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A Diáspora

Por:   •  28/10/2017  •  Trabalho acadêmico  •  2.220 Palavras (9 Páginas)  •  403 Visualizações

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A DIASPORA

Diáspora é um substantivo feminino com origem no termo grego "διασπορά", que significa dispersão de povos, por motivos políticos ou religiosos. A diáspora da qual se trata o presente trabalho é a do povo Judeu após o exílio da Babilônia.

A diáspora judaica diz respeito ao conjunto de comunidades judaicas que vivem fora da Palestina por razões de ordem política (deportações) e, sobretudo, comerciais. A principal origem da diáspora se encontra no Cativeiro da Babilônia, pois apesar da liberdade concedida por Ciro II, rei da Pésia, de regressarem à Palestina, a maior parte dos judeus preferiu permanecer na Babilônia. A partir daí se dispersaram por outros países de tal modo que passou a haver mais judeus fora do que dentro da Palestina.

  1. O DESTINO DA ELITE POLÍTICA

Alguns textos administrativos babilônios que são datados entre o 10º e o 35º ano de Nabucodonosor, nos fala que o ex-rei Yoyakin, recebia porções alimentares e de óleo diferenciadas, mas também junto com seus cinco filhos, era conhecido como o “rei de Judá”. Quando Nabucodonosor morre, e sucede-lhe Marduk, Yoyakin torna-se uma espécie de hospede de honra. Comia à mesa do rei com um lugar superior ao dos outros reis que se encontravam em situação semelhante.

Reconhecido como o “rei de Judá”, Yoyakin fazia o papel de chefe da comunidade e era por todos respeitado. Seus filhos também eram bastante estimados e tiveram um papel importante nos episódios do exilio e também no episodio do retorno. É notável que a “casa de Davi” mantera  um creto prestigio régio na comunidade dos sobreviventes e, assim, colocavam novamente nela a esperança de uma retomada nacional que tradicionalmente não conseguia conceber de outra maneira se não a monárquica, e que por conta da ocasião, devesse unir Judá e Israel.

A profecia de Ezequiel, que é substancialmente sacerdotal, não pode abster-se da figura régia de Davi. Ao lado do rei e da familia real, subsistem organismos colegiais e de categoria: existiam os anciãos de Israel, a quem Jeremias endereça uma carta (Jr 29,1), mas mesmo assim não há um palácio, não há templo, e esse fato, que pode parecer banal, tem sérias repercussões sobre o próprio modo de conceber seu ofício. Constitui-se assim, uma forma de governo invisível e contra isso havia a visibilidade babilônica, onde era perceptível um governo e uma administração, o que mais tarde vai gerar o problema da dupla fidelidade: ao império e ao povo.

As estruturas formais de tipo politico eram impensáveis na época da diáspora, as estruturas de culto poderiam até ter se reconstruído, mas foram precisamente a expectativa do retorno e o peso simbólico do templo de Jerusalém que evitaram que isso acontecesse. Não é por acaso que não há noticias de sinagogas na Babilônia do período do exílio idealmente mobilizada pelos defensores do retorno, ao passo que se tem essas notícias depois, no período pós – exílico, agora maduro, quando na diáspora haverão de ficar os que lá queriam permanecer, que não alimentavam sonhos de regresso, mas tinham necessidade de lugares de reunião para aprender a cultivar a Lei em situação descentralizadora.

  1. A ADAPTAÇÃO AO NOVO AMBIENTE

A familia real tinha precisado adotar já na segunda geração, por evidente conveniência política, nomes babilônios, mas  a população comum, manteve a sua onomástica hebraica, bem como os seus costumes tradicionais, sinal da sua consciência e identificação. Ao fechamento em relação aos estranhos junta-se, com efeito, a formação da unidade pan-israelita, ao conceber a visão de uma reconquista comum às duas estirpes, ao fundar o mito da conquista sobre a ação das doze tribos todas juntas, ao assumir a tradição setentrional da “casa de Jacó” como referência comum.

O objetivo primário da deportação de gente comum era seu emprego como colonos agrícolas, no âmbito de um relançamento geral da agricultura babilônia. Depois de séculos de crescente degradação na manutenção da rede dos canais e de início da cultura nas terras agrícolas, os indicadores arqueológicos e textuais, são concordes em atribuir ao século IV, sob a dinastia caldeia uma fase de retomada demográfica e agrícola das terras da baixa mesopotâmia, que mostra um evidente contraste com o persistente abandono das regiões periféricas.

Paralelamente ao assentamento agrícola dos deportados  de status médio-baixo, desenvolveu-se uma inserção em atividades financeiras e comerciais, evidentemente por parte de quem tinha os meios para as empreender. É possível que se tratasse de famílias de sobreviventes abastados, mas sobretudo de emigrados voluntários de decênios anteriores, num movimento que inclui também emigrados de outros povos.

Mesmo que a população tenha mantido a tradição onomástica, alguns elementos de assimilação foram inevitáveis: adotou-se o aramaico bem como o nome dos meses babilônios. Apesar desses importantes fatos de aculturação, os exilados mantiveram muito bem sua auto-referencia étnica e religiosa. Paradoxalmente, enquanto a comunidade que ficara na Judeia se esboroava no ambiente pluriétnico circunstante, os núcleos de exilados se compactavam em torno de valores que consolidavam o sentido da identidade nacional, além de religiosa.

As famílias mantiveram memoria de suas genealogias, de suas pertenças tribais e de seus títulos de propriedade, com listas que serão utilizadas no momento do regresso. Continuaram a observar o sábado, à auscultar na boca dos profetas a mensagem que vinha de Deus, continuaram a fazer referencia ao Templo de Jerusalém sem o substituir por outros locais e por fim, continuaram a confiar na “casa de Davi” em vista de uma futura próxima restauração.

  1. DEPORTADOS E EMIGRADOS

A diáspora se empliar com os grupos deportados para a Babilônia. Paralelamente, existiam grupos que se encontravam em países estrangeiros após escolhas pessoais ou de grupo, mais ou menos livres ou forçadas por eventos e premências politicas ou econômicas.

        A documentação mais consistente vem de um importante lote de documentos aramaicos encontrados várias vezes em Elefantina no Alto Egito. Os judeus de Elefantina tinham formas de autogoverno, e podiam praticar os próprios cultos e aplicar as próprias normas jurídicas. Veneravam em primeiro lugar o Deus dos Judeus, observavam o sábado e festejavam a Pascoa, mas também veneravam divindades sincréticas ou totalmente estrangeiras.

        A existência do templo de Deus não implica, que a chegada dos colonos judeus seja mesmo anterior às reformas de Josias, mas sim que tais reformas tinham sido aceitas somente pelo filão predominante entre os exilados. Também a comunidade de Samaria tinha seu templo e contestava as pretensões monopolistas de Jerusalém.

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