Resrnha - Perry Anderson “O Estado Absolutista no Ocidente”
Por: vborgessales • 23/6/2019 • Trabalho acadêmico • 811 Palavras (4 Páginas) • 710 Visualizações
ANDERSON, Perry. “O Estado Absolutista no Ocidente”; “Classe e Estado: problemas de periodização” in: Linhagens do Estado Absolutista. São Paulo: Brasiliense, 2004, pp. 15-57.
Trabalho de conclusão da disciplina de História das Relações Internacionais I – História Contemporânea, do curso de Relações Internacionais da Universidade Federal de São Paulo, elaborado durante o primeiro semestre de 2019 sob orientação do Prof. Dr. Rodrigo Medina Zagni.
Vinicius Borges Sales Santos [1]
O objetivo de analisar a construção do sistema capitalista, seus antecedentes e os motivos os quais impulsionaram a sua estruturação levaram o historiador Perry Anderson a escrever um livro que destinasse a responder esses questionamentos. Na obra “Linhagens do Estado Absolutista”, o inglês Perry Anderson utiliza da releitura da visão de Marx e Engels sobre séculos em que se deram a construção desse sistema, mais especificamente, no entendimento do materialismo histórico como ferramenta de compreensão das atividades daquele que seria o protagonista dessa transição: o Estado.
De acordo com Anderson, o Estado absolutista seria o agente, não harmonioso, responsável por realizar a passagem do sistema vigente até então, o feudalismo, para o princípio de um novo sistema, o capitalismo. O autor defende essa tese partindo de dois pontos básicos que são relacionados às características específicas desse regime.
O primeiro ponto surge das características as quais o Estado absolutista preservou do feudalismo. Perry afirma que embora houvesse uma transição de cenário, do campo para as cidades, as estruturas de estrato social se mantiveram. A classe aristocrática rural dominante apenas alterou seus métodos e locais de atuação de poder, para que pudesse manter a população geral em posição de inferioridade e ao mesmo tempo conseguisse lidar com a classe burguesa, que começava a mostrar seu rosto e potencial de crescimento. Assim, o inglês defende:
Durante toda fase inicial da época moderna, a classe dominante econômica e politicamente – era, portanto, a mesma da época medieval: a aristocracia feudal. Essa nobreza passou por profundas metamorfoses nos séculos que se seguiram ao fim da Idade média: mas desde o princípio até o final da história de absolutismo nunca foi desalojada de seu domínio do poder político.[2]
O outro ponto no qual Anderson baseia sua tese provém das mudanças realizadas no regime absolutista, sendo essas sementes para o enraizamento do capitalismo posteriormente. Mesmo com a preservação de características residuais da estrutura feudal, as reformas ocorridas no sistema feudal durante esse processo de transição seriam marcas dos primeiros passos que o sistema capitalista começava a dar. As principais bases dessa mudança dar-se-iam pela formação, ou adaptação, de determinadas unidades, sendo estas, o exército, o qual Pierre retoma Maquiavel para explicar a necessidade de forças armadas para a manutenção e expansão do território; a burocracia, sendo essa o registro da ascensão do capital; a tributação e o comércio, determinantes na nova doutrina que se moldava desde o início dos burgos; e a diplomacia, que marcou o começo da supressão das fronteiras políticas, resultando na relação de interdependência dos Estados na contemporaneidade. Assim, pode-se resumir no seguinte trecho do livro:
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