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CASO DOS EXPLORADORES DE CAVERNA

Por:   •  4/5/2016  •  Trabalho acadêmico  •  3.541 Palavras (15 Páginas)  •  332 Visualizações

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA _____ DA COMARCA DE ______

No ano 4300 na comarca de Newgarth chegou ao conhecimento desta corte o homicídio culposo qualificado por motivo fútil com emprego de tortura motivado por traição conforme art12 par.2° incisos II, III, IV e V do Código Penal. Em que os réus, três membros da Sociedade Espeleológica, foram os autores do crime em que na ocasião os réus não apenas tiraram a vida da vítima, mas como também se alimentaram dela como se fosse carne bovina para consumo humano.

O caso trata-se de uma expedição a uma caverna de rocha calcária localizada no Planalto Central desta comarca, organizada pelos membros da Sociedade Espeleológica cujo os membros são amadores e praticantes de espeleologia (atividade de exploração de cavernas), os réus e a vítima eram amigos em comum. Onde tinham a atividade de exploração como uma distração e forma de interação entre eles. A vítima: Roger Whetmore e seus amigos exploraram o interior dessa caverna e bem distantes da entrada - consequentemente saída da caverna, ocorreu um desmoronamento de terra, blocos de rocha calcária projetados de maneira a bloquear o único acesso. Quando a vítima e os réus tomaram ciência da situação inacessível em que se encontravam, concentraram-se próximo a entrada obstruída. Na esperança de que outros membros da Sociedade Espeleológica acionassem a equipe de socorro para que removesse o entulho que obstruía a única passagem de saída da caverna e os livrassem do cárcere subterrâneo.

Não havendo o retorno dos réus e da vítima, à sede da Sociedade e às suas residências. O secretário da Sociedade Espeleológica foi notificado pelas famílias dos acusados, sendo que o colaborador que estava na sede no dia da expedição havia sido informado onde realizaria a expedição e estava de posse das coordenadas geográficas da caverna, quantos membros da expedição iriam, quem eram os participantes, os equipamentos que os membros carregavam, a quantidade de insumos e alimentos que a equipe consumiria durante a expedição - sendo escassa. Condições de clima, tempo e relevo são informações cruciais para esta Sociedade. Apesar do estabelecimento ter como membros pessoas amadoras em exploração e simpatizantes da prática, julga-se que tais praticantes da modalidade tenham consigo esse conhecimento básico de expedição em condições instáveis. Afinal, se a vítima Whetmore junto com os réus partilhavam de gosto em comum, cremos também que partilhavam de informações sobre espeleologia entre si.

A missão revelou-se extremamente difícil. Fora necessário suplementar as forças de resgate - mediante acréscimo de homens e máquinas, que tinham que ser transportados para a remota e isolada região, que demandou gastos altíssimos. Um enorme campo de trabalho temporário de diversos ramos: engenheiros, geólogos e técnicos em outras áreas foi instalado. O resgate foi diversas vezes frustrado por conta dos novos desmoronamentos de terra, em um destes eventos 10 (dez) vidas foram ceifadas. Os recursos financeiros da Sociedade Espeleológica esgotaram-se rapidamente e a soma de FR$ 800.000,00 (oitocentos mil frelares), obtidas parte por doação de populares e parte da Sociedade foi gasta antes que os homens pudessem ser libertados, o que só se conseguiu no trigésimo segundo dia após a sua entrada na caverna.

Logo após o desmoronamento, soube-se que a vítima e os réus levaram consigo escassas provisões e que dentro da caverna não havia alimentos de origem animal ou vegetal para a subsistência. Os envolvidos (a equipe de resgate e a sociedade) temiam que os quatro morressem de inanição antes mesmo que fosse aberto o acesso ao ponto em que se achavam. No vigésimo dia de enxovia a partir da ocorrência do desmoronamento, soube-se que os exploradores levaram consigo um rádio transistorizado capaz de receber e enviar mensagens. Do outro lado, no acampamento da equipe de resgate, prontamente instalou-se um aparelho semelhante, estabelecendo assim a comunicação com os réus e a vítima. A primeira mensagem trocada pelos reclusos e a equipe era para perguntar quanto tempo seria necessário para liberta-los. Os engenheiros responsáveis pela operação de resgate responderam que precisavam de menos de 10 (dez) dias sob a condição de que não houvesse novos deslizamentos. Os exploradores então perguntaram se havia algum médico no acampamento, tendo sido postos em comunicação com a equipe o qual descreveram as condições e as rações que dispunham, solicitaram uma opinião acerca da probabilidade de subsistirem sem alimento por mais 10 (dez) dias. O presidente da comissão respondeu-lhes que havia escassa possibilidade de sobrevivência por esse período de tempo. Durante 8 (oito) horas o rádio da caverna ficou em silencio.

Quando reestabeleceram a comunicação os exploradores pediram para falar novamente com a equipe médica. Roger Whetmore falando em seu próprio nome e em representação dos demais, indagou se eles seriam capazes de sobreviver por mais 10 (dez) dias se alimentassem com a carne de um dentre eles. O presidente da comissão, a contragosto, respondeu em sentido afirmativo. Continuando o questionamento, a vítima inquiriu se seria aconselhável que tirassem a sorte para determinar qual dentre eles deveria ser sacrificado. Nenhum dos médicos da equipe atreveu-se a enfrentar a questão, pois não só como o presidente da comissão médica como também os membros da equipe, sabiam que não haveria outra alternativa de subsistência dentro da caverna. Além disso, sabiam também que qualquer ser humano, mesmo enfrentando caso gravíssimo de falta de alimento sobreviveria tempo suficiente para ver o acesso da caverna ser obstruído e assim conquistar a liberdade que lhes fora tomada.

Diversos artigos médicos que encontramos na Rede Mundial de Computadores afirmam que sim, é possível sobreviver pelo período de 32 dias ou mais sem ingerir um alimento, apenas sobrevivendo de água. Neste caso, por conta das chuvas e constantes desmoronamentos, não faltaram dentro da caverna, por ser um local úmido e frio, propicio para infiltrações de água (estalactites e estalagmites), crescimento de musgos e gramíneas além de outras formas de vida e alimentos sobre os quais desconhecemos, mas que a vida animal ensina a como sobreviver, e nada mais flexível do que a capacidade humana de sobreviver.

Whetmore inquiriu mais uma vez se havia algum juiz ou outra autoridade governamental que se dispusesse a responder à pergunta - nenhuma das pessoas integrantes da missão de salvamento mostrou-se disposta a assumir o papel de conselheiro neste assunto. Mais uma vez, a vítima tornou a perguntar se haveria algum sacerdote para lhes responder ao questionamento, mas não encontrou quem pudesse fazê-lo, depois disto as mensagens de dentro da caverna, supondo-se (erroneamente depois como se evidenciou) que as pilhas do rádio dos exploradores tinham se descarregado. Quando os homens foram finalmente libertados soube-se que no trigésimo terceiro dia após a entrada na caverna, Roger Whetmore havia sido morto e servido como alimentos aos réus.

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