ANÁLISE DO DOCUMENTÁRIO THE DARK SIDE OF CHOCOLATE (O LADO NEGRO DO CHOCOLATE)
Por: Juliana Arantes • 27/6/2017 • Resenha • 607 Palavras (3 Páginas) • 2.819 Visualizações
ANÁLISE DO DOCUMENTÁRIO THE DARK SIDE OF CHOCOLATE (O LADO NEGRO DO CHOCOLATE)
No mundo moderno, o capitalismo se expressa territorialmente. Com ele, revela-se a dominação do homem sobre o homem, motivando as desigualdades sociais, redefinindo modelos de trabalho e de produção.
Neste contexto, importante analisar um documentário, realizado por um jornalista dinamarquês, Miki Mistrati, intitulado por “O lado negro do Chocolate”, o qual instigado por boatos, decidiu investigar sobre a indústria do chocolate, bem como a mão de obra para produção de sua matéria prima, o cacau.
Apesar das propagandas, de ser tão consumido mundialmente, tal documentário reflete o pior paladar que o chocolate desenvolveu em regiões da África, especificamente na Costa do Marfim. O que se constatou foi o trabalho e o tráfico infantil, tudo em função da produtividade hegemônica chocólatra.
No documentário, há uma breve entrevista com um dos vendedores de matéria prima para as grandes empresas de chocolate como a Nestlé (por exemplo), e também de um representante do governo. São incisivos, de que não há crianças sendo traficadas, tampouco trabalhando naquelas regiões de plantações cacaueiras.
O jornalismo investigativo é insistente, e assim Miki Mistrati, decidiu visitar fazendas de cacaus pessoalmente. Com uma câmera oculta é possível verificar crianças vivendo em condições sub-humanas, retratando uma vida penosa, árdua, de crianças amedrontadas que são forçados a colher e grandes produções de cacau, tudo, para garantir a sua sobrevivência.
Tal pratica, conforme as leis nacionais, e internacionais, é ilegal. Segundo um site de notícia, em 2001 o governo dos EUA formulou o Protocolo Harkin-Engel, ou o Protocolo do Cacau, um acordo internacional que visava acabar com "as piores formas de trabalho infantil" e o trabalho forçado, de acordo com as convenções da Organização Internacional do Trabalho (http://www.tatianelira.com/2015/03/chocolate-com-gosto-amargo-de.html). Na ocasião, assinaram o acordo os grupos envolvidos no escândalo: Guittard, Mars, World’s Finest Chocolate, Archer Daniels Midland Company, Nestlé US, Blommer Chocolate, Hershey Food Corporation e Barry Callebaut.
Como observamos através do documentário, realizado no ano de 2010, o acordo não saiu do papel. E, ao que pareceu, as autoridades permanecem inertes, vendadas ao problema. As empresas signatárias do protocolo também, pois o lucro certamente é o objetivo primordial de multinacionais, pouco importando a origem, a raiz, do produto industrializado.
Ao assistir o documentário refleti certamente nas palavras do Bispo Pedro Casaldáliga, que assim entoou “o lucro, em todos os tempos e em todos os povos, quando se constitui em critério e justificativa, se alimenta sempre de sangue humano. A escravidão é uma decorrência da insaciável e inescrupulosa hegemonia do lucro. Ontem e hoje. Na escravidão clássica, na escravidão africana, nesta atual diluída escravidão, que pode ser o trabalho infantil degradante, ou as maquiladoras nos porões das cidades, ou a peonagem flutuante nas fazendas latifundiárias. Comprar, vender, roubar vidas humanas é um comércio conatural para quem faz da ganância razão da própria vida desumana. (Pedro Casaldáliga, Bispo em São Félix do Araguaia, Mato Grosso – MT, 2003).
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