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A Hiperinflação Brasileira

Por:   •  11/6/2016  •  Projeto de pesquisa  •  2.224 Palavras (9 Páginas)  •  368 Visualizações

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PROVA FINAL DE ECONOMIA

ADM 1A

PROF. LUIS CARLOS BERTI

DANIEL ANDREOTTI: 11611501

DANIEL HERBERT DISSINGER: 11610323


Questão 1

A hiperinflação brasileira ocorreu por razões similares a outros países, embora o Brasil nunca tenha sido derrotado numa guerra que lhe exigisse pagamento de reparações, por exemplo. Os desiquilíbrios internos, agravantes externos e divergências prioritárias políticas vigentes no país. Por aqui, a dívida externa acumulada na década de 70, a suspensão de financiamento de agentes externos e a crise do petróleo de 1979 foram suficientes para desencadear essa etapa econômica que durou cerca de 20 anos. A suspensão de financiadores externos se deu principalmente pelos desiquilíbrios internos, resultantes de gastos governamentais insustentáveis, que aqueceram a demanda interna a um ponto muito acima da capacidade da oferta.

Se tivesse havido uma escala inflacionária durante o período de 1970-90 por si só, talvez os diversos esforços de contê-la teriam sido mais úteis. Ocorre que, o endividamento do Estado e sua inércia de balancear suas contas públicas renderam um déficit orçamentário, sendo 90% dessa dívida no final dos anos 80 de responsabilidade do setor público. Esse deslize administrativo reduziu a credibilidade do Brasil perante seus parceiros internacionais, que cortaram seus empréstimos. Para cobrir o rombo orçamentário a união teve perdas de reservas substanciais. Para manter o investimento exterior ativo, o governo passou a sobrecarregar o mercado interno com medidas fiscais e monetárias sufocantes que desencadeariam uma crise fiscal herdeira de papéis financeiros inflacionários. Por causa dessa manobra o trabalhador teve uma rápida perda de poder aquisitivo. Para conter o avanço inflacionário, as diferentes administrações públicas que se sucederam reuniram equipes da Fazenda para tentar reverter o quadro inflacionário e deficitário. Foi somente em 1994, com a implementação do plano real, que a economia respondeu positivamente e o Brasil voltou a apresentar previsões de inflação na região das duas casas decimais.

Antes do sucesso do Plano Real, durante a gestão de Itamar Franco, houve quatro planos que fracassaram, sendo eles respectivamente o Plano Cruzado, Plano Bresser, Plano Verão e Plano Collor. Este trabalho não entrará no mérito de discutir o plano Collor.

Em fevereiro de 1986 foram decretadas uma lista de medidas pelo Plano Cruzado, das quais as principais medidas observadas foram o congelamento dos preços, alteração dos salários, aluguéis e câmbio e mudança no cronograma de produção. Alguns meses após o decreto das medidas iniciais foram acrescentadas outras medidas, como o aumento no preço dos combustíveis, dos automóveis e das viagens ao exterior. Criou-se o Fundo Nacional do Desenvolvimento (FND) e uma nova caderneta de poupança, além de um empréstimo obrigatório sobre veículos e combustíveis e uma taxa de 25% sobre passagens marítimas e aéreas. Também teve um aumento do IRF de curto prazo no mercado aberto e se tentou conter a demanda interna, que estava superaquecida, estimulando a poupança aumentando a taxa de juros. O fracasso do plano é atribuído principalmente a alteração feita nos salários e pela não poupança do setor público, que, numa economia com demanda superaquecida, aumentou a inflação e serviu de gatilho para uma recessão.  

O Plano Bresser diverge dos restantes dos planos estudados pelo fato dele ter sido um plano emergencial adotado para controlar a séria crise desencadeada pelo fracasso do plano Cruzado. Seu objetivo não era acabar com a hiperinflação, mas freá-la prontamente. Ao contrário dos outros planos, não pretendia a desindexação da economia, introduzir uma reforma monetária ou congelar a taxa de câmbio. Foram mantidas as medidas positivas do plano anterior, porém essa intervenção era claramente de natureza heterodoxa. Dentre as medidas principais de Bresser pode-se citar a liberação dos preços e a criação e um novo indexador (URP) que iria ditar os tetos para os reajustes dos preços e faria os reajustes dos salários. Bresser também quis o congelamento geral de preços e salários, só que por um prazo de 90 dias. A maior ambição do plano era conter o aumento do déficit orçamentário por intermédio de uma forte e rigorosa política monetária e fiscal. Infelizmente Bresser não conseguiu promover um bom controle orçamentário graças à resistência do governo em controlar seus gastos, o que culminou na agravação da crise fiscal.

O Plano Verão entrou em prática em janeiro de 1989 e teve uma concepção similar aos pacotes anti-inflacionários anteriores, porém sem a correção monetária. Seus traços distintivos foram o congelamento dos preços, serviços e tarifas públicas por tempo indeterminado, assim como o não realinhamento dos preços dos combustíveis e da energia elétrica. Além disso foi extinto o indexador URP do Plano Bresser e foi instituída uma moeda nova, o cruzado antigo. O câmbio foi tabelado e houve a suspensão do processo de indexação da economia por 3 meses e criou-se uma nova caderneta de poupança. Não se pode esquecer da implementação de uma política monetária restritiva. Para amenizar o crescimento da dívida externa foram proibidas as operações de re-empréstimo durante 1 ano.

O malogro do Plano Verão, combinado com o fracasso de seus antecessores culminou na reescalada do processo inflacionário.

 O câncer central na economia do período de 1986 até então, de acordo com Luiz Carlos Bresser Pereira, que impedia o sucesso duradouro dos planos econômicos, era a maneira como o Tesouro e o Banco Central lidava com a venda dos títulos do tesouro. A especulação com as LTFs (letras do tesouro) era muito grande. Intermediários financeiros tinham o hábito de comprar esses títulos, mas sem terem compradores finais para elas. Como a grande maioria desses agentes não tinham como financiar-se no mercado graças ao baixo crédito (juros altos e economia desfavorável) o Banco Central recomprava as LTFs. Embora esta recompra, diz Bresser, ser benéfica por um lado, pelo fato de reduzir a especulação e diminuía o fardo carregado pelo Estado de juros, havia pontos seriamente negativos. O maior desses pontos era a oferta desmesurada da moeda, de caráter passivo que resulta no aumento dos preços.

[pic 1]

Depois da concepção dos planos descritos nas secções acima e dos Planos Collor foi proposto o Plano Real, que por sua vez solucionou a crise que se iniciou em 1979. Por meio desse plano foi foram atacadas as duas causas fundamentais da inflação brasileira: a crise fiscal e a inércia inflacionária. Para combater a inércia inflacionária implantou uma solução inovadora que se traduz na coordenação prévia dos preços relativos por via da URV. A nova moeda que gradualmente passou a entrar em vigor, o Real, passou assim a ser desindexada e lastreada ao dólar. O Plano Real era estritamente contra o congelamento de preços, seu posicionamento estava fortemente vinculado ao mercado. Ele buscou desindexar a economia ao máximo, porém essa manobra não pode ser efetivada em 100%. Os salários continuam indexados anualmente e a poupança mensalmente, por exemplo. Os aspectos, portanto, que podem impactar o sucesso desse plano seria a reindexação da moeda e os aumentos dos gastos públicos em descompasso com a capacidade da economia de satisfazer a demanda agregada.

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