim de exemplificar tal padrão de comportamento social, tem-se o exemplo do camping, onde em um lugar aberto, pode usufruir qualquer pessoa que venha com seu trailer e dinheiro suficiente para o aluguel.

No acampamento, os hóspedes vêm e vão; nenhum deles presta muita atenção a como o lugar é gerido, desde que haja espaço suficiente para estacionar o trailer, as tomadas elétricas e encanamentos estejam em ordem e os donos dos trailers vizinhos não façam muito barulho e mantenham baixo o som de suas TVs portáteis e aparelhos de som depois de escurecer. Os motoristas trazem para o acampamento suas próprias casas, equipadas com todos os aparelhos de que precisam para a estada, que em todo caso pretendem que seja curta. Cada um tem seu próprio itinerário e horário. O que os motoristas querem dos administradores do lugar não é muito mais (mas tampouco menos) do que ser deixados à vontade. Em troca, não pretendem desafiar a autoridade dos administradores e pagam o aluguel no prazo. Como pagam, também demandam. Tendem a ser inflexíveis quando defendem seus direitos aos serviços prometidos, mas em geral querem seguir seu caminho e ficariam irritados se isso não lhes fosse permitido. Ocasionalmente podem reivindicar melhores serviços; se forem bastante incisivos, vociferantes e resolutos, podem até obtê-los. Se se sentirem prejudicados, podem reclamar e cobrar o que lhes é devido — mas nunca lhes ocorreria questionar e negociar a filosofia administrativa do lugar, e muito menos assumir a responsabilidade pelo gerenciamento do mesmo. Podem, no máximo, anotar mentalmente que não devem nunca mais usar o lugar novamente e nem recomendá-lo a seus amigos. Quando vão embora, seguindo seus próprios itinerários, o lugar fica como era antes de sua chegada, sem ser afetado pelos ocupantes anteriores e esperando por outros no futuro; embora, se algumas queixas continuarem a ser feitas por grupos sucessivos de hóspedes, os serviços oferecidos possam vir a ser modificados para impedir que as queixas sejam novamente manifestadas o futuro.

Na era da modernidade líquida a hospitalidade à crítica da sociedade segue o padrão do acampamento.

Embora lide bem com a crítica à forma de hospitalidade do acampamento em relação aos donos dos trailers, nossa sociedade definitivamente não aceita bem a crítica como a que os fundadores da escola crítica supunham e à qual endereçaram sua teoria. Em termos diferentes, mas correspondentes, poderíamos dizer que uma “crítica ao estilo do consumidor” veio substituir sua predecessora, a “crítica ao estilo do produtor”.

Contrariamente a uma moda difundida, essa mudança não pode ser explicada meramente por referência à mudança na disposição do público, à diminuição do apetite pela reforma social, do interesse pelo bem comum e pelas imagens da boa sociedade, à decadência da popularidade do engajamento político, ou à alta dos sentimentos hedonísticos e do “eu primeiro” — ainda que tais fenômenos sem dúvida se destaquem entre as marcas do nosso tempo.

Destaca-se que a sociedade que entra no século XXI não é menos “moderna” que a que entrou no século XX; o máximo que se pode dizer é que ela é moderna de um modo diferente. O que a faz tão moderna como era mais ou menos há um século é o que distingue a modernidade de todas as outras formas históricas do convívio humano: a compulsiva e obsessiva, contínua, irrefreável e sempre incompleta modernização; a opressiva e insaciável sede de destruição criativa, em nome de um “novo e aperfeiçoado” projeto de desmantelar, tudo isso em nome da produtividade ou da competitividade.

  1. O INDIVIDUO EM COMBATE COM O CIDADÃO

Esse capítulo trata-se de como a “individualização” e a “sociadade” são dois parceiros que veem se amoldado com o passar do tempo. Diversos apresentam diferentes histórias quanto ao processo da individualização, ou seja, enquanto Freud explora o “indivíduo civilizado” na história moderna, Beck e Elias exploram o indíviduo como uma modernização compulsiva e obssesiva.

Ao que tudo indica, não basta simplesmente “nascer” com um título, mas sim dar vida a ele, sendo assim, a individualização se torna algo para seguir e ser. Conforme o livro, a antiguidade moderna “desacomodava” a fim de “reacomodar”, assim, desafiando os indivíduos a viverem “de acordo”, isso trazia inúmeras condutas de imitação e seguir um certo tipo de padrão somente porque era o “correto”.

Todavia, existiam os “estamentos” que consistia a lugares que pertenciam hereditariedade, mas foram substituídos pelas “classes” com o objetivo de se permanecer visto que enquanto um se baseava no quesito de atribuição, o outro deveria buscar constantemente uma renovação diariamente.

O “coletivismo” foi a primeira estratégia para aqueles incapazes de se auto-afirmar indíviduos limitados aos próprios recursos individuais, assim, a classe e o gênero que eram completamente diferentes do estamento tentavam uma realocação após ficarem acomodados, ou seja, a tarefa aqui era adapatar-se ao nicho do momento, conforme os demais.

Na segunda modernidade o assunto já é outro, aqui não existem lugares para se adequar, até porque muitos acabam antes mesmo da tentativa, o que existe são as chamadas “cadeiras musicais” onde encontra-se diversos estilos e tamanhos mas não prometem destino final, sendo assim não há perspectiva para a reacomodação.

A individualização se torna uma fatalidade, onde a autocontenção e a autosuficiência tem o significado onde ninguém deverá se culpar por suas frustações e problemas, devendo ser analisadas as fatalidades sempre com olhar de solução e não de culpa, deste modo, os riscos e contradições existem, mas devem ser enfretados com outro paradigma.

Deve-se observar que o cidadão é o pior inimigo do indivíduo, onde o cidadão busca sempre buscar o bem em prol do seu bem-estar através do bem-estar da sociedade, enquanto o indivíduo tende ter uma relação com a causa comum, desta forma, a individualização chegou para ficar, devendo sempre ser levada em conta.

  1. O COMPROMISSO DA TEORIACRÍTICA NA SOCIEDADE DOS INDIVIDUSO

Nesta parte a teoria crítica foi invertida.

A tarefa, da teoria critica, costumava ser a “defesa da autonomia privada contra as tropas avançadas da “esfera pública””.  Sendo falsa a afirmação em que o “público” tente colonizar o “privado, tendo esse o que coloniza o espaço público, espremendo e expulsando o que quer que não possa ser expresso inteiramente no castiço dos cuidados e iniciativas privadas.

O indivíduo tem como visão, de que o espaço público não é muito mais que uma tela gigante em que as aflições privadas são projetadas, eles retornam de suas saídas diárias ao espaço “público” reforçados em sua individualidade de jure e tranquilizados, pois, sabem que o modo solitário como (os indivíduos) levam sua vida é o mesmo de todos os outros “indivíduos”, enquanto dão seus próprios tropeços e sofrem suas transitórias derrotas no processo.

Ao poder, esse navega para longe da rua e do mercado sendo fora do alcance do controle de cidadãos, tendo sua condição ideal a invisibilidade.

Logo, o espaço público deixa de ser um lugar de encontro e diálogo sobre problemas privados e questões públicas, sem indivíduos autônomos e uma sociedade autônoma, tendo que a autonomia da sociedade requer uma autoconstituição deliberada e perpétua, algo que só pode ser feito e compartilhado por seus membros.

Portanto, a situação que hoje se coloca para a teoria crítica se reduz a unir novamente o que a combinação da individualização formal e o “divórcio” entre o poder e a política se partiram em cacos.

  1. A TEORIA CRITICA REVISITADA

No capítulo onde trata da teoria crítica revisitada, verificamos sobre a liberdade de pensamentos e como isso influencia na maneira em que levamos a vida. A necessidade nos faz pensar e a liberdade de como esses pensamentos serão conduzidos mostrará como será nossa vivencia em sociedade. De forma geral, na ideia de Adorno, quanto mais distante estiver seus pensamentos mais livre para pensar você será. Nesse sentido, aproxima a liberdade com a ingenuidade e em como as duas se interligam, ambas são auto-suficientes e não necessitam de nada além do próprio individuo para acontecer. O autor demostra, de maneiro sucinta, como o ser ingênuo tem facilidade de lidar com situação complicadas de maneira segura, por mais que a liberdade, no ingênuo, em alguns caso seja limitada. Mesmo limitada, é uma forma de proteção, quando mais longe o indivíduo estiver de pensamentos e ambientes poluídos, mais protegido estará e são diminuídas as chances de atingi-lo. Para o sociólogo, se há a busca pela liberdade, há também uma maior responsabilização individual, ou seja, lidar com suas próprias escolhas.

  1. A CRÍTICA DA POLÍTICA-VIDA

Como o Estado não mais promete ou deseja agir como “deus onipotente” da razão e mestre-de-obras da sociedade racional, e somando-se o fato que, com sua variada multidão de conselheiros, intérpretes e assessores, assumindo cada vez mais as tarefas previamente reservadas aos legisladores, não é de surpreender que os críticos que desejavam ser instrumentais na atividade de emancipação lamentem sua privação.

O discurso crítico, como muitos podem sentir, está a ponto de ficar sem objeto. E muitos podem agarrar-se desesperadamente à estratégia rigorosa da crítica apenas para confirmar, inadvertidamente, que o discurso carece, de fato, de um objeto tangível, à medida que os diagnósticos são cada vez mais desligados das realidades correntes e as propostas são cada vez mais nebulosas.

Ainda hoje, muitos insistem em travar velhas batalhas em que ganham competência e preferem isso a uma mudança do campo de batalha familiar e confiável para um novo território ainda não inteiramente explorado, de muitas maneiras uma “terra de incógnitas”.

Ademais, registre-se que existe uma nova agenda pública de emancipação ainda à espera de ser ocupada pela teoria crítica.

Essa nova agenda pública, ainda à espera de sua política pública crítica, está emergindo junto com a versão “liquefeita” da condição humana moderna, e em particular na esteira da “individualização” das tarefas da vida que derivam dessa condição.

A nova condição não é muito diferente daquela que, segundo a Bíblia, levou à rebelião dos israelitas e ao êxodo do Egito.

No exemplo bíblico dado por Zygmunt Bauman, o faraó egípcio ordenou aos inspetores e seus capatazes que deixassem de suprir o povo com a palha utilizada para fazer tijolos, alegando que os mesmos deveriam colher sua própria palha, mas deveriam se atentar em atingir a mesma produção de tijolos que estava sendo produzida.

Quando os capatazes argumentaram que não se pode fazer tijolos eficientemente a menos que a palha seja devidamente fornecida e acusaram o faraó de ordenar o impossível, ele inverteu a responsabilidade pelo fracasso, dizendo: “Vocês são preguiçosos, vocês são preguiçosos”.

No mundo moderno, não existem faraós dando ordens aos capatazes para que açoitem os displicentes, mas a tarefa de providenciar a palha foi igualmente abandonada pelas autoridades do momento, que dizem aos produtores de tijolos que só sua preguiça os impede de fazer o trabalho adequadamente, e acima de tudo que o façam para sua própria satisfação.

Destarte, indica o Autor que o poder político (leia-se Estado) perdeu muito de sua terrível e ameaçadora potência opressiva, mas também perdeu boa parte de sua potência capacitadora.

A guerra pela emancipação não acabou, mas, para progredir, deve agora ressuscitar o que na maior parte de sua história lutou por destruir e afastar do caminho.

A verdadeira libertação requer hoje mais, e não menos, da “esfera pública” e do “poder público”, considerando que, agora é a esfera pública que precisa desesperadamente de defesa contra o invasor privado, ainda que, paradoxalmente, não para reduzir, mas para viabilizar a liberdade individual.

Dada a natureza das tarefas de hoje, os principais obstáculos que devem ser examinados urgentemente estão ligados às crescentes dificuldades de traduzir os problemas privados em questões públicas, de condensar problemas intrinsecamente privados em interesses públicos que são maiores que a soma de seus ingredientes individuais, de recoletivizar as utopias privatizadas da “política-vida” de tal modo que possam assumir novamente a forma das visões da sociedade “boa” e “justa”.


REFERÊNCIA

 BAUMAN, Zygmunt. Modernidade líquida. Rio de Janeiro: Editora Zahar, 2001.

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