A Sweezy e Dobb
Por: Gideão Silva • 13/4/2019 • Trabalho acadêmico • 2.450 Palavras (10 Páginas) • 358 Visualizações
Resenha sobre o livro
A transição do Feudalismo para o Capitalismo: O debate de Paul Sweezy e Maurice Dobb
Aluno: Matheus V. T. de Sousa
UMA CRÍTICA
Paul Sweezy
Dobb define que o feudalismo é um sistema interligado a servidão. Na visão de Sweezy, é uma falha, já que em outros sistemas também possuem as servidão, mas que não são sistemas feudais.
Dobb define várias características do sistema feudal tendo como uso o feudalismo na Europa ocidental. Sendo para Sweezy seu erro, afinal existem diferenças sistêmicas em decorrência de particularidades em todos os lugares, independente do sistema predominante.
De acordo com Dobb, o feudalismo é um sistema econômico que tem a
servidão como relação de produção dominante, e em que a produção é
organizada ao redor da propriedade senhorial. O que não exclui a presença do comércio, entretanto não sendo o principal motor do modo de produção, que era para o consumo
O feudalismo não é um sistema estático, estando em constantes mudanças, tendo em vista as disputas pelo poder do feudo. Outro fator em constante mudança é a população, por ser um sistema que requer limitações.
Dobb acredita que o que levou ao declínio do sistema feudal não foi só o crescimento do comércio, mas fatores alguns fatores que se criaram dentro sistema feudal. Sweezy contesta dois argumentos que Dobb coloca como relevantes para o declínio do feudalismo – desprezo pelos interesses dos servos e guerra e banditismo -. Questionando os argumentos de Dobb, Sweezy diz que são incertos e que existiram ao longo de todo período intensificando com decorrer dos anos.
A fuga dos servos da terra é atribuída por Dobb como decorrência da opressão dos senhores feudais, entretanto, segundo Sweezy, para eles se mudarem para outro lugar, teriam que ter um outro local para viverem. A fuga dos servos ocorre junto com o surgimento das cidades, que ofereciam empregos e condições de ascensão social.
Então, conclui Sweezy, que essa fuga, se fosse de outro modo, pareceria difícil de compreender, porém com o crescimento das cidades, torna-se um processo natural para essa emigração. Todavia, ele não tira o válido argumento de opressão dos senhores feudais, que Dobb utilizou, mas afirma que somente esse argumento não seria o propulsor, em grandes proporções, da saída dos servos.
Alguns fatores que podem ter influenciado a mudança da economia de uso para a de troca - O primeiro é a ineficiência da organização da produção. Os bens manufaturados podiam ser comprados mais baratos do que se fossem feitos em casa, e essa pressão para comprar gerou uma pressão para vender. Em segundo, a existência do valor de troca tende a mudar as atitudes dos produtores. Era possível procurar riqueza não em produtos perecíveis, mas em produtos convenientes ou ordens de pagamento. Em terceiro, a evolução dos gostos da classe feudal dominante. É um processo quase que natural, a aristocracia quer cercar -se de luxo e dos melhores produtos existentes, então, estão sempre buscando e querendo mais. E, em quarto, o desenvolvimento das cidades, que continham muitas oportunidades de emprego e de ascensão social, e que atraíam as pessoas. Todos esses fatores contribuíram fortemente para o colapso do sistema feudal. O processo de transição do feudalismo para o capitalismo, não foi uma mistura entre feudalismo e capitalismo, foi uma época em que não e ra nem feudalismo nem capitalismo, que Sweezy chama de “produção pré-capitalista de mercadorias”, e m que há a preparação do terreno para o desenvolvimento do capitalismo. Porém, não é um sistema tipo feudalismo, capitalismo e socialismo, é apenas um processo de transição que não possui características próprias.
Sweezy diz que Dobb fez uma leitura errada sobre Marx quando trata sobre a transformação revolucionaria de produção e as rupturas do controle de mercado das produções realizadas por antigos artesões
Sweezy critica as afirmações de Dobb afirmando não haverem provas concretas sobre o processo de acumulação, que segundo Dobb ocorrem em duas fases distintas. Sendo a primeira, a burguesia adquire a preço risível certos valores e títulos de riqueza e a segunda é a fase da realização, na qual objetos da acumulação original eram realiza dos ou vendidos, possibilitando o investimento efetivo na produção industrial. Por Sweezy, é difícil compreender o entendimento da burguesia por ela ter desenvolvido os bancos e o congelamento de credito. O complemento necessário que a burguesia queria adquirir era ruptura com o antigo sistema para criar um novo sistema, que lhes dessem lucro.
Sweezy conclui falando do “ excelente tratamento que ele deu aos problemas básicos do período de acumulação original “, e que muitas pessoas se nã o dão a
devida importância, se distraindo com a fase da realização.
UMA RÉPLICA
Maurice Dobb
Maurice Dobb entende a importância do debate para o desenvolvimento histórico do marxismo e concorda com muitas coisas que Sweezy diz, mas discorda sobre algumas interpretações.
Dobb compreende o entendimento de Sweezy sobre servidão e feudalismo, já que é apresentado uma definição maior sobre o assunto e merece uma analise mais cuidadosa.
Para Sweezy a característica principal do feudalismo é a produção para uso. Dobb acredita que os métodos de produção eram quase primitivos, sendo que o produtor possuía os meios de produção, na qualidade de produtor individual.
Sweezy entende que Dobb deveria analisar diferentes tipos de feudo e não só o feudalismo da Europa ocidental, por ocorrer distinções. Dobb acredita que existem semelhanças no modelo ocidental e oriental, na forma de exploração de produtores, sem ter remuneração.
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