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Manifesto Contrassexual - Resenha

Por:   •  13/4/2017  •  Trabalho acadêmico  •  4.914 Palavras (20 Páginas)  •  643 Visualizações

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

Instituto de Ciências Sociais

Relações Internacionais

Temas em Relações Internacionais




RESUMO E CRÍTICA DA OBRA “MANIFESTO CONTRASSEXUAL”

BEATRIZ PRECIADO

Beatriz Trindade

Giovanna Santos

Karoline Costa

Nathália Saturnino

Renata Mattar











Belo Horizonte

Março de 2017

Manifesto contrassexual

Práticas subversivas de identidade sexual

Beatriz Preciado

Contrassexualidade

Beatriz Preciado inicia seu texto explicando o que é a contrassexualidade, afirmando que ela é o fim da Natureza como ordem que legitima a sujeição de certos corpos a outros, sendo assim, uma análise crítica da diferença de gênero e sexo; produto de contrato social heterocentrado. Nesse caso, ela ressalta para um contrato contrassexual e os corpos que passam a se reconhecer e a reconhecer os outros como corpos falantes, deixando para trás a ideia de homem ou mulher. Então, o texto compreende as práticas sexuais como tecnologia de resistência e contradisciplina sexual.

A contrassexualidade na qual é abordada no decorrer do texto, define a sexualidade como tecnologia e alega que o desejo, a excitação sexual e o orgasmo não são nada além de produtos que se relacionam a certa tecnologia sexual - que identifica os órgãos reprodutivos como órgãos sexuais. Assim, tem por objeto de estudo as transformações tecnológicas dos corpos sexuados e generalizados. Busca, então, o estudo dos instrumentos e dos dispositivos sexuais e das relações de sexo e gênero que se estabelecem entre corpo e máquina.

A ideia de sexo como a autora avalia, é uma tecnologia de dominação heterossocial que reduz o corpo a zonas erógenas em função de uma distribuição assimétrica de poder entre os gêneros. Portanto, a diferença sexual é uma heterodivisão do corpo, na qual não é possível a simetria. E essa diferença sexual é uma operação tecnológica de redução para sintetizar determinadas partes da totalidade do corpo fazendo delas significantes sexuais.

O sistema heterossexual de produção e reprodução constituído por homens e mulheres, é abordado para demonstrar a sujeição da mulher à força de trabalho sexual e um meio de reprodução. Assim, o erotismo aos órgãos sexuais de reprodução se reduz, dando um atributo maior ao pênis considerado como algo central na produção e impulso sexual.

O texto menciona o gênero como prostético, que resulta na materialidade dos corpos sendo construído e orgânico, e comparado com o dildo, ressaltando que ambos vão além da imitação, resultando assim, em uma tecnologia sofisticada que fabrica corpos sexuais. E é através desse sexo prostético , que confere aos gêneros seu caráter sexual-real-natural. Exemplificando, desse forma,  a homossexualidade como um acidente sistemático produzido pela maquinaria heterossexual, caracterizada como anormal e abjeta.

Preciado afirma que os órgãos sexuais não existem em si. Os que são reconhecidos como naturalmente sexuais, já são produto de uma tecnologia sofisticada que estabelece a ideia de que órgãos adquirem sua significação e a utilizam com propriedade.

Um exemplo de alta tecnologia contrassexual no qual aborda no texto, é a prática do fist-fucking (penetração do ânus) de uma possível revolução contrassexual. São apresentadas três características do ânus demonstrando a desconstrução contrassexual: primeiro, o ânus é o centro erógeno universal; segundo, o ânus é uma zona primordial de passividade no qual produz excitação e prazer; e por último, constitui um trabalho tecnológico, sendo uma fábrica de reelaboração do corpo contrassexual pós-humano.

O Manifesto Contrassexual aborda os princípios da sociedade contrassexual através de treze artigos. O primeiro aborda a questão da sociedade contrassexual, que solicita a extinção da denominação “masculino” e “feminino”, conforme às categorias biológicas da carteira de identidade e de outros documentos de caráter estatal. O segundo diz respeito ao novo contratante que terá um contranome que escape das marcas de gêneros. No artigo três, a sociedade contrassexual exige a abolição do contrato matrimonial e de outros equivalentes, sendo contra a testemunha do Estado, a extinção de privilégios sociais e econômicos da condição masculina e feminina, e por fim a abolição dos sistemas de transição dos privilégios patrimoniais e econômicos - adquiridos pelos corpos falantes do sistema heterocentrado. Já no quarto artigo, são abordadas uma série de práticas contrassexuais, como ressexualizar o ânus, difundir práticas subversivas das categorias de feminino e masculino naturalizadas e simular os efeitos associados ao orgasmo. O quinto artigo refere-se ao contrato consensual que deve ser assinado por todos os participantes da relação contrassexual. O sexto artigo exige a separação da atividade sexual da atividade de reprodução. O artigo sete, afirma que a contrassexualidade denuncia as políticas atuais psiquiátricas, médicas e jurídicas que se referem à mudança de sexo, pretendendo ser uma tecnologia de produção de corpos não heterocentrados. A contrassexualidade no artigo oito  requisita a compreensão do sexo e do gênero como cibertecnologias complexas do corpo. O nono artigo determina uma regulamentação e controle das atividades praticadas. O décimo artigo determina a abolição da família nuclear como célula de produção, reprodução e consumo. O artigo décimo primeiro tem como tarefa desconstruir a casa como espaço privado de produção e reprodução heterocentrado. O artigo décimo segundo tem por objetivo promover uma pedagogia contrassexual high-tech para diversificar as práticas contrassexuais.  E por último, a sociedade contrassexual demanda que todo ato de sexualidade seja considerado um trabalho em potencial, dessa forma, a prostituição deve ser um trabalho sexual legítimo.

Práticas de inversão contrassexual

A autora aborda o assunto da dildotectônica – palavra derivada da junção de dildo (sexo de plástico) com tékton (construtor, carpinteiro) - e a utilização do dildo. A dildotectônica localiza as deformações que o dildo confere ao sistema sexo/gênero. A autora afirma que fazer dela um ramo prioritário da contrassexualidade supõe considerar o corpo como superfície, terreno de deslocamento e de localização do dildo. Por causa das definições médicas e psicológicas que naturalizam o corpo e o sexo – que colocam o dildo como um simples fetiche – isso faz com que esta empresa seja, com frequência, difícil. Com uma perspectiva heterocêntrica, o termo dildotectônica pode ser atribuído a qualquer descrição das deformações e das anormalidades detectáveis, à primeira vista, em um único ou diversos corpos que fazem o uso de dildos. A dildotectônica se coloca como meio de identificação de tecnológicas de resistência e os momentos em que se rompem a cadeia de produção corpo-prazer-benefício-corpo tanto nas culturas sexuais hétero e queer. Beatriz Preciado também assegura que é possível generalizar a noção de “dildo” para reinterpretar a história da filosofia e da produção artística.

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