Terrorismo no Brasil numa perspectiva filosófica
Por: Luis Fernando Iglesias • 7/9/2016 • Trabalho acadêmico • 1.317 Palavras (6 Páginas) • 521 Visualizações
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO http://www.pucsp.br/sites/default/files/pucsp/logotipia/downloads/brasao_01_p.jpg
FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS
CURSO DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS
A ameaça terrorista ao Brasil
Relatório apresentado como exigência parcial para obtenção de nota na disciplina de Ética e Filosofia, do curso de Relações Internacionais da Faculdade de Ciências Sociais, ministrada pela Prof. Yolanda Gamboa.
LUIS FERNANDO MACEDO IGLESIAS - RA00185171
São Paulo
2016
O dia 13 de novembro de 2015 ficou marcado para a história contemporânea. Em Paris, ataques terroristas deixaram dezenas de mortos: explosões ocorreram próximo ao Stade de France durante um jogo entre as seleções da França e Alemanha. Além disso, três tiroteios simultâneos - entre eles um ataque à casa de show Bataclan - deixaram 112 mortos, segundo a prefeitura de Paris. O presidente francês, François Hollande, afirmou em rede nacional que estava declarado estado de emergência em toda a França e que as fronteiras seriam fechadas.
O governo francês iniciava uma verdadeira caça e investigação contra os envolvidos no atentado e enquanto isso o mundo mostrava-se chocado pela brutalidade e tamanha violência da ação, porém se apresentava também presente em dar suporte nas investigações e represálias ao grupo que havia reivindicado autonomia pelo ataque: o Estado Islâmico.
Como se não bastasse, em 2016 foi a vez da Bélgica ser palco de ataques terroristas realizados por integrantes do Estado Islâmico. O atentado ocorreu no Aeroporto Internacional de Zaventem e na estação de metrô Maelbeek em Bruxelas, na manhã do dia 22 de março de 2016. Mais uma vez, o mundo e principalmente a Europa voltaram os olhos para o país belga para consolá-lo e dispor das ajudas necessárias.
Além desses dois últimos recentes casos, há ameaças de que ocorram atentados terroristas no Brasil também. Em novembro de 2015, logo após os atentados de Paris, numa conta de um integrante do Estado Islâmico no Twitter, a mensagem “Brasil, vocês são nosso próximo alvo” gerou pânico nas redes sociais brasileiras, que chegou a ser noticiada nos mais conhecidos noticiários do país.
A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) confirmou essa ameaça ao Brasil. A agência intensificou o monitoramento de indivíduos que teriam jurado lealdade ao grupo e poderiam agir dentro do país durante os Jogos Olímpicos do Rio, em agosto. "A probabilidade de o país ser alvo de ataques terroristas foi elevada nos últimos meses, devido aos recentes eventos terroristas ocorridos em outros países e ao aumento do número de adesões de nacionais brasileiros à ideologia do Estado Islâmico", disse a Abin em nota.
Nas Olimpíadas estarão reunidos atletas e principalmente chefes de Estados de várias nações do mundo. Somado a isso, toda a imprensa internacional estará cobrindo o evento e, sendo assim, um atentado terrorista durante a realização dos jogos teria uma repercussão enorme. É importante ressaltar que os grupos terroristas têm como um de seus objetivos principais a disseminação do pânico, do medo e do terror, portanto, pode-se inferir que um evento de escala global é um palco perfeito para que o mundo tenha conhecimento dos atos destes grupos.
A definição de terrorismo, hoje em dia, se pluralizou devido aos vários casos que vem ocorrendo em diferentes localidades.
Em suma, podemos dizer que terrorismo é “o uso sistemático do terror ou da violência imprevisível contra regimes políticos, povos ou pessoas para alcançar um fim político, ideológico ou religioso”, ou então uma estratégia política que “consiste no uso de violência, física ou psicológica, em tempos de paz, por indivíduos ou grupos políticos, contra a ordem estabelecida, através de ataques a um governo ou à população que o legitimou, de modo que os estragos psicológicos ultrapassem largamente o círculo das vítimas, para incluir o resto da população do território”.
Para dissipar as simples visões e evidenciar a complexidade das questões que se situam em torno da questão do terrorismo, mostra-se bastante útil apresentar a interpretação do filósofo alemão Peter Sloterdijk na obra intitulada “Tremores de ar” (Meltemi, 95 pp.).
Sloterdijk analisa a ideia de guerra declarada não mais ao corpo, mas ao ambiente no qual o inimigo é constrangido a viver. O ponto de partida do filósofo é uma afirmação à primeira vista desconcertante, segundo a qual a contribuição original fornecida pelo século XX à história universal seria constituída principalmente pelo amalgama entre a prática do terrorismo, o conceito de projeto industrial e a ideia de ambiente.
O terror na perspectiva dele é encarado como fator de explicitação do ambiente que leva a níveis de dimensão crítica elementos precedentemente não problematizados. A cena originária da guerra química chama em causa o ar e a respiração, enquanto os atos subsequentes remetem ao calor ou à radioatividade, dado não percebido até sua radical e dramática manipulação.
Assim, Sloterdijk indica a data de 22 de abril de 1915 como o começo de uma nova era no nosso presente. Na mencionada data, os alemães derramam sobre as trincheiras francesas ajudados por ventos favoráveis 5.700 garrafas de gás mostarda: o campo de batalha havia sido ampliado à atmosfera.
Duas variáveis entram em jogo na grande arte da guerra. A colaboração do indivíduo na sua própria destruição através dos processos vitais que exigem a apropriação do meio ambiente e uma nova dimensão, o tempo, expressada através da latência na atmosfera de determinadas sustâncias invisíveis, e através da incubação no corpo desses mesmos agentes.
Após formar-se uma espessa nuvem de seis quilômetros de largura que o vento fazia avançar; os soldados não podiam deixar de respirar, e se respirassem, iriam se intoxicar. Iniciou-se o domínio do ar para semear terror.
A função de explicitação desenvolvida pelo terror,
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