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RESENHA SOBRE O MERCADOR DE VENEZA

Por:   •  2/11/2017  •  Resenha  •  824 Palavras (4 Páginas)  •  513 Visualizações

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RESENHA SOBRE O MERCADOR DE VENEZA

POR Júlio César da Silva

Graduando em Direito do 2º período da FACIG (Faculdade de Ciências Humanas e Sociais de Igarassu.

Odeio essa obra; e amo-a. Odeio-a porque ela é usada educativamente para exemplificar como se dá um julgamento secundum legem, justo e inteligente. Amo-a, porque ela nos permite estabelecer o quanto o nosso senso de - “justiça foi feita” - é extremamente ridículo, homicida e hipócrita.

A Pórcia (aquela riquinha de merda) não foi mulher o suficiente para se desprender da herança de seu pai para ser livre e ir-se para a liberdade de viver e de casar-se com quem quiser; mas submeteu-se à sorte de surgir um pretendente menos ruim que achasse a danada de sua foto dentro de um baú. Pobre riqueza desgraçada e escrava. Como, de uma pessoa inclinada à dominação patrimonial, poderia sair um julgamento justo e reparador? Ridícula, aquela exigência dela, sobre o não derramamento de sangue do corpo do mercador; só faltou ela dizer: “senhor Judeu, o senhor também não especificou aqui no contrato, se a libra de carne do corpo do mercador, seria retirada do corpo dele ainda em vida! Então, o senhor terá que esperar o dia de sua morte para retirar a libra de carne do corpo dele”. A interpretação da Pórcia, ofendeu o princípio da boa-fé e da razoabilidade: pois, como se espera cortar o corpo de alguém sem derramar sangue?

Diferentemente da nota de repúdio que dei para a “porca” da Pórcia; dou nota de louvor para Jéssica, que, apesar de colossais barreiras que a aprisionavam; mostrou honra, justiça e coragem para romper com os grilhões de sua tradição e, não deixou que o medo de “tudo dar errado” ou as ameaças, sufocassem o seu brado de ‘independência ou morte’. Se ela fosse a advogada do processo, ao invés da Pórcia, haveria justiça naquele caso concreto, de forma a promover mudanças no comportamento social, a ponto de se reduzir, tonelasticamente, demandas semelhantes no judiciário italiano; não obstante seu pai ser parte no feito.

O poder judiciário produziu uma sentença degradante que manteve no seio da social, a perpetuação dos mesmos problemas que levaram o judeu a optar pela pena de morte do mercador; desprezando a oferta do pagamento da dívida em pecúnia, ainda que triplicada. Por detrás da vingança do judeu estava seus princípios de honra e de dignidade que eram inegociáveis; porém, a nossa justiça busca afastar-se desses princípios, a ponto de admitir a anátema figura da fiança, onde se negocia a ofensa por dinheiro. Tenho dificuldades para imaginar outra coisa mais asquerosa, praticada pelo Estado e tolerada pelas pessoas, do que essa. Resultado: O judeu, o mais injustiçado na história, saiu como errado no final. A justiça é especialista nisso.

Caso o judiciário tivesse compromisso com a justiça, buscar-se-ia ouvir o Judeu para saber-se os motivos que o levaram a preferir a morte do mercador ao invés do pagamento da dívida com juros. Tudo que o judeu queria era a cessação do racismo contra o seu povo; ele queria andar pelas ruas e ser respeitado; ele queria ver a sua crença respeitada; os seus negócios

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