A TEORIA D CAPITAL HUMANO
Por: Silvando Oliveira • 18/7/2017 • Artigo • 6.639 Palavras (27 Páginas) • 589 Visualizações
A TEORIA DO CAPITAL HUMANO
Evolução Histórica
Silvando Carmo de Oliveira*
Resumo
Este trabalho busca mostrar como se deu a evolução da teoria do capital humano desde os seus primórdios até os dias atuais. A importância de se estudar a evolução do capital humano é que esta variável vem ao longo do pensamento econômico ganhando adeptos devido a sua relevância como variável estratégica. Devido a esta importância, os países desenvolvidos foram os primeiros a perceber a relevância desta variável, e, nos dias atuais, torna-se imprescindível investir em capital humano devido ao grande avanço tecnológico e a busca incessante que os países desenvolvidos vem fazendo para dominar a economia internacional. Para isto abordaremos alguns aspectos históricos da evolução do conceito de capital humano desde o século XVIII com a consolidação da revolução industrial passando pelos clássicos até os trabalhos pioneiros de Gary Becker e Schultz até os dias atuais.
Palavras-Chave: Capital Humano, Relação do Capital Humano com o Crescimento, Teorias do Capital Humano, Investimento em Educação e Retorno do Capital Humano.
Abstract
This work tries to show how the evolution of the theory of human capital from its beginnings until the present day. The importance of studying the evolution of human capital is that this variable comes along the economic thinking gaining supporters due to its relevance as a strategic variable. Due to this importance, developed countries were the first to realize the relevance of this variable, and, today, it is imperative to invest in human capital due to the great technological advance and the incessant search that the developed countries have been doing to dominate the international economy. To this end, we will discuss some historical aspects of the evolution of the concept of human capital since the eighteenth century, with the consolidation of the industrial revolution from the classics to the pioneering works of Gary Becker and Schultz to the present day.
Key-Words: Human Capital, Relationship of Human Capital with Growth, Theories of Human Capital, Investment in Education and Return of Human Capital.
1. Introdução
A compreensão da teoria do capital humano, embora venha ganhando bastante destaque na atualidade, esteve de alguma forma caminhando sempre ao lado do processo de construção da teoria econômica.
De acordo com Loureiro (2000),[1] sua importância vem se dando devido a forte inserção do sistema econômico mundial dentro de uma economia cada vez mais globalizada, onde os desafios são maiores, ressaltando-se então como premissas básicas à competência e o profissionalismo face ao paternalismo. É dentro deste cenário que as empresas precisam rapidamente se ajustar ao novo tempo devido ao risco de não se manterem competitivas e conseqüentemente serem eliminadas do mercado.
Neste contexto, as empresas, para se tornarem permanentemente competitivas, precisam investir em seres humanos, dando-lhes condições de tornarem-se competentes e devidamente qualificados, para que possam produzir ou prestar serviços de qualidade.
Porém, a compreensão de ser humano deve ir além da ótica da oferta e também enfocar o lado da demanda, na qual as pessoas são o meio e o fim para o desenvolvimento de uma nação.
Segundo Schultz (1961)[2] os países pareciam estar mais preocupados sobre valores agregados, ou seja, quanto uma nação esta produzindo, qual o tamanho de sua economia em relação às outras sem, contudo, direcionar sua preocupação para a qualidade de vida dos seres humanos que são os responsáveis diretos pelo nível de produção de um determinado país.
Becker (apud PLANAS, 1996:99) como já bem observara, afirma que:
“para mim, o conceito de capital humano inclui os conhecimentos e técnicas especializadas contidos nas pessoas, sua saúde e a qualidade dos hábitos de trabalho. O capital humano é importante porque, nas economias modernas, a produtividade se baseia na criação, divulgação e utilização do saber. O saber se cria nas empresas, laboratórios e universidades; divulga-se na família, na escola e no trabalho; e as empresas utilizam para produzir bens e serviços[3].”
Nesse contexto, do ponto de vista do desenvolvimento humano, é crucial observamos se as atividades produtivas desenvolvidas estão sendo partilhadas de forma que a sua expansão e melhoria estejam voltadas para o enfoque numa perspectiva de desenvolvimento para as pessoas. Dessa forma, parece bastante razoável tomarmos aqui a noção de equidade como um componente essencial ao desenvolvimento que prediz iguais oportunidades de acesso a todas as pessoas de modo que todos possam beneficiar-se das opções criadas no processo de crescimento e desenvolvimento econômico.
Outro aspecto importante na noção de desenvolvimento humano que deve ser considerado é assegurar às gerações futuras, ao menos, o mesmo nível de bem-estar disponível hoje sendo essa uma garantia essencial para o desenvolvimento sustentável[4].
Os cientistas econômicos têm-se perguntado por que uns poucos países têm experimentado longos períodos de crescimento em sua renda per capita causados por aumentos de capital ou de recursos naturais sem, contudo, sua expansão ser freada pela lei dos rendimentos decrescentes[5]? Por que países como Estados Unidos, Japão e alguns países Europeus tiveram um crescimento sustentado ao longo do século XX.
Uma das possíveis respostas que alguns economistas vêm tentando explicar está justamente voltada para o investimento que tais países fizeram nas áreas cientifico e técnica que em última instância eleva a produtividade do trabalho e dos demais fatores de produção. Logo, não é mera causalidade que a educação seja a inversão social com mais altas taxas de retorno, tanto para a sociedade como para os indivíduos. Ela permite um aumento progressivo na disponibilidade de capital humano, prepara a economia a incorporar o crescimento técnico a níveis sustentáveis, permite também aos indivíduos a terem uma maior integração cultural e maiores participações nas decisões políticas de uma nação garantindo assim a sustentabilidade dos regimes democráticos.
Devido a este fenômeno um programa de educação que vise a atender todos os cidadãos deve pensar em três premissas básicas: a) educar por quê? b) educar como? c) educar a quem?
Finalmente a palavra “educar” que vem do latim ‘educare’, e-ducar, e significa ex-trair, retirar o que esta dentro. Logo, a importância da palavra educar expressa em si mesma o que a pessoa carrega dentro de si para que cada ser humano se torne um ser humano, na acepção da palavra.
1.1. Aspectos Históricos
O termo capital humano vem sendo empregado constantemente em muitas áreas do conhecimento. Os economistas há muito tempo desconfiavam que as pessoas são uma parte importante da riqueza das nações. No entanto muitos economistas buscavam explicar o que causava a riqueza das nações sem, contudo, dissociar educação e trabalho. A partir da revolução industrial ocorrida no século XVIII o conceito de capital se converteu como uma variável estratégica e fundamental para explicar o crescimento econômico.
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