TEXTO CRÍTICO ACERCA RESPONSABILIDADE DO ESTADO NA FALHA DA RESSOCIALIZAÇÃO CARCERÁRIA
Por: Larissa Karine Gê Costa • 11/6/2019 • Trabalho acadêmico • 629 Palavras (3 Páginas) • 178 Visualizações
TEXTO CRÍTICO ACERCA RESPONSABILIDADE DO ESTADO NA FALHA DA RESSOCIALIZAÇÃO CARCERÁRIA
LARISSA KARINE GÊ COSTA
Após anos de um cenário onde o encarceramento de presos no Brasil só tendeu ao crescimento sem, no entanto, qualquer meio de melhoria na qualidade de suas penitenciárias, ou a redução da criminalização mesmo após a aplicabilidade de suas penas, fica o questionamento: o sistema penitenciário brasileiro realmente adota a ressocialização de seus presos ou apenas prende? Onde está a falha do sistema penal falido em que nos encontramos?
Como bem elucida o texto “A negligência do neoliberal e o mito da ressocialização” (Carta Capital, 2019) que trata de uma entrevista com o professor do Departamento de Estudos da Justiça Estadual de San José, Alessandro De Giorgi, traz as dimensões do encarceramento em massa, a reentrada de prisioneiros e quais são as principais dificuldades enfrentadas no processo de ressocialização em comunidades racialmente segregadas.
Neste sentido, trazendo as suas constatações, pode-se observar que ao longo dos anos, após diferentes governos que passaram pelo sistema político brasileiro, nenhum deles propuseram soluções estruturais para as duradouras desigualdades raciais e de classes que assolam o Brasil, não provocando também nenhuma mudança em sua estrutura econômica. E as consequências dessa desorganização estrutural que ainda nos encontramos, mesmo após décadas, refletem diretamente no sistema carcerário brasileiro e no mito da ressocialização.
Isto porque, as desigualdades sociais e a segregação racial provocam uma criminalização em massa daqueles que não conseguem obter as mesmas facilidades e acesso aos direitos da minoria classe dominante. A ausência de educação, trabalho, saúde, segurança, alimentação e outros inúmeros direitos mínimos para garantir uma vida digna a todo e qualquer ser humano, aflige a grande maioria, sendo esta, a realidade no cotidiano daqueles que vivem nas periferias brasileiras.
É essa desigualdade social e a má distribuição econômica em que vive o país, que dá o impulso ao início da criminalização em massa dos excluídos, que passam a serem vistos como escória da sociedade, sendo agora, o seu único e melhor destino, o seu encarceramento. Assim, o desdobramento de um governo que não busca uma organização política, econômica e social, é a necessidade que uma classe dominante tem pelo encarceramento, sem qualidade, da classe dos excluídos, como forma de punição e resolução dos conflitos que são consequências de um problema muito mais abrangente: a desorganização política e social do Brasil.
Desse modo, um país que pune mais, encarcera em massa, mas não busca o início e a solução do problema, acaba tendo um único resultado: penitenciárias lotadas, em qualidades desumanas e a incapacidade de ressocializar qualquer um de seus presos. Destarte, quando não se busca a solução do encarceramento e nem a ressocialização de seus prisioneiros, está condenado a um sistema falido, que resultará na devolução de seus encarcerados à sociedade de uma forma bem mais complicada do que quando entraram no sistema, alimentando um ciclo vicioso e enganoso de que nossas penas buscam a ressocialização.
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