Pedidos De Recuperação Judicial No Brasil: Uma Explicação Com Variáveis Econômicas

PEDIDOS DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL NO BRASIL: UMA EXPLICAÇÃO COM VARIÁVEIS ECONÔMICAS

SILVA, Vinicius Augusto Brunassi; SAMPAIO, Joelson Oliveira e NETTO, Humberto Gallucci. Pedidos de Recuperação Judicial no Brasil: Uma Explicação com Variáveis Econômicas. Rev. Bras. Finanças (Online), Rio de Janeiro, Vol. 16, No. 3 Sept. 2018, pp. 429–454

        Os autores levantaram o assunto, buscando as devidas fontes de estudo e dados estatísticos por meio de pesquisa em 131 planos de Recuperação Judicial, os quais foram analisados, para com isso se identificar quais os principais fatores que levavam as organizações e se depararem com a situação que necessita de auxílio da Recuperação Judicial para poder se manter viva no mercado.

        Destacaram a interferência causada pelas dificuldades financeiras e pelas variáveis econômicas que atingem significativamente a posição das organizações no mercado, onde as primeiras classificadas como financial distress, e segunda com economic distress, podem conduzir a empresa ao descontrole financeiro. O financial distress, classificado como as limitações encontrada para pagar seus credores corretamente, situações de baixa liquidez e excesso de endividamento. Já economic distress, diz respeito às barreiras encontradas pelas organizações em captar recursos para realizar esses pagamentos, como por exemplo taxas de juros elevadas pela situação econômica do país e do mundo, na disponibilidade de crédito e demais adversidades da economia.

        Relatam também que o porte das organizações interfere no impacto de forma diferente, devido existir disponibilidade de recursos de forma distinta à cada uma. Já o foco delas também é distinto onde umas se preocupam em âmbito majorado como câmbio e risco do negócio e outras com detalhes mais específicos como taxas de juros e prazos de pagamento.

        Os estudos demonstram que as justificativas para os pedidos de Recuperação Judicial, são na grande maioria o custo do capital elevado (as taxas de juros) seguido pela dificuldade de captação de crédito, crise econômico-financeira, câmbio, crescimento do país e outros. Mencionam que o aumento das taxas de juros pelos agentes financeiros é um dos fatores que leva a maior endividamento das empresas levando-as a situações de falência.

        Apresentam os resultados de que nas Regiões Sudeste, Centro-Oeste e Sul apresentam como principal justificativa de suas crises em seus planos de Recuperação Judicial o elevado custo de capital de giro, seguida pela dificuldade de captação de recursos por meios de empréstimos e financiamentos. Na região Nordeste, além destes, o câmbio e as crises com fatores fundamentais são as justificativas predominantes.

        Por fim, a conclusão que tiram é que pelas justificativas apresentadas nos planos de Recuperação Judicial, estão relacionados os fatores mais próximos como a dificuldade de captação de dinheiro em condições aceitáveis que serviria para pagamento de fornecedores e custos internos, como também os fatores econômicos, de que não se têm controle, que afetam diretamente a liquidez das organizações a tal ponto de levá-las à pedir Recuperação Judicial e na maioria das vezes levá-las a falência.