Resenha Crítica do Documentário: “O silêncio dos homens”
Por: Stelito Marcelo Jorge • 16/4/2023 • Trabalho acadêmico • 1.491 Palavras (6 Páginas) • 349 Visualizações
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Aluno: Stelito Marcelo B. Jorge
Resenha crítica do documentário: “O silêncio dos homens”
JUAZEIRO 2023
Introdução
O documentário o Silêncio dos Homens discute a masculinidade tóxica
imposta aos homens desde a infância até a vida adulta e as consequências
causadas pela opressão emocional que os silenciam. O documentário foi
lançado em 2019 e disponibilizado no Youtube, iniciativa do Papo de Homem,
uma plataforma constituída por conteúdos críticos sobre diversos temas e
masculinidade. O filme é um projeto que ouviu mais de 40 mil pessoas, de
diferentes idades, gênero, classe social, etnia, para ouvir suas opiniões a
respeito de formas de masculinidades, transformando-se nesse documentário e
livro-ferramenta, fundamentado nesse estudo com dados públicos por meio de
um convênio com o Consórcio de Informações Sociais da Universidade de São
Paulo (USP). O documentário exibiu diversos temas relacionados aos
desdobramentos de masculinidade e a repercussão negativa causada por
conceitos e crenças equivocadas do papel de homem na sociedade, que se
reflete no racismo, a desigualdade de gênero, a prática equivocada da
paternidade, a violência, os sentimentos reprimidos que acabam silenciando e
provocando um adoecimento na saúde mental dos homens, acarretando
consequências ruins para a sociedade. O presente artigo visa apresentar alguns
desses temas e promover a discussão e reflexão de masculinidade, focando na
relação entre masculinidade tóxica e formas de violência, correlacionando com
a matéria de psicologia jurídica estudadas durantes as aulas, sob a luz da
abordagem sistêmica.
A masculinidade é definida pelo conjunto dos atributos de
comportamentos, emoções, sexualidade, estética, modo de ser e se relacionar
do gênero masculino. O termo masculinidade tóxico se refere a uma série de
estereótipos e ideias repressivas limitantes incutidas nesses atributos ao que
significa ser homem. Essa masculinidade estigmatizada, sugere que homens de
verdade não demonstram sentimentos de fraqueza, não choram, são fortes e
violentos. Assim sendo, o documentário nos convida a uma reflexão do que é
ser homem na contemporaneidade e os desdobramentos na sociedade.
Desenvolvimento
“Para ser macho tem que ser viril, tem que ser competidor”. “O homem
sai para trabalhar, traz o sustento da casa e a mulher fica em casa lavando louça
cuidando dos filhos, limpando a casa”. Deu s mandou... Deus disse que homem
são assim, mulher é isso, que família é assim. Ou você está fazendo a vontade de
Deus ou você está no pecado”. Essas são algumas falas dos homens
participantes no documentário exemplificando as crenças limitantes inseridas na
sociedade, sobre o que acreditam ser homem. Percebe-se que essas crenças
são passadas de geração em geração refletindo em consequências negativas
na sociedade, sobretudo nos próprios homens.
Segundo um dos especialistas participantes do documentário, o psicólogo
e pesquisador em masculinidades Eduardo Chakora (2019):
“Os homens desde pequenos forjaram uma
identidade masculina baseada na força, na não
sensibilidade, é como se a parte emocional e afetiva não
pudessem vir à tona e isso cria uma camisa de força dentro
do universo masculino, como se os homens crescessem
com suas emoções trancafiadas, isso pra mim explica
muito porque os homens têm que competir o tempo inteiro,
ou colocar sua vida em risco o tempo todo... para provar
que é homem”.
Segundos o estudo mostrado no filme, a maioria dos homens afirmam ter
o pai como a maior referência de masculinidade, mas só 1 em cada 10 homens
já conversou com o pai sobre o que significa ser homem. Nessa pesquisa foi
identificado o quanto os homens concordam em terem sido ensinados cada uma
das crenças a seguir durante a infância e adolescência: Ser bem-sucedido
profissional mente 85%, não se comportar de modos que pareçam femininos
78%, ser fisicamente fortes 73%, ser o responsável pelo sustento financeiro da
família 67%, não expressar minhas emoções 60%, dar em cima das mulheres
sempre que possível 48 %, e somente 2 em cada 10 homens dizem ter tido
exemplos práticos de como lidar com suas emoções.
Isso é um dado alarmante, pois se o referencial de masculinidade desses
homens é o pai e não há uma instrução saudável de diálogo entre ambos, os
padrões de comportamentos desses pais se forem violentos, muitos filhos
podem acabar repetindo essas condutas. Haja vista que muitos estudos
comprovam que o comportamento violento pode ser passado pela própria família, principalmente em linha direta de pai para filho. Outro dado alarmante, é o fato de homens não saberem lidar com suas emoções, isso provoca um silenciamento no sentido amplo da palavra, pois não compartilhando suas emoções tidas pela sociedade como fragilidades, acarreta num aprisionamento de sentimentos mal resolvidos, podendo projetar comportamentos violentos na tentativa de gerenciar sua dor.
Segundo o psicólogo Leonardo Piamonte (2019), há uma relação nas
dores que o homem sente e nas dores que ele provoca, muitos crimes são
relacionados a masculinidade, como os crimes de honra, os estupros, 71 % dos
feminicídios são causados por homens, sendo seus ex-companheiros ou atuais.
Segundo ele, dores provocadas por uma compreensão errada do que é ser homem.
No discurso do participante do filme Bruno Cabral, palestrante de combate
a violência de gênero e ao uso de drogas, pode-se perceber que: A violência
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