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Análise do filme - O Mercador de Veneza

Por:   •  18/2/2018  •  Pesquisas Acadêmicas  •  3.779 Palavras (16 Páginas)  •  1.235 Visualizações

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Introdução

O presente trabalho tem como objetivo a análise crítica do filme “O Mercador de Veneza”, relacionando com as disciplinas ministradas no 2º semestre do curso de direito. São elas: Comunicação e Expressão, História do Direito e Direitos Humanos, Direito Civil, Direito Penal, Ciências Políticas, Ciências Sociais e Direitos Fundamentais.

Primeiro apresentamos um breve resumo, destacando as partes do filme que serão discutidas ao longo do trabalho. Em seguida há uma análise da linguagem da obra, relacionando com a disciplina de Comunicação e Expressão. Logo depois há um breve contexto histórico, no qual se observa principalmente o direito na época, o ordenamento jurídico e o poder do estado, que está inserido na disciplina História do Direito e Direitos Humanos.

Um ponto forte discutido do filme, abrangendo a disciplina de Direito Civil foi a questão do contrato, sobre a liberdade de contratar, sobre a validade do contrato apresentado no filme, e ainda uma análise de como atualmente seria encarada a situação apresentada no filme.

Análise crítica do Filme: O Mercador de Veneza.

Título Original: The Merchandt of Venice.

Gênero: Drama. Lançamento (EUA): 2004.

Direção: Michael Radford, baseado em peça teatral de William Shakespeare

Resumo

O filme se passa em Veneza, no século XVI. Conta a história de um jovem cristão apaixonado, chamado Bassânio, que precisa de um empréstimo para poder ir até Belmonte, no continente e se casar com Porcia. A trama toda acontece em torno deste empréstimo.  

Seu amigo Antonio, um mercador, concorda em lhe emprestar o capital necessário, porém toda a sua fortuna está investida numa frota de navios mercantes que navegam em águas estrangeiras.  Então, para ajudar o amigo, ele faz um empréstimo com Shylock, um mercenário judeu que concorda em emprestar o dinheiro desde que Antonio empenhe uma libra de sua própria carne como garantia. Ou seja, Antonio teria o prazo de 3 meses para liquidar a dívida, caso o contrário o judeu poderia arrancar 1 libra de sua carne, onde escolhesse.

Antonio concorda e sela o contrato com o judeu Shylock. Porém, após o casamento de Bassânio e Porcia, Antonio recebe a notícia de que os barcos naufragaram e perde todo seu dinheiro.

Diante disso não consegue a quantia de 3 mil ducados para pagar o judeu e vai a julgamento.

Bassânio é informado da situação do amigo e volta para Veneza levando 6 mil ducados, o dobro da dívida, concedidos por sua esposa. Quando chega para o julgamento, oferece tal quantia para o judeu, porém ele a recusa, pois prefere a carne de Antônio para se sentir vingado de uma ofensa que este lhe havia feito.  Antônio há algum tempo havia humilhado o judeu, como de costume na época, deste modo, Shylock, movido pelo ódio, requer a execução da penalidade, invocando a lei de Veneza, exigindo que ela seja estritamente observada e, portanto, que seu direito à libra de carne seja garantido, pois, o contrário representaria a ruína do próprio direito.

Então entra em cena Pórcia, vestida de homem, e passa a atuar como juiz da causa, mostrando grande saber jurídico. Primeiro tenta convencer Shylock a ter clemência por Antonio, não executar a penalidade do acordo e aceitar o dinheiro. Não convencido, o judeu não aceita a proposta. O juiz então concede a ele o direito de tirar a carne de Antonio, perto do coração. Quanto Shylock está prestes realizar o ato, o juiz (Porcia) pede para ele esperar e explica que o trato não lhe dá direito a uma só gota de sangue e que se ele derramasse uma gota que seja suas terras seriam confiscadas pelo governo, segundo as leis de Veneza. Além disso, declara que pelas leis de Veneza, se for provado que um forasteiro tentou direta ou indiretamente tirar a vida de qualquer cidadão, como é o caso, a pessoa contra a qual conspirou deve receber metade de seus bens e a outra metade vai para os cofres do Estado e a vida do ofensor fica apenas a mercê do doge. Este lhe poupa a vida, e Antonio, para provar sua clemência, poupa metade do confisco dos bens do judeu e declara-se depositário da outra metade para, quando o judeu morrer, entregar ao cristão que fugiu com sua filha. Para tanto, impõe ao judeu a condição de que se torne imediatamente cristão. O judeu, a contragosto, demonstrando muito sofrimento, aceita.

Depois do julgamento Antonio e Bassânio viajam para o Belmont para a casa da esposa de Bassânio, onde Portia confessa ser o juiz e tudo é esclarecido.

Comunicação e Expressão

A obra “O Mercador de Veneza” foi escrita por William Shakespeare em formato de peça teatral. Posteriormente ganhou vida no cinema, com o filme em questão.

Pode-se perceber grande eloquência nas palavras pronunciadas pelos personagens, todos os diálogos lembram poesia, remetem à imagem, aos sons verbais. Um bom exemplo é cena em que Shylock defende seu povo, e compara-os aos cristãos, com palavras tão fortes e marcantes que faz o telespectador parar pra pensar a respeito. O discurso chama a atenção, não só pela eloquência como pelo conjunto de palavras e a carga dramática das mesmas. Segue abaixo:

“...Um judeu não tem olhos? Um judeu não tem mãos? Orgãos, dimensões?

Sentidos, emoções, paixões? Não come as mesmas comidas?

As mesmas armas não o ferem? Não contrai as mesmas doenças?

Não o curam os mesmos remédios? Não os aquecem e esfriam os mesmos

Verões e invernos dos cristãos? Se nos ferem, não sangramos?

Se nos fazem cócegas, não rimos? Se nos envenenam não morremos?...”

O filme é marcado pela rivalidade entre os dois povos, por isso não há harmonia entre os personagens e isso se reflete em seus diálogos e gestos. A atuação também influencia muito na comunicação, pois cada pausa é importante para se evidenciar a carga dramática. Como no discurso argumentativo feito por Pórcia na hora do julgamento. O discurso é marcado por pausas, olhares, o tempo da fala é muito importante para a compreensão dos ali presentes, Porcia quer ter certeza da escolha de Shylock antes de dar a ultima cartada. E é apenas no momento final que seu discurso ganha força, flui perfeitamente deixando a sensação de que tudo já havia sido premeditado por ela, e que ela só estava esperando o momento certo para falar. O que se percebe não é só uma atenção especial ao significado das palavras, mas com o som, com a forma com que é falado, tudo formando um conjunto para despertar a emoção, o interesse e o posicionamento do telespectador, Shakespeare não deixa espaço para omissão, convida cada um a participar da trama.

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