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RESENHA CRÍTICA: RELATOS SELVAGENS

Por:   •  27/11/2019  •  Resenha  •  1.289 Palavras (6 Páginas)  •  380 Visualizações

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ

PRÓ-REITORIA DE ENSINO E GRADUAÇÃO

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E APLICADAS

CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO

FILOSOFIA GERAL E JURÍDICA

PROF. DR. EDMILSON FERREIRA FONTINELE

5, NOVEMBRO,2019

                                                                              LUCAS EMANUEL DE SOUSA ARAÚJO

                         RESENHA CRÍTICA: RELATOS SELVAGENS

Relatos Selvagens. Gênero Drama/Thriller, Produção: Pedro

Almodóvar, Augustín Almodóvar e Hugo Sigman. Direção: Damián Szifron. Elenco:

Ricardo Darín, Oscar Martinez, Leonardo Sbaraglia, Rita Cortese e Julieta Zylberberg,

país de origem: Argentina,2014, duração: 122 minutos.

O filme Relatos Selvagens, subdivide-se em seis episódios sem nenhuma relação um com o outro, como o longa elege essa divisão sem vinculação, não temos um personagem central (protagonista), mas, mesmo tratando-se de eventos distintos, todos possuem um ponto em comum, apresentam a imprevisibilidade do ser humano ante circunstâncias de intenso choque emocional, transcorrendo de situações brutais à absurdas. Bem como apresentam teorias filosóficas de pensadores como Jean-Jacques Rousseau, Thomas Hobbes e José Ortega y Gasset.

A primeira situação, dá-se durante um voo, na qual ao passageiros descobrem conhecer uma pessoa em comum (Gabriel Pasternak), ademais, todos reconheciam ter uma experiência levemente traumática com Pasternak, haja vista o crítico musical que teceu duros comentários acerca do conteúdo apresentado por Pasternak em um concurso, à professora que lhe deu a notícia da reprovação no colegial e até mesmo a sua ex-namorada que o traiu com seu único amigo. Finalizando o primeiro cenário, descobrem que Gabriel Pasternak é o comissário de bordo do avião e está trancado na sala dos pilotos, quando inicia-se uma forte turbulência no voo levando todos a terem a certeza que aquele momento era a sua vingança pessoal com cada um, que de alguma forma levaram prejuízo à sua vida, inclusive seus pais, visto que a cena encerra com o avião prestes a desabar sobre seus progenitores. Inegavelmente, nesse roteiro, podemos observar, a teoria de Jean-Jacques Rousseau, na qual diz que o homem possui uma natureza boa, mas que é corrompida pelo processo civilizador.

Em outra situação do filme, a teoria de Jean-Jacques Rousseau apresenta-se novamente, diante da conjuntura que expõe a revolta de um engenheiro de explosivos com o sistema público burocrático do seu país, que teve seu carro rebocado diversas vezes, sendo obrigado a pagar multas e taxas abusivas, resultando em um impulso de violência, na qual o engenheiro explode seu próprio carro no pátio dos automóveis rebocados como uma forma de manifestação e insubordinação à seu sistema, tornando-se até, uma espécie de celebridade. Cabe ressaltar, que neste caso não temos somente o pensamento de Jean-Jacques Rousseau, mas também de José Ortega y Gasset, o principal expoente do perspectivismo, que aponta que o homem é o homem e a sua circunstância, visão na qual seria necessário levar em conta o que circunda o ser humano e analisar o que levou ele a executar determinadas ações, mostrando que a verdade não é relativa e sim a realidade.

Também temos o caso na qual dois indivíduos encontram-se numa estrada qualquer, e se desentendem não só por causa de uma ultrapassagem, mas pelo fato de um dos homens, fascinado com seu novo carro, zombar do carro modesto do outro sujeito. Isto posto, o que parecia impossível acontece, o pneu do carro novo fura, abrindo brecha para o outro ter sua vingança, criando um embate que ao findar-se acaba na morte dos dois sujeitos, fato interessante nesse acontecimento, é que os dois morrem abraçados, levando os investigadores a pensar na possibilidade de um crime passional. Em conclusão, torna-se de fácil percepção a doutrina da teoria de Thomas Hobbes, na qual espelha-se no Homo homini lupus (o homem é lobo do próprio homem), na interpretação do filosofo seria um estado de guerra de todos contra todos, descortinando o ser humano como um animal egoísta e interesseiro que vê o próximo como inimigo, como é minuciosamente realçado neste incidente.  

Outro segmento, acompanha o caso de uma garçonete que depara-se com o homem que arruinou sua vida, tirou sua moradia, por causa dele o pai da garçonete se matou e logo após o enterro, começou a assediar sua mãe. Ao contar isso para a cozinheira do estabelecimento, mulher que demonstra clara posição, pois coloca veneno de rato no pedido do homem, no intuito de leva-lo a “pagar” por seus pecados, mesmo sem o consentimento da pessoa que foi oprimida. Contudo, um jovem rapaz senta na mesa com o homem, filho dele, e também começa a comer a comida envenenada. A garçonete, que sabia do veneno e que não aprovara o ato da companheira tenta fazer com que o jovem não coma, mas a cozinheira explicita que o filho será igual ou pior que o pai (determinismo, modo no qual tudo tem uma causa anterior), comentário que não surte efeito e a faz com que a garçonete impeça mais ingestão do alimento.

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