Resenha: Capitalismo globalizado e recursos territoriais: fronteiras da acumulação no Brasil contemporâneo
Por: Tamyris Rocha • 28/12/2017 • Resenha • 975 Palavras (4 Páginas) • 690 Visualizações
RESENHA
ALMEIDA, A. W. B. et al. Capitalismo globalizado e recursos territoriais: fronteiras da acumulação no Brasil contemporâneo. Rio de Janeiro: Lamparina, 2010.
Por Tamyris Cristiny Souza Rocha
Mestranda em Direitos Humanos e Fronteiras na Universidade Federal da Grande Dourados.
Email: tamyris_rocha@hotmail.com
O livro “Capitalismo globalizado e recursos territoriais: fronteiras da acumulação no Brasil contemporâneo” lançado em 2010 pela Editora Lamparina, do Rio de Janeiro, é uma reunião de diversos textos de pesquisadores entre participantes de laboratórios de pesquisa e outros independentes.
A obra tem como objeto principal às opções estratégicas de desenvolvimento contemporâneo do país. Formatado por pesquisadores, com grande capacidade para uma analise e argumentação sobre o desenvolvimento capitalista no Brasil, apoiados especialmente na tradição da economia política marxista.
O livro desenvolve-se em nove temas que vão desde o amparo teórico necessário e permanente da crítica ao capital, até os novos desafios políticos colocados à sociedade pelas frentes de expansão do capital e os conflitos pelo território.
Sem qualquer intenção de forçar uma unicidade e igualdade de pensamento quanto às questões, os textos têm como principal intenção propor uma multiplicidade aberta e crítica de subsídios à reflexão interferente sobre o atual processo de capitalista onde os recursos territoriais estão em jogo.
Contudo, impõe uma reflexão sobre como a nova forma assumida pelo processo de acumulação de capital, faz nascer a necessidade de uma importante retomada do papel regulador do Estado, onde haja a compensação da materialização do poder dos interesses do capital privado sobre o território, com a exigência da criação de novas bases sociais que moverão a ação reguladora do Estado.
Ainda que pautado na interdisciplinaridade quatro pontos importante se apresentam como contornos da obra. O primeiro, que considerada entre a “arena internacional e as ações no terreno” é a geopolítica. O segundo, a fronteira, para a qual é conferido papel fundamental na competição e acumulação de capital, principalmente no que tange a geração de valor ao longo de cadeias de commodities. O terceiro, o território, utilizado para fundamentar a discussão e, por ultimo, os recursos territoriais que seriam o objeto de apropriação dos atores hegemônicos.
Nesta senda, o livro traz uma série de indagações, que servem para instigar maiores estudos, como por exemplo: O que seria o capitalismo globalizado? O que representam os recursos territoriais?
Levanta ainda a inquietações de como se pensar os recursos sem a necessária imbricação com território. Existem tensões e conflitos que podem surgir ou serem pioradas pela divisão internacional do trabalho? Que tipo de conhecimento está sendo mobilizado/ desmobilizado que poderia assegurar condições de sustentabilidade em horizonte temporal de mais longo prazo? Que institucionalidades seriam possíveis nesse horizonte?
Dialogando com o contexto da obra a posição de Lacoste (2001), recupera-se a ideia da geopolítica como estudo das manifestações de rivalidades entre forças que atuam no interior de um ou mais territórios, e não apenas os conflitos, tensões e disputas entre Estados. O autor (LACOSTE, 2003) entende que os territórios zonas de influencia que são disputados por meio e forças diversas não são abstratos, e formam conjuntos geográficos onde as disputas e heranças históricas se manifestam, onde as vias de circulação se cruzam.
Assim, não se privilegia apenas as disputas entre Estados, mas também as disputas entre territórios de pequenas dimensões onde diversas forças arriscam impor-se em verdadeiras manifestações de relações de poder e domínio que se expressam.
Nem todos os autores optaram por desenvolver a análise tendo como preocupação o jogo de interesses e poder que fazem emergir novas territorialidades, todavia, a obra nos faz pensar muito além de suas linhas, trazendo reflexões profundas sobre a divisão do capital na atualidade.
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