RESENHA CRÍTICA:GEOGRAFIA E POLÍTICA: TERRITÓRIO, ESCALA DE AÇÕES E INSTITUIÇÕES
Por: Roberta Monteiro • 9/11/2017 • Resenha • 2.298 Palavras (10 Páginas) • 3.686 Visualizações
UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ- UNIFAP
DISCIPLINA: GEOGRAFIA POLÍTICA
PROF.
14 Jun. 2017
Aluno: ROBERTA MONTEIRO DE SOUZA
RESENHA CRÍTICA:GEOGRAFIA E POLÍTICA: TERRITÓRIO, ESCALA DE AÇÕES E INSTITUIÇÕES
CASTRO, Iná Elias de. Geografia e Política: Território, escalas de ação e instituições. Editora Bertrand Brasil; Rio de Janeiro: 2005.
IDEIA CENTRAL.
Iná de Castro aponta em sua obra "Geografia e Políticas" componentes primordiais do processo histórico de construção das sociedades, a política e o território. A política atua como uma ciência singular e pode se revelar um tanto quanto instável, dado que se encontra uma eventual dificuldade em se entender e explanar sobre um fato político na época em que se está vivenciando-o. No campo geográfico a política é utilizada para vincular uma sociedade a um espaço delimitado. A autora representar a associação dos conceitos: O de Política ( Como instrumento básico da administração estatal) e do Território ( Como objetivo geográfico de estudo principal e como elemento básico constitutivo de um Estado).
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ARGUMENTAÇÕES DO AUTOR.
- Professora Iná Elias de Castro apresenta, da maneira mais linear possível, os debates e conceituações existentes acerca da geografia, da política e da correlação das duas áreas cuja intercessão promove conflitos entre os teóricos sobre suas separações acadêmicas e práticas político-sociais.
- Destacam-se 3 dos fenômenos importantes e aparentemente contraditórios apontados pela autora, que situam a política no propósito da geografia: a globalização, um dos mais amplos e talvez até centrais dos fatores na medida em que desencadeia muitos outros; o enfraquecimento do Estado-nação, conseqüência imediata da herança neocolonial do final do século XIX até a Primeira Guerra e, mais atualmente, do neoliberalismo econômico, e, a expansão da democracia, tomada sob o ponto de vista de algumas correntes das ciências políticas como resultado da manutenção da balança de poder relativamente pacífica em esfera global.
- A própria autora resume a estruturação de seu texto na primeira parte do segundo capítulo Relações entre território e conflito: o campo da geografia política. Na segunda parte do capítulo, Da política à geografia política, são apresentados argumentos dos autores acerca da inseparabilidade da geografia com a política como disciplina acadêmica. Na terceira parte, Geografia e projeto político-territorial do Estado-nação, a autora expõe a história da geografia como disciplina acadêmica e, posteriormente, institucionalizada, como instrumento do Estado para a articulação dos interesses do mesmo. Na quarta parte, Ratzel e a Geografia política, a autora retoma o estudo de Ratzel que defende a estrutura conceitual de uma Geografia política. Por fim, na quinta parte, A geografia política contemporânea, há uma proposta de delimitação acadêmica para o ramo da Geografia política, suas atuações e desenvolvimento científico moderno.
- A delimitação apresentada pela autora do campo da geografia política está sintetizado na interseção entre o comportamento social e sua influencia sobre seu meio, principalmente no que diz respeito à divisão territorial e alteração desse mesmo território de acordo com os interesses particulares do indivíduo, grupo ou instituição. Em outras palavras, a política, que é o regimento comportamental coletivo sobre os interesses dos indivíduos ou organizações, influencia diretamente na geografia, que é a divisão dos territórios de acordo com esses interesses políticos.
- Em todas as sociedades há hierarquia de interesses, o que torna determinados interesses prioritários e, consequentemente, conflitos de organizações ou indivíduos devido à esse comportamento político; e, uma vez fundamentada em um território, tais conflitos refletirão na divisão, gestão e alteração desse território. Sob esse argumento, a geografia e a política estão interligadas por problemáticas comuns e não deveriam possuir separação acadêmica. Pelo mesmo motivo, a geografia foi institucionalizada. Passou a ser útil às estruturas de Estado moderno (pós-westphaliano) devido ao complexo de informações uteis para a gestão de territórios, sejam eles do próprio Estado ou de outros no caso da guerra.
- A partir de então, a autora descreve o desenvolvimento histórico da institucionalização da geografia no contexto europeu. A ciência que estuda o comportamento da sociedade sobre o meio no qual vive tornou-se interessante aos Estados modernos, quando o interesse de cada vez mais atores sub estatais se envolveram nas decisões políticas dos seus Estados, sejam elas internas ou externas; além desse ponto, a sequência de eventos revolucionários e econômicos (amplificação de influência política interna dos Estados, revolução industrial, a grande divergência econômica, neocolonialismo, aumento populacional abrupto, entre tantos outros) levam à uma crescente complicação na dimensão dos conflitos de interesses internos e externos aos Estados, tornando tais conflitos complexos e fortalecendo o estudo da geografia como instrumento de solução desses conflitos por meio do controle territorial racional.
- Seguinte a isso, há uma apresentação do debate acerca do conceito de política, de acordo com a autora, três vertentes (sociológica; da economia política; e da ciência política) conceituam de maneira conflitante o que é política. O motivo da construção do raciocínio sobre política levantado pela autora se dá pelo fato de não haver geografia política que não incorpore a política; mais tarde, a delimitação desses conceitos serão utilizados para delimitar o campo da geografia política.
- Apos autora retoma mais profundamente a questão da geografia institucionalizada, a geografia como instrumento de ação das organizações sociais (principalmente dos Estados) sobre o território dentro e fora das suas fronteiras e como esse processo de instrumentalização do conhecimento acadêmico se deu ao longo da história moderna, quais fatores e os contextos que influenciaram tal institucionalização.
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