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Resenha Filosofia para Geografia

Por:   •  26/4/2021  •  Resenha  •  1.554 Palavras (7 Páginas)  •  281 Visualizações

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ – UECE

CURSO DE GEOGRAFIA

DISCIPLINA: INTRODUÇÃO À FILOSOFIA

PROFESSORA: PALLOMA SOARES

ALUNA: PAOLA SANTOS DA PAZ

                                           AVALIAÇÃO FINAL

VERNANT, Jean Pierre. Mito e pensamento entre os gregos: estudos de psicologia histórica. Paz e Terra, 2008.

Filósofo francês e militante revolucionário na época da Segunda Grande Guerra, Jean-Pierre Vernant teve como principal alvo de estudo os helenos e, especialmente, sua mitologia. Dessa forma, publicou mais de quinze livros, dentre eles, Origem do pensamento grego, Mito e sociedade na Grécia antiga e Mito e religião na Grécia antiga. No seu livro A Origem do pensamento grego, publicado e 1962, Vernant já apresenta sua tese, também desenvolvida na presente obra cujo cerne é laicização do pensamento político originando a filosofia, em oposição à tese do “milagre grego”.

Este texto tem como base o capítulo VII, que conta o milagre grego, ou seja, a passagem do pensamento mítico para o pensamento filosófico, quando e onde surge a filosofia. Este fato tem como consequência o entendimento dos gregos como superiores, pois foi em quem o logos aparece. E fará uma linha de encontro com a Geografia, que teve como início a partir do alargamento do conhecimento cientifico com uma filosofia positiva e abstrata, cada vez mais proeminente com a expansão do capitalismo, para entender suas origens através das áreas restritas.

O nascimento da filosofia, no século VI a.C. em Mileto, teria sua forma de refletir sobre o mundo ou natureza, o texto afirma que esse milagre grego foi derrubado através do contato com civilizações antigas e orientais, tonando-se necessário reavaliar a origem do pensamento racional através da história, a razão teria surgido do mito grego, ligados a lugares preciosos com isso gerando uma necessidade e interesse na representação da Terra para entender suas origens, a ecúmeno, isso aconteceu tanto em Ilíadas de Homero quanto na Teogonia de Hesíodo. Nesse sentido a Geografia está intimamente integrada na concepção que os gregos faziam da sua história e do seu futuro tendo que se construir como um objeto de estudo. Esse interesse por um saber relacionado com os lugares, teria raízes culturais e religiosas.

A partir da análise da obra de Hesíodo, que tematiza o ordenamento do mundo através de duas passagens ou relatos, a primeira absolutamente mitológica, onde Zeus derrota Tífon e instaura a ordem criando o mundo(natureza), essa criação(cosmogonia) não se entende como separação por que se acredita que princípio não é o mesmo que conhecemos, existia um caos, como um exemplo que Vernant adotou foi da Babilônia, com Marduc versus Tiamart, que todo ano se realiza esse ritual, se assemelhando com os relatos de Hesíodo. E a segunda desprovida de imagens míticas, finalmente, o ordenamento se dá, com a filosofia dos jônios, através da luta e união incessante de opostos, ou seja, também explica a ordem de mundo, sem falar de deuses e sim da realidade física, mas tem o poder divino, não seguindo a cosmogonia, explica de onde vem o mundo e a inovação da filosofia são mitos racionais. O que, depois de reconhecida a consideração, fez parecer que tomam a natureza como um problema que permite reflexão por romper com o mito. Essa abordagem da natureza, do cosmo e da matéria, a astronomia se destaca. Os jônios pensam que a natureza do universo é geométrica, pois a geografia grega é indispensável da hipótese geocêntrica, com isso entra a cartografia. Logo, o aparecimento de novas formas políticas na Cidade mostrou que sobraram apena vestígios de mito: desapareceu-se o rei magico e senhor do tempo para o surgimento do filosófico, possibilitando o aparecimento do logos e sua relação com as técnicas e as formas de governo.

Ainda no sentido das novas formas de políticas na cidade, podemos citar a moeda, o calendário, a escrita alfabética, o papel da navegação e as relações comerciais implicam a frequência de lugares longínquos, mas entre marinheiros e comerciantes de um porto os conhecimentos e técnicas transmitem-se por imitação ou pela oralidade. Nenhum imperativo de origem pratica levou os gregos a colocarem por escrito o seu saber geográfico e dar-lhe uma forma erudita. Assim, a Geografia, nasceu na Grécia a partir de uma aventura intelectual: foi esta que permitiu o salto para as formas de saber então desenvolvidas. O domínio do geógrafo é, primeiramente, o que se pode ver na superfície da Terra. A geografia é uma ciência de observação.

Logo após, Vernant remonta um segunda corrente de pensamento filosófico que explana a origem do filosofo. Por apresentar uma realidade que foge do conhecimento pendurado, alguns poetas, sábios e adivinhos são aqueles que deram origem aos filósofos, ou seja, um grupo de filósofos que tem acesso e entendem a realidade, excluindo uma população, tendo que seguir “leiga” por não pertencer a este círculo. Afinal, estes produziam conhecimento para explicar a gênese do cosmo, diferentemente de poetas como Homero que procurou relatar acontecimentos humanos. O Sábio se definia como eleito capaz de fazer e ver o invisível através da graça divina. Assim, Vernant destaca que o filosofo é diferente de chamã, pois deve ensinar, ou seja, passar para seus discípulos as praticas secretas, organizando-a em doutrina, estendo o conhecimento, relacionando-se com as mudanças sociais, o segredo em grupo aberto. O aparecimento da Cidade, portanto, parece facilitar a publicidade do saber, o que acaba rompendo a sacralização do conhecimento da aristocracia tradicional. Afinal, o que é “mistério” agora aparece em praça pública.

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