Os Tenazes da Tortura

Os tenazes da tortura: A tortura pode ser desde a privação da liberdade a agressões físicas e psicológicas. Causa danos psicológicos que necessitam ser curados através de processos de estabilização emocional. No caso de a mulher sofrer tortura, ela é comparada a uma “coisa” que serve para descarregar frustrações, raiva, rancores, falta de valores e insegurança. É diferenciada da violência “habitual”, pois a vítima não revida e aceita as agressões, se mantendo sob o domínio do agressor (página 259 – 261 Texto Um olhar sobre o delinquente).

Relatos perturbadores: Roberto de Figueiredo Caldas, juiz, membro da Comissão para Erradicação do Trabalho Escravo e um dos fundadores da Comissão Nacional de Direitos Sociais da Ordem dos Advogados do Brasil, é acusado e investigado de injuria, agressão, espancamento, ameaças de morte e assédio sexual. Sua ex esposa Michella Marys afirma que seu ex companheiro é uma pessoa desequilibrada, violenta e que sofreu inúmeras e extremas humilhações. Conta que após ser humilhada com palavras de baixo calão como “vagabunda, ordinária” e ter levado uma surra de Caldas, decidiu dar fim ao sofrimento, onde vivia calada e com a crença de que era culpada. Em depoimento, Michella conta que tudo começou em 2007, quando Caldas a proibia de comer o que gostava e começou com empurrões e puxões de cabelo, dois anos após isso, ao atrair olhares durante um jantar, provocou a ira de seu ex companheiro, que a espancou. Foi agredida durante suas gestações, e “pequenas coisas” aconteciam em sua rotina, como Caldas cuspir em seu rosto e dizer que sentia nojo dela. A estudante de direito tinha medo e aceitava a situação, se achava um lixo, gorda e durante as brigas era obrigada a dormir em um colchão no chão do closet do ex casal. O juiz dizia que estava fazendo um favor em ficar com ela, e a fazia se sentir culpada por toda situação. Conta ainda que descobriu três funcionárias que sofreram assédio sexual de Caldas, fazendo com que uma delas entrasse em quadro depressivo. No final da entrevista, conta que passou por situações como estar em uma plateia cheia de hematomas enquanto seu marido (na época) palestrava sobre violência doméstica. Finaliza dizendo que o que mais a impediu de denuncia-lo era o medo de perder seus filhos, medo de ser desacreditada, pois afinal, ele é uma pessoa muito influência e poderosa.

Fonte: Revista Veja – Edição 2582, 16 de maio de 2018

O lar, seus condicionamentos e modelos podem ter influenciado Roberto Caldas, pois ali se criam as crenças, valores e fundamentos que irão refletir no comportamento futuro do indivíduo. Se os valores forem inadequados, podem resultar em inúmeros problemas causados pelo indivíduo futuramente. Podemos relacionar ao antigo pensamento em que o homem tinha o direito de fazer o que quisesse com sua esposa e ela teria o direito apenas de aceitar. Se uma criança presencia isso em casa, pode passar a se comportar dessa forma mais tarde (página 232).

Ainda que triste, o texto mostra que a mulher deve buscar por seus direitos. A educação e o desenvolvimento saudável são fundamentais para formar a sociedade mais justa. Dessa forma, é fundamental buscar o fim da violência doméstica. A punição adequada e justa deve ser aplicada a pessoa que comete tortura e agressão e, com a mesma importância se torna essencial

...