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Resenha "Vinte Anos de Crise" Carr

Por:   •  23/9/2015  •  Resenha  •  893 Palavras (4 Páginas)  •  1.585 Visualizações

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Resenha de “Vinte Anos de Crise 1919-1939”, E.H. Carr

Edward Hallett Carr, além historiador, diplomata e jornalista inglês, foi também um grande teórico das relações internacionais do século XX. Devido às suas pesquisas sobre a história de países do leste Europeu, especialmente sobre a atual Rússia – na época, União Soviética – e à sua carreira dentro de grandes universidades europeias como Cambridge – onde iniciou seus estudos –, Carr adquiriu uma visão ampla e diversificada acerca dos problemas internacionais, vendo-os sob uma perspectiva global e inovadora para a época.

A partir disso, o livro “Vinte Anos de Crise 1919-1939”, escrito pelo teórico em 1930, tornou-se amplamente conhecido e fora muito divulgado entre os cientistas políticos e estudantes de Relações Internacionais desde então, uma vez que apresentou uma análise interessante sobre as duas grandes guerras do século XX. Através dessa análise, Carr elabora sua crítica ao liberal-idealismo, que se estende durante a obra a fim de aprofundar sua visão sobre a utopia e realismo.

Tal visão é especificamente tratada nos capítulos III e IV. O primeiro, “O Pano de Fundo Utópico” começa contextualizando historicamente o pensamento político utópico. Ele demonstra a relação entre a utopia e a natureza que fora elaborada no século XVII e, introduz as teorias do filósofo Jeremy Bentham estabelecidas no século XIX. A aproximação dos conceitos de bem e felicidade feita por Bentham levou-o à doutrina de salvação pela opinião pública, primeira da época.

O autor relaciona tal doutrina ao plano internacional, demonstrando a nova supremacia do intelecto, aclamada no período e que levou à transplantação das teorias de Bentham antes do fim do século XIX. Logo, teorias econômicas também foram incorporadas à época, devido, segundo o próprio autor, à coincidência com o “estágio de desenvolvimento” alcançados pelos países que as incorporaram.

A Liga das Nações também encaixa-se no tema, uma vez que foi consequência do intelectualismo da época; a confusão ou interligação entre “o todo” e “o indivíduo”, que o autor demonstra, é problematizada no terceiro capítulo, para ser então desenvolvida no quarto. Carr adverte que esse problema é levado adiante e dá lugar a utopia presente

tanto na instituição que destaca, como nos pactos realizados entre as nações do século XIX.

Já sobre a questão da opinião pública, o teórico explica-a através das consequências de sua crença baseada na fé democrática liberal. Como ele aponta, a opinião pública “tornou-se um lugar comum para os estadistas, (...) explicar que eles próprios sempre desejaram ser razoáveis, mas que a opinião pública de seus países era inexorável”. Carr relaciona o problema, também, ao campo do sistema internacional e, novamente, à utopia implantada nessa teoria.

O livro torna-se ainda mais interessante, quando o autor passa a explicitar mais sua opinião sobre o tema, demonstrando as causas do colapso da década de 30. “Nenhuma sociedade política, nacional ou internacional, pode existir a menos que o povo se submeta a certas regras de conduta. Saber por que o povo deve submeter-se a tais regras constitui o problema fundamental da filosofia política”; é através dessas postulações que Carr inicia o capítulo quarto para apresentar seu ponto de vista sobre a filosofia utópica na política internacional, além de incrementá-la com a comparação entre realistas e utopistas relacionada ao tema.

O autor inova também

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