Resenha A dinâmica do Capitalismo Braudel
Por: Livia VillaNova • 30/11/2018 • Trabalho acadêmico • 972 Palavras (4 Páginas) • 1.206 Visualizações
RESENHA - BRAUDEL
UFRJ
ECONOMIA INTERNACIONAL – PROF MAURICIO METRI
Trata-se a presente resenha da obra “A dinâmica do capitalismo” do historiador francês Fernad Braudel. O livro reproduz três conferências proferidas pelo autor na universidade de Johns Hopkins, nos Estados Unidos, no ano de 1977.
A obra é um pequeno volume que está estruturado em três capítulos sendo o capítulo 1 intitulado “Repensando a vida material e a vida econômica”, o capítulo 2 “os jogos da troca” e capítulo 3 “o tempo do mundo”.
No primeiro capítulo, o Autor ocupa-se de diferenciar a vida econômica da vida material, limitando-se, nesse primeiro momento, a atribuir à vida material o papel do hábito e das atividades cotidianas, destacando o autor os progressos lentos e a criação da técnica nessas atividades do dia a dia de modo a ajudar o homem em suas lutas diárias. No mais, a diferenciação é importante a fim de demarcar uma fronteira econômica entre o valor de uso e o valor de troca e auxiliar o historiador em sua tarefa de discorrer sobre a evolução da atividade mercantil ao longo dos séculos XV ao XVIII, período de ascensão e estabelecimento das bases do capitalismo moderno.
No segundo capítulo, o autor se debruça especificamente sobre as atividades troca e ocupa-se em categorizar a atividade econômica em dois níveis tratando o primeiro nível como economia de mercado e o segundo enquanto capitalismo, promovendo uma diferenciação um tanto quanto inusitada tanto do ponto de vista econômico como do ponto de vista ideológico.
Para Braudel, quanto mais próximas e transparentes fossem as atividades comerciais, (ainda não preponderantes na Europa até o século XVIII) bem como quanto menor fosse o número de intermediários na cadeia produtor-consumidor, a relação se operaria do ponto de vista da economia de mercado. Por outro lado, quanto mais distante e obscura fosse cadeia que separa produção do consumo, mais distantes e imprevisíveis o fluxo desse comércio, operado a um nível superior e sofisticado, mais estaria ele inserido na categoria do capitalismo, visto este agregar um seleto grupo de comerciantes sem qualquer especialização senão a de alocar seu capital na atividade mais lucrativa, pessoas com contatos na política e entre os estados de modo a mais facilmente formar monopólios, manipular preços, ter acesso a diferenciadas mercadorias. Enfim, com todos os contatos necessários à maximização de seus lucros.
Nesse momento histórico, esses negociantes operavam no nível do mercado e das feiras. Tamanha é a importância e a repercussão da atuação do capital nesse nível que o autor salientou o aperfeiçoamento desses instrumentos na Europa como fator determinante para a expansão de seus mercados e de seu modelo de capitalismo para todo mundo, mundo embora a atividade mercantil estivesse muito bem estabelecida em diversas regiões do globo.
Ao diferenciar economia de mercado de capitalismo o autor também observou que o sistema capitalista depende de um consenso social para a aceitação da hierarquia da qual ele se apropria, bem como de um Estado aliado que a imponha ou no mínimo seja conivente ou omisso com essa imposição de privilegio para uma minoria.
No terceiro e último capítulo, o historiador observa que as hierarquias existentes a nível social dentro da dinâmica capitalista, também persistem a nível internacional, sendo os estados privilegiados da economia mundial aqueles que integram o que o historiador chama de economia-mundo, delineadas em determinado espaço geográfico, repartindo-se em zonas sucessivas que gravitam entorno de um pólo econômico, cidade que funciona como uma espécie de capital desse grande centro e entorno da qual circula prosperidade e riqueza.
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