RESENHA DO CAPÍTULO III DO LIVRO VIGIAR E PUNIR: NASCIMENTO DA PRISÃO DE MICHEL FOUCAULT
Por: ENIOMACEDO • 17/11/2017 • Trabalho acadêmico • 857 Palavras (4 Páginas) • 4.351 Visualizações
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO DO SUL
CAMPUS DO PANTANAL-CPAN
CURSO DE PSICOLOGIA
ACADÊMICO: ENIO MACEDO
DISCIPLINA: ANÁLISE INSTITUCIONAL
RESENHA DO CAPÍTULO III DO LIVRO VIGIAR E PUNIR: NASCIMENTO DA PRISÃO DE MICHEL FOUCAULT
O livro vigiar e punir o autor Michel Foucault, vem fazendo uma análise a cerca do surgimento das prisões com objetivo de caracterizar a chamada “sociedade disciplinar”. No capítulo 3 em que Foucault apresenta o conceito do panoptismo, é possível perceber que as agências de poder se iniciaram com o objetivo de segregar os leprosos através de medidas higienizadoras, bem como a inclusão dos pestíferos, por meio do policiamento tático.
É característico desse sistema de poder a vigilância por meio de registros contínuos, desta maneira, médicos, policiais, síndicos e o próprio prefeito eram responsáveis, cada um em sua função, por fiscalizar e notificar a população geral. Com essa fiscalização através de registros, era possível classificar as pessoas, considerando suas doenças e com sua morte.
Essas medidas de poder, da exclusão do leproso e do encarceramento do pestilento trazem uma visão utópica de pureza e disciplina, sendo que, a sociedade seria purificada pelo exilio do leproso e disciplinar pela inclusão do pestífero. É importante ressaltar que os leprosos reais, eram os mendigos, loucos, vagabundos e violentos e no século XIX eram aplicadas técnicas de enquadramento disciplinar. Os portadores de lepra eram segregados e individualizados por meio da disciplina.
Este poder tríplice é analisado por Foucault nas relações sociais contemporâneas, em que os indivíduos são dominados por um poder que vigia, controla e corrige. Esses meios de vigilância, por sua vez, são exercidos individualmente, no entanto, acontecem por uma ação controladora que é desenvolvida pela esfera do poder, aqueles que não seguem as regras são então punidos, pelos mecanismos de correção.
O Panóptico de Bentham é a reprodução arquitetônica desse esquema de poder, se trata de um edifício em forma de anel, com pequenas celas, em que os indivíduos eram observados por um vigilante que se localizava ao centro do panóptico, nele era possível de se visualizar todas as ações dos indivíduos, e todos sabiam que estavam sendo vigiados. Todas as ações eram controladas por meio desta vigilância, porém, o autocontrole do indivíduo também era uma forma de vigiar. O indivíduo se controlava, tendo ou não um vigilante no centro do panóptico, pois não era possível saber quando havia ou não o vigilante. Desta maneira, aqueles que ali estavam, assumiam um poder de autovigilância, por meio de uma domesticação consciente. “O panóptico é uma máquina maravilhosa e a partir dos desejos mais diversos, fabrica efeitos homogêneos de poder” (FOUCAULT, 1987) .
O panopitismo coloca em funcionamento um modelo de disciplina diferente daquele que se baseia na instituição fechada, destinada a marginalização e à suspenção do tempo e do diálogo (disciplina-bloco), a disciplina-mecanismo torna o poder mais ágio, com mais eficácia em suas intervenções que acontece de maneira mais sutil. “ O panoptismo é o princípio geral de uma nova ‘anatomia política’ cujo objeto e fim não são as relações de soberania mas as relações de disciplina” (FOUCAULT, 1987)
A generalização do controle panóptico fez com que os indivíduos e organizações se mantivessem sob um controle que muitas das vezes se apresenta de maneira invisível. As instituições disciplinares se estenderam com objetivos de manter uma sociedade pacífica contendo os bardeneiros, e aqueles que tinham uma visão diferente do poder central, através do controle militar, e a modelação de comportamento e aumento de aptidões que eram controladas pelos estabelecimentos escolares que além de controlarem os alunos também controlavam seus pais e familiares, a religião que também é uma agência de controle muito presente ainda hoje em sociedade, os hospitais, que controlam seus pacientes, as organizações de trabalho que apresentam regras que controlam seus funcionários, enfim, várias são as agências de controle que se originaram no modelo panóptico. Desta maneira o objetivo principal do panóptico é atingido, pois com essas agencias de controle em que a qualquer momento, ou a todo o momento podemos estar sendo vigiados, fazendo com que evitemos os atos que são passíveis de punição.
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