Paternidade socioafetiva

Os médicos são vistos por muitas pessoas como os detentores da arte de curar, algo que em alguns momentos da história já foi considerado paradoxalmente maligno e divino. Entretanto, após quase um ano vivenciando a rotina do curso, a medicina revela-se para mim como algo assustadoramente simples. Percebo que a verdadeira arte dos médicos é a arte de ajudar, e que, ajudar pessoas doentes significa muito mais que lhes oferecer conhecimento técnico a respeito de suas doenças. Significa oferecer-lhes humor, compaixão e amizade.

Foi pensando nisso que resolvi refletir, durante a realização deste portfólio, a espeito de uma situação que vivenciei durante um dos plantões da disciplina de primeiros socorros. Uma jovem senhora, me vendo de jaleco, se aproximou para perguntar se eu sabia que horário ela seria atendida. Neste momento expliquei que era apenas uma estudante e que não tinha pleno conhecimento do funcionamento do hospital. Todavia, mesmo percebendo que eu não teria condições técnicas de ajuda-la, aquela senhora começou um intenso desabafo sobre sua experiência de doença. Apesar do curto período de convivência, pude perceber que ela estava profundamente abalada e que tinha muitos medos, dúvidas e expectativas em relação a presente situação. Porém, mesmo tendo a capacidade de perceber os sentimentos da paciente, não soube como reagir ao relato e fiquei apenas concordando com o que ela falava. Portanto, não fui capaz de estabelecer uma comunicação satisfatória, que a deixasse confortável para expor o que estava sentindo, algo que provavelmente seria importante para sua melhora.

         Depois desta experiência fui tomada por uma enxurrada de emoções, dentre elas a vontade de melhorar minhas habilidades de comunicação, para assim poder ajudar de maneira mais concreta todas as pessoas que buscarem minha ajuda. A grande questão de invadiu meus pensamentos foi: O que eu poderia fazer para estabelecer um vínculo e deixar a paciente a vontade para expressar seus sentimentos?

Acredito que o primeiro passo para deixar a pessoa confortável para expor o que a esta afligindo seja demonstrar interesse pelo o que paciente esta relatando.

“As maneiras de demonstração de interesse pelo paciente: A maneira de escutar. Esta exige habilidades psicomotoras, tais como sinais faciais de acordo com o relato, olhar que mostra interesse, mudanças dinâmicas e sintônicas com as reações do paciente de alegria, solidariedade, tristeza etc. Durante a escuta, o profissional deve procurar manter um estado mental de serenidade, concentração e interesse genuíno pela outra pessoa. A maneira de falar também é muito importante. Sabe-se que é o indicador mais utilizado pelo paciente para saber se o profissional é ou não competente. É o modo como o profissional aparenta seu grau de segurança em relação às suas técnicas e conhecimentos. Os gestos mais associados à insegurança são: pôr as mãos sobre a boca, jogar o corpo bruscamente para trás, pigarrear, falar como se fizesse um ditado.”