A CRISE NA VENEZUELA E A QUESTÃO DOS REFUGIADOS
Por: soaresandressa • 25/5/2019 • Artigo • 3.938 Palavras (16 Páginas) • 345 Visualizações
UNIVERSIDADE PAULISTA RELAÇÕES INTERNACIONAIS
ANDRESSA APARECIDA SANTOS SOARES - RA: D04002-2
A CRISE NA VENEZUELA E A QUESTÃO DOS REFUGIADOS
São Paulo 2018
RESUMO
O seguinte artigo, tenta explicar os fatores que desencadearam a maior crise político social da Venezuela, em como as consequências do cenário atual, podem ser explicados através das ações tomadas durante a ditadura chavista e o presente governo de Nicolás Maduro. Apresenta também em como a questão dos refugiados venezuelanos veio ocorrer, e em qual conjuntura essa situação afeta o Brasil e suas relações internacionais.
Palavras-chave: Venezuela; Refugiados; Crise; Brasil; Ações.
ABSTRACT
The following article attempts to explain the factors that triggered the greatest social political crisis in Venezuela and how the consequences of the current scenario can be explained by the actions taken during the Chávez dictatorship and the current government of Nicolás Maduro. It also shows how the issue of Venezuelan refugees came to be, and in which case this situation affects Brazil and its international relations.
Keywords: Venezuela; Refugees; Crisis; Brazil; Actions.
INTRODUÇÃO
A Venezuela vive a maior crise de sua história, um caos social e político que assola o Estado venezuelano. Em 1999, Hugo Chávez assume a presidência do país, um governo extremamente nacionalista, que fez do petróleo sua principal fonte de renda e que não admitia uma influência estrangeira. Durante o seu mandato, mesmo sendo um político com caráter populista, mas que não agradava à todas as camadas da sociedade, e sofre três tentativas de golpe de Estado, supera todas, e ao decorrer dos anos que esteve no poder instala mudanças na constituição, o que faz seu governo se transformar em uma ditadura.
Após a morte de Hugo Chávez, em 2013, Nicolás Maduro assume o cargo, porém não possuí o mesmo caráter populista que o seu antecessor, o que provocou os embates políticos nas ruas entre a população a favor e contra o governo. A crise econômica se intensificou com a baixa no preço do petróleo em 2013, em consequência o país em uma crise econômica sem precedentes.
Em decorrência ao caos econômico, desemprego é gerado, falta de suprimentos em supermercados e uma população em situação de alerta, o que gera a solução de ir em busca de oportunidades em outros países. O Brasil se torna o principal destino dos venezuelanos, que se instalaram no norte do país e agravam uma falta de infraestrutura já enfrentada pelos nativos, gerando conflitos e uma super lotação na cidade com a falta de segurança e itens de sobrevivência básicos.
OS GOVERNOS CHÁVEZ E MADURO
A Venezuela sofre uma das maiores crises político-econômica de sua história. Há uma constante falta de alimentos, energia e diversos embates entre opositores e pessoas a favor do governo. Toda essa situação gerou a pior crise migratória dentro da América Latina, cerca de 2,3 milhões de venezuelanos já deixaram suas casas, em torno de 50 mil procuraram asilo político em terras brasileiras, principalmente no estado de Roraima. Mas não só o Brasil vem sendo um porto seguro para a população venezuelana, os países da América do Sul como Chile e Colômbia estão acolhendo os refugiados.
Os fatores para entender a crise, pode ser explicada através da ditadura vivida anteriormente em um período de treze anos de uma política chavista, medidas nacionalistas que resultaram na maior crise do país. Para entender o conflito na Venezuela, deve-se compreender as ações tomadas antes, e durante o governo Maduro.
A DITADURA CHAVISTA (1999-2012)
O governo Chávez iniciou-se no ano de 1999, foi eleito pelo voto da população, conquistou a maioria com 62, 46% dos votos (SOUZA, 2015, p. 53). Inicialmente, seu mandato, duraria por cinco anos, porém, alterou em 2000 a constituição permitindo a reeleição, entre outras mudanças como ter a liberdade de governar através de decretos, sem a aprovação da Assembleia Nacional. Nesse mesmo ano, consegue vencer as eleições, consegue maioria no congresso nacional, e a partir desse período na história Venezuela se inicia a ditadura chavista.
O populismo, foi a grande característica da gestão Chávez, um poder extremamente carismático. Defendia a soberania nacional acima de tudo, tanto que criticava veemente a interferência dos Estados Unidos por meio do FMI (Fundo Monetário Internacional) tanto em seu território, quanto em outros países, principalmente dentro da América Latina.
Essa era, foi marcada por imposições e leis nacionalistas que não satisfizeram uma parte da população, um governo de extrema esquerda, o que ocasionou na criação de uma corrente anti-chavista, caracterizada por greves e manifestações contra o governo lutando e querendo a renúncia de Chávez.
Em 2002, sofreu o primeiro golpe de estado, e através das objeções contra si e sua regência renuncia e se entrega aos idealizadores do golpe, o que ocasionou em um embate entre chavistas e opositores, onde os pró Chávez ansiavam a volta do presidente legitimamente eleito e por outro lado, os oponentes idealizadores do golpe (BASTOS; OBREGON, 2018). O clamor pela soltura de Chávez partiu das camadas mais pobres da população, o que ocorreu dois dias após sua prisão.
Após o atentado sofrido, Chávez tentava criar formas de manter o país em paz, porém mesmo com iniciativas que buscavam um meio termo entre os dois lados, a tentativa de golpe de estado não foi única tentativa de derrubada sofrida por Hugo Chávez. No ano seguinte, os opositores se apoiaram na maior economia do país, onde paralisaram a produção de petróleo. Mesmo com as adversidades vividas pelo governo, como déficit público, e desemprego não abalaram a base do governo, e pode-se dizer que Chávez saiu ainda mais fortalecido da segunda tentativa de golpe em seu governo (BASTOS; OBREGON, 2018).
A terceira tentativa de retirar Chávez do poder, foi realizada a partir de um referendo popular, com o intuito de revogar a posição de Hugo, porém, mais uma vez Chávez obtém a vitória popular quando, em 15 de agosto de 2004, por 58,9% dos votos, é aprovada a continuidade do mandato presidencial de Hugo Chávez (PEREIRA, 2015, p. 106-107).
Em 2006, após as tentativas de golpe, Chávez é eleito mais uma vez, com o objetivo de transformar a Venezuela em um “Socialismo do século XXI”, onde a revolução proposta por Símon Bolívar1 , estaria ocorrendo agora. Uma política totalmente nacionalista foi implantada, e esse modelo de governo, como em toda a vida de Hugo Chávez há críticas ao liberalismo mundial, e principalmente aos Estados Unidos (BASTOS; OBREGON, 2018).
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