TEO LOGIA DO CULTO

I Unidade

INTRODUÇÃO

Conceito

        Culto é a adoração ou homenagem à divindade em qualquer de suas formas, e em qualquer religião; veneração, reverência; preito; manifestação de uma crença por meio de ritual próprio, e que envolvem em geral preceitos éticos.

        Cultuar é prestar culto.

Uma das definições de teologia, segundo o Novo Aurélio é: estudo racional dos textos sagrados, dos dogmas (pontos fundamentais) e das tradições do cristianismo.

Então para justificar a existência desta disciplina dentro do Curso Fundamental e assim alcançar o objetivo de preparar verdadeiros adoradores, estudaremos os textos sagrados, que referem-se às manifestações cultuais, e os pontos fundamentais para o preparo e realização do Culto a Deus.

1. O VOCABULÁRIO BÍBLICO

 Alguns termos usados pelos escritores bíblicos referindo-se a culto são:

1.1. Latreia

Seu significado principal é “serviço” ou “culto”. Denota o serviço prestado a Deus, pelo povo inteiro e pelo indivíduo, tanto externamente no ritual, como internamente no coração. Em outras palavras, é o serviço que se oferece à divindade através do Culto formal, ritualístico e através de oferecimento integral da vida (Ex 3:12; 10.3:7-8; Dt 6:13; Mt4:10; Lc74; 2:37; Rm 12:1).

1.2. Leitourgia

Composto de duas palavras gregas, “povo”(laós) e “trabalho” (érgon), significa “serviço do povo.” No Antigo Testamento, aplicava-se ao serviço oferecido a Deus pelo Sacerdote, quando apresentava o holocausto sobre o altar de sacrifícios (Js 22:27; 1 Cr 23:24,28). No Novo Testamento, aplica-se essencialmente ao serviço que Cristo oferece a Deus, pois Ele é o nosso “Liturgos” (Hb 8:2,6). Em suma, “Liturgia” é o serviço que o pastor e toda a igreja oferecem a Deus à semelhança do serviço realizado por Jesus (Rm 15:16; Fp 2:17; At 13:2).

1.3. Proskunein

Originalmente, significa “beijar”. No Antigo Testamento significa “curvar-se”, tanto para homenagear homens importantes e autoridades (Gn 27:29, 1 Sm 25:23), como para “adorar” a Deus (Gn 24:52; 2 CR 7:3; 29:29; Sl 95:6). No Novo Testamento, denota exclusivamente a adoração que se dirige a Deus (At 10: 25-26; Ap 19:10; 22:8-9). Em seu emprego absoluto, significa “participar do Culto Público”, “fazer orações”, “entoar hinos”e “adorar (Jo 12:20; At 8:27; 24:11; Ap 4:8-11; 5:8-10; 19:1-7). Esta adoração compreende o ato externo e a atitude interna correspondente.

1.4. Outros termos

Os vocabulários “Eusebia” (piedade)e “Thresfeia” (religião), aparecem no Novo Testamento para expressar a conduta do adorador (II Tm 3:12; Jo 9:9-35; At 26:5; Tg 1:26). Quem adora mostra a sua devoção através de uma vida plena.

Atreladas à palavra culto estão outras como: adoração; louvor; reverência. E invariavelmente levantam-se questionamentos.

• O que é adoração? Louvor?
• Porque adorar? Louvar?
• Como adorar?

Psicólogos e sociólogos debatem à procura da razão porque o homem adora.

A Antropologia e a Arqueologia descobrem em todas as civilizações a presença da religião e do culto.

Supõem ser isto resultado do medo, do instinto gregário, do desconhecimento do futuro, numa coisa todos concordam: o homem é um ser adorador, tem espírito religioso, adora.

Todo o ser humano tem um desejo íntimo e profundo de cultuar a Deus.

Se ele não aprender a cultuar o Deus verdadeiro e único, o Deus da Bíblia, passará a adorar um deus estranho ou chamar de deuses o resultado da criação (do Deus Criador) como por exemplo:

deus chuva, deus vento.

Assim precisamos adorar ao Deus verdadeiro e conhecer a essência do Culto ao Deus verdadeiro:

Como expressão plena do nosso amor por Deus,  ao PAI o nosso culto racional (Rm 12:1). Esse “culto racional” é oferecido não somente com os nossos sentimentos e emoções, mas também concebido conscientemente na razão e no entendimento.

Quando o apóstolo Paulo ensinou que devemos falar com Deus em espírito e com a mente; cantar também em espírito e com a mente (ICo 14:15), ele estava deixando bem explícita a necessidade de cultuar a Deus nesses aspectos. É o Espírito Santo, porém, quem direciona tanto o espírito como a mente para a adoração adequada a Deus.

Somente conhecendo melhor a vontade de Deus poderemos, de fato, agradá-Lo. Essa busca por conhecer mais ao Senhor deve ser constante em nossas vidas pois nunca poderemos afirmar que sabemos tudo ou o suficiente sobre Ele e a Sua vontade. Podemos pedir a ajuda do Senhor para obter um coração semelhante ao d’Ele para, assim, sentirmos o que Ele sente e anseia, de nós e para nós (Os 6:3).  

II Unidade

O CULTO A DEUS, PREPARADO PELO PRÓPRIO DEUS

        “No princípio, criou Deus os céus e a terra.        “Onde estavas tu quando eu fundava a terra ... , e todos os filhos  Deus rejubilavam ?” (Gn 1:1; Jó 38:4-7)

Deus é o autor de toda a existência – Tudo Ele fez com perfeição e harmonia, e teve grande contentamento em sua obra, pois “...viu Deus que isso era bom” (Gn 1:10).

Toda a criação teve um propósito bem específico.

Os anjos, os céus, o firmamento e tudo o que tem fôlego, foi criado para adorar a Deus e prestar-Lhe culto (Ne 9:6; Sl 19:1; 150:6; Is 66:23; Ap 4:10-11; 15:4; 19:5).

A adoração nasceu no coração de Deus e foi aí concebida.

O culto e a adoração a Deus estão intimamente ligados e o princípio que os rege, sem dúvida, é o amor.

Deus amou a humanidade quando a formou, e teve um cuidado especial, tornando o homem literalmente Sua feitura (do grego “poiema”: Criar com as próprias mãos uma obra de arte - Ef 2:10), colocando nele Seu próprio “sopro da vida” (Gn 2:7) . Ele continuou amando os homens mesmo estando estes distanciados d’Ele, por seus pecados (Jr 31:3). Ele demonstrou esse amor de várias formas e o provou definitivamente enviando Jesus Cristo para nos redimir (Jo 3:16).    

Quando Deus criou o homem, este já sentia a necessidade de adorá-Lo, e já havia uma comunhão entre o homem e o CRIADOR. Deus providenciou um momento de encontro com o homem: