TrabalhosGratuitos.com - Trabalhos, Monografias, Artigos, Exames, Resumos de livros, Dissertações
Pesquisar

Tópicos de Bourdier

Por:   •  3/12/2018  •  Artigo  •  766 Palavras (4 Páginas)  •  198 Visualizações

Página 1 de 4

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E ECONÔMICAS

DEPARTAMENTO DE DIREITO

KARINA DE JESUS BORTOLUZZI

WILSON HENRIQUE PORTO DE MORAIS

ATIVIDADE AVALIATIVA DA DISCIPLINA DE SOCIOLOGIA APLICADA AO DIREITO – BOURDIEU

        Habitus segundo Bourdieu são em suma valores e tradições; são como uma bagagem herdada socialmente que produzem resultados no homem. A estrutura social é formada por ações individuais e, a partir de dado momento, a estrutura social conduziria as ações individuais e tenderia a se reproduzir através delas, ainda que não seja necessariamente um processo rígido e mecânico.

        Após compreender o que é o habitus, é interessante trazê-lo ao tema que os autores dessa atividade elegeram: Segurança Pública e Direitos Humanos. É curioso nesse tema que na abertura da Declaração Universal dos Direitos Humanos, adotada na Assembleia Geral das Nações Unidas em 1948, reza que “todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos”. Contudo, percebe-se que em todo o mundo, em maior ou menor grau, não é essa a realidade. Ocorre, na verdade, um sistema de desigualdade vigente.

        A desigualdade como sistema está enraizada socialmente e, nesse sentido, Bourdieu leciona que esse modelo fundamenta-se através de uma violência simbólica que é legitimada pelo habitus gerado, ou seja, as ideias que direcionam a vida social são o que dão validade à violência simbólica. Dessa maneira, o sofrimento desta por parte dos indivíduos passa a ser considerada “normal”, de forma a gerar uma constante de violação da dignidade, mas que não sofre objeções.

        Bourdieu acrescenta que é através do habitus que a elite mantém o seu domínio e propaga suas ideias e é nesse ponto que a segurança pública relaciona-se ao que foi demonstrado até aqui. A força policial é utilizada para manter a ordem, ou seja, para manter as coisas como estão e conservar o habitus intacto. Utilizando-a para manter o controle sobre os que ousarem ultrapassar a fronteira do “normal”.

Verificados esses elementos, constata-se a complexidade das relações sociais e a tamanha implicação de uns seres nos outros e, principalmente, das instituições nos indivíduos e na manutenção do habitus posto, seja ele bom ou ruim.

        No caso em tela, percebe-se que o ideal está posto, tal como diz a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Contudo, pressupondo que a sociedade brasileira é um campo, conforme conceito de Bourdieu, percebe-se que seu habitus é diferente daquele que é considerado ideal, mas que graças aos valores e estruturas passadas de um para o outro e entre suas gerações essa realidade se mantém.

        Quando observada a segurança pública também é possível reconhecer que a instituição que deveria tão somente coibir condutas que causem prejuízo aos demais, estão na verdade, à serviço da perpetuação desse contexto, ou seja, são utilizadas pela classe dominante para a manutenção e conservação de seus ideais.

        No Brasil, tal contexto é reforçado por um cenário histórico peculiar. Em 1831, quando Dom Pedro I foi afastado, o país foi conduzido por um parlamento cujos membros eram possuidores de grandes fortunas. Nesse cenário, o país estava sem um exército nacional e, diante disso, logo os parlamentares perceberam que precisavam de monopolizar o uso da força também. Nesse espeque, foi criada a guarda nacional, força policial, que ia ser mobilizada ou desmobilizada, dependendo de interesses. Quem ia comandá-la era o dono da região. Essa guarda nacional foi hierarquizada (capitão, major e o coronel, que era a hierarquia máxima). Toda vez que a segurança pública estivesse ameaçada, a guarda nacional passava a agir. Ela definia quem ia ser preso ou solto. É desse contexto que surgiu a expressão coronelismo, para designar o fenômeno da preponderância de certos senhores de grandes extensões de terra no cenário político nacional, que perduraria ainda no período republicano. A guarda nacional era sustentada pelos comandantes. Os coronéis se transformaram em chefes políticos locais.

...

Baixar como (para membros premium)  txt (4.7 Kb)   pdf (93.6 Kb)   docx (12.1 Kb)  
Continuar por mais 3 páginas »
Disponível apenas no TrabalhosGratuitos.com