Bourdieu, Pierre. 2014. Sobre o Estado. São Paulo: Companhia das Letras. Pág: 153-173 e 227 a 239.
Por: danielacmeloc • 29/6/2020 • Resenha • 1.194 Palavras (5 Páginas) • 365 Visualizações
Bourdieu, Pierre. 2014. Sobre o Estado. São Paulo: Companhia das Letras. Pág: 153-173 e 227 a 239.
Pierre Bourdieu pensou sobre as teorias do Estado. Estado é uma instância singular se comparado a outro. Quando o Estado se formou, todos os outros entes foram usurpados pelo monopólio do Estado. Ao Estado é atribuído o poder de organizar a vida social através da imposição de estruturas cognitivas e de consensos sobre o sentido do mundo.
Ele faz uma distinção entre o enfoque genético e o enfoque histórico associando a diferença do sociólogo e o historiador. O sociólogo tenta construir o modelo teórico de um processo, com proposições sistematicamente ligadas e passiveis de verificação, com uma amplidão de fatos históricos.
Na sequencia o autor fala sobre Durkeheim e do paralelo que o autor tem de pensar o Estado com um pensamento de Estado ou a sociedade com um pensamento produzido pela sociedade. Um dos problemas que se apresenta a todos os pesquisadores consiste em saber e em se livrar dos saberes para não correr o risco de se ver apenas o que se sabe.
Bourdieu faz uma análise de medidas e ações de Estado com o exemplo de pesquisas habitacionais realizada na França nos anos1970 com a investigação efetuada em uma das comissões criadas para tratar o assunto. O estudo sobre o seu funcionamento permite elucidar sobre como se relaciona os agentes, atos e efeitos do Estado de seu caráter oficial, público e universal.
“Um efeito de institucionalização”
Bourdieu faz uma análise empírica, para pensar o Estado, através do que ele denomina, pensamento genético. O Estado se estabelece através da ordem simbólica que tende a pô-lo ao abrigo do questionamento científico estabelecendo-se através da ordem simbólica que instaura tanto na objetividade quanto na subjetividade.
O pensamento histórico tende a cumprir uma função de legitimação.
A história é levada a esse discurso de justificação dos acontecimentos para construção do trabalho dos historiadores. Há muitas vezes incertezas em relação a origem e é importante desbanalizar esse fato. “Para desbanalizar e para superar a amnésia dos inícios inerente à institucionalização, é importante voltar aos debates iniciais que levam a perceber que, ali onde nos restou um único possível, havia vários possíveis com campos agarrados a esses possíveis. Isso tem consequências muito graves do ponto de vista da filosofia da história a que recorremos quando contamos uma história.”
A história é linear, isto é, tem mão única. Onde há várias possibilidades históricas, é muito mais difícil discernir.
“O efeito do ‘é assim....’ e o fechamento dos possíveis”
Há uma irreversibilidade que é correlativa de uma linha única dos processos. A história elimina “possíveis” e os faz esquecer como “possíveis”, e que ela até mesmo torna impensáveis os possíveis. Tudo o que conhecemos tudo isso aparece de tal forma que o contrário não é nem sequer excluído, mas impensável. “É assim” é fazer que sejam aceitos incondicionalmente milhares de pressupostos mais radicais que todos os contratos, que todas as convenções, que todas as adesões.
“O espaço dos possíveis”,
Bourdieu exemplifica o “espaço dos possíveis” com projeto de lei a respeito do qual o lobby dos advogados está lutando. Segundo ele, há pessoas que lutam, ainda há esperança. Mas depois de esgotado o processo, com o decorrer do tempo, A alternativa é varrida por um processo histórico que constituiu o problema sob essa forma cuja genealogia se pode fazer. E há milhares de problemas desse tipo.
“O exemplo da ortografia”
Para compreender problemas que acredita-se ser bobagens, como Bourdieu exemplifica: o debate sobre a ortografia na França, que tinha mais repercussão do que a Guerra no Golfo que estava acontecendo na mesma época. Como esse, para compreender que esses problemas são muito sérios, que guerras civis podem desencadear-se a respeito, aparentemente, de bobagens, é preciso ter um sistema explicativo extremamente complexo e rigoroso no qual o Estado tem papel fundamental. A sociologia corrente tende a excluir como sendo da ordem do irracional as paixões sociais, mas essa é uma das coisas mais importantes sociologicamente.
A ortografia é evidentemente o produto de um processo histórico. Ortografia é a escrita reta, a maneira de escrever conforme, correta. O autor faz uma comparação entre a ortografia e o Estado. A gênese do Estado, é a gênese de espaços dentro dos quais, por exemplo, um modo de expressão simbólica se impõe de maneira monopolística: é preciso falar de maneira correta e dessa maneira somente. Esse processo de unificação, de centralização, de padronização, de homogeneização, que é o fato de se fazer Estado. Coisas muito arbitrárias tornam-se assim muito necessárias, mais que necessárias: naturais. Para compreender o que acontece em casos como este, Bourdieu sugere um experimento sociológico de tomadas de posição onde quem toma posição a favor ou contra, seria uma espécie de encontro do Estado consigo mesmo, o Estado que, como instituição, tem as propriedades de toda instituição.
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