A DICOTOMIA X TRICOTOMIA
Por: Tibitatiaia Tibi • 21/10/2015 • Trabalho acadêmico • 1.861 Palavras (8 Páginas) • 1.356 Visualizações
ARTIGO Nº 08 DA CONCLUSÃO DO CURSO DE BACHARELADO EM TEOLOGIA
INSTITUTO DE TEOLOGIA LOGOS
Aluno: CLEVERSON DA SILVA NICOMEDES
Email: prcleversonico@hotmail.com
Curso: BACHALELADO EM TEOLOGIA
Modalidade: CURSO LIVRE
PACOTE DIAMANTE
DICOTOMIA X TRICOTOMIA
Haverá duas porções distintas na parte imaterial do homem? A alma e o espírito? Ou serão duas funções ou fases de uma mesma substância espiritual?
De acordo com Donald D. Turner “Há verdade em ambas as interpretações, e que há perigo em levarmos a um ponto extremo qualquer dessas interpretações”. O bom equilíbrio vai depender do fato se o crente pensa nas distinções que podem haver entre alma e espírito, ou se o crente pensa antes nas semelhanças.
1 – DICOTOMIA.
Para apoiar a Dicotomia, Donald D. Turner usa passagens bíblicas onde o vocábulo “espírito” é empregado para representar toda a porção imaterial do homem, assim como, de igual modo o vocábulo “alma”.
Turner ressalta ainda que de acordo com Marcos 8 : 36, 37; perder a alma é perder tudo, e isso é citado para provar a Dicotomia.
Outro argumento usado é o fato de que Deus fez o corpo e em seguida proporcionou vida ao homem, sem mencionar duas essências distintas, na parte imaterial que sopra em suas narinas. Segundo Turner “Os mesmos diferentes atributos que possui a parte material (corpo), assim também, a parte imaterial (espírito), possui atributos distintos”. Portanto toda substância é ou material ou espírito, e alma é espírito.
Para Turner existe um perigo na Dicotomia a ser considerado:
[pic 1]
Segundo Stanley M. Horton a Dicotomia é “provavelmente o conceito mais sustentado no decurso da maior parte da história do pensamento cristão”. Horton também declara que os adeptos da dicotomia, assim como acontece com os tricotomistas, têm a capacidade de declarar e defender suas opiniões sem cair em erros doutrinários. Horton ainda declara: “Os dois pontos de vista são corretos, sendo devidamente compreendidos”.
De acordo com A. B. Langston “O homem compõe-se de corpo e alma”. Esta dupla divisão da constituição do homem é a mais observada na vida. É a divisão que ressalta logo à vista quando ele começa a pensar a respeito da sua própria natureza. E, ainda mais, é a que se observa mais facilmente nos outros. Segundo Langston o homem compõe-se, então, de corpo e alma.
Para Langston “o corpo é o instrumento, o tabernáculo, a oficina do espírito. É o meio pelo qual ele se manifesta e age no mundo material. O corpo é o órgão dos sentidos, é o laço que une o espírito ao universo material”.
É bom notar que dessa forma o agente moral não é o corpo, senão o espírito que nele habita. O espírito é o agente, o corpo, a agência.
Langston afirma que a interpretação da Tricotomia é errônea, e que as passagens bíblicas usadas para defendê-la, uma vez bem entendidas, têm outra significação. Muitas vezes o uso destes três termos é feito apenas para enfatizar a idéia de que o homem é contemplado no seu todo, como, por exemplo, vemos no verso 30 do capítulo 12 do Evangelho de Marcos: “Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento e de toda a tua força”.
Geralmente, quando os escritores sagrados faziam uso destes dois termos – alma e espírito – tratavam de uma só coisa, em diferentes relações, diz Langston. Empregavam eles ordinariamente o termo espírito quando se referiam à relação da vida do homem para com Deus; e alma, quando faziam referência a relação da vida do homem para com as coisas terrenas.
Segundo Lewis Sperry Chafer “Quando se refere ao homem interior, a Bíblia emprega vários termos – alma, espírito, coração, carne, mente – e a questão que surge é se esses elementos são separados e devem existir um separado do outro, ou se eles são funções ou modos de expressão de um ego”.
A distinção entre alma e espírito, pode ser melhor descrita nas palavras de Oehler: “O homem não é espírito, mas ele o tem: ele é alma... Na alma, que brotou do espírito, e existe continuamente através dele, repousa a individualidade – no caso do homem, a sua personalidade, o seu eu, seu ego”.
O espírito como princípio de vida no homem tem várias aplicações: algumas vezes para denotar uma aparição (Mt 14 : 26 ; “é um fantasma (espírito)”; Lc 24 : 37; “algum espírito”; algumas vezes para denotar anjos, tantos caídos quanto não caídos (Hb 1 : 14; “espíritos ministradores”; Mt 10 : 1; “espíritos imundos”.
Quando avançamos mais um passo encontramos o espírito humano em relacionamento com o Espírito divino. Porque o homem é apenas uma criatura a quem a vida foi comunicada pelo Espírito de Deus, a vida apenas como resultante do sopro de Deus. Assim, a vida e a morte são realísticamente descritas como uma comunicação ou retirada do sopro de Deus, como em Jô 27 : 3; 33 : 4; 34 : 14; onde espírito e sopro” estão juntos.
De acordo com Chafer “A alma, embora idêntica ao espírito, tem nuanças de significado que o espírito não possui; ela representa o indivíduo”. O homem é espírito, porque ele é dependente de Deus. O homem é alma, porque, diferentemente dos anjos, tem um corpo, que o liga a terra. Ele é animal porque possui anima, mas ele é um animal racional, que o distingue dos outros animais.
Após citar G. A Auberlen, que disse: “Corpo, alma e espírito não são nada além da base real dos três elementos do ser humano, consciência do mundo, autoconsciência e consciência de Deus”, John Laidlaw afirma:
[pic 2]
Segundo Russell Norman Champlin, “a idéia dualista sobre corpo e alma, com descrição da personalidade humana, que de modo geral se vê já no fim do A T., e em todo o N.T., na realidade foi tomada por empréstimo da filosafia grega, principalmente de Platão, por meio do neoplatonismo”. O judaísmo e o cristianismo, pois, simplesmente reputaram isso como uma verdade, sem qualquer tentativa de expandir a questão, mormente, sobre a natureza do homem, ainda que muito tenha sido acrescido acerca do destino humano, mediante a revelação divina, visto que essa é a tese primordial desses documentos sagrados. Não é de surpreender, portanto, descobrirmos que a maioria dos teólogos critãos primitivos se compunha dos que criam na teoria dicotomista, pois, muitos deles eram ou filósofos neoplatônicos convertidos ao cristianismo ou estavam sob a infuência dessas idéias conforme era o caso de Justino Mártir, de Clemente de Alexandria, de Orígenes e de Agostinho.
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