A Inflação no Século XIX
Por: Fábio Reis • 29/11/2018 • Trabalho acadêmico • 1.383 Palavras (6 Páginas) • 197 Visualizações
Fábio cap 5,6 e 7 Estrutura e mudança econômica
Na questão referente ao comércio internacional Leff avalia de duas formas diferentes o desenvolvimento econômico e a experiência do Brasil com o comércio internacional no século XIX, embora o autor considere que as interpretações se completem. O comeŕcio internacional produziu efeitos apenas limitados para promover o desenvolvimento, já a expansão das exportações constituiu o principal motivo do aumento da produtividade embora em uma economia que se mantinha estagnada em termos de crescimento per capita. As mudanças estruturais no país foram geradas pelo comércio externo crescente e esse crescimento estimulou a industrialização do país com a criação de um mercado interno. O setor agrícola teve seu desenvolvimento impulsionado por esse mercado interno em expansão e pela criação de estradas de ferro. O autor destaca que o Sudeste teve um maior desenvolvimento em relação ao Nordeste devido às altas taxas de crescimento das exportações.
No tocante a questão do crescimento da renda gerada pela expansão das exportações, a distribuição não foi feita de forma igualitária no Brasil, os latifundiários foram os grandes beneficiados. O autor destaca que as exportações eram intensivas em terras, e as pressões por salários mais altos no setor de exportações em expansão eram amortecidas pela oferta elástica de trabalho e concluiu96... que o crescimento das rendas decorrentes do aumento das exportações levou provavelmente ao agravamento da desigualdade de distribuição de renda em cada região exportadora e viu-se emergir um grau significativo de desigualdade regional devido as experiências de exportação discrepantes do Sudeste e Nordeste. Tal divergência reforça a ideia de que o crescimento em grande escala das exportações é fundamental para um processo desenvolvimento econômico. No período de 1822-1913 o valor das exportações aumentou a uma taxa anual de 2,2% em base per capita o que demonstra uma grande limitação do comércio internacional caracterizada pela pequena escala de expansão das exportações do país. A expansão das exportações embora pequena e não de forma uniforme no país ainda assim proporcionou ao Brasil um crescimento de renda e desenvolvimento econômico sem muitas mudanças estruturais que por alguns é considerada pré-requisito ao progresso econômico em economias atrasadas.
Ao abordar a questão da inflação Leff diz que o Brasil se diferiu da economia mundial, que experimentou uma estabilidade de preços a longo prazo durante o século XIX e essa particularidade é analisada em seu texto. A inflação no Brasil no século XIX poderia ter sido efeito colateral de um processo no qual a demanda agregada em expansão gerou rápido crescimento da produção real. Na prática, a inflação a longo prazo do país refletiu uma situação diferente, o país adotou em geral uma política monetária frouxa que gerou uma viva demanda de bens. Refletindo as condições inelásticas de suprimentos do país, contudo, um de seus grandes resultados foram preços mais altos, em vez de, principalmente, produção maior.
A situação vivida pelo Brasil nesse período teve como destaque em primeiro lugar o fato das autoridades continuarem a insistir em manter taxas inflacionárias de aumento do meio circulante, a despeito dos aumentos de preços em que isso resultava e em segundo, pressões de excesso de demanda que geravam inflação crônica e depreciação cambial não tiveram geralmente grande magnitude. Entre 1839 e 1913 o país teve a taxa de a longo prazo da expansão monetária em torno de 5% e a expansão ocorreu no contexto de condições que aumentaram em muito a demanda de saldos monetários que diminuíram o impacto inflacionário de dados aumentos do meio circulante, tais como população,produto agregado e monetização. Todo esse resultado evidencia a importância da oferta agregada inelástica a preço como aspecto estrutural da economia brasileira.
No setor agrícola interno o produto demonstrou ser inelástico, os preços dos alimentos produzidos internamente subiram a taxa mais alta do que os preços dos produzidos internacionalmente comprados e vendidos no país. Além da excessiva taxa de expansão monetária as condições de oferta relativamente inelásticas da agricultura foram as causas da inflação geral. O estudo econométrico apresentado pelo autor demonstra que as causas da inflação estariam no setor interno e não no externo.
Reforçando a ideia de que a inflação crônica não promoveu desenvolvimento econômico no país no século XIX o autor justifica dizendo que as altas taxas de expansão monetária elevaram os preços relativos dos alimentos, em vez de estimular um aumento paralelo no produto do setor agrícola doméstico. O setor exportador teve o aumento dos custos e diminuição dos lucros o que acarretou na menor expansão da atividade de maior crescimento no país além disso a inflação resultou em um padrão cíclico especial envolvendo meio circulante, preços, comércio externo e setor público. Havia terra e mão-de-obra mas não havia capital e nesse momento os custos dos transportes tiveram grande importância uma vez que não havia ainda a implantação das estradas de ferro.
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