Resenha Fenomenologia e Hermenêuticas de Paul Ricoeur
Por: srmesteves • 10/6/2015 • Resenha • 1.172 Palavras (5 Páginas) • 321 Visualizações
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ
Pós-graduação Stricto Sensu em Gestão do Conhecimento nas Organizações
Teoria das Organizações
Prof. Dr. Paulo Ferraresi Pegino
Resenha de:
PAUL RICOEUR
Phenomenology and Hermeneutics, in Nous, vol. 9 – no. 1
Chicago: Wiley-Blackwell, 1975, p. 85-102.
Silvio Renato Moretto Esteves
18/04/2015
Fenomenologia e Hermenêuticas
- A CRÍTICA HERMENÊUTICA AO IDEALISMO HUSSERLIANO
O filósofo Paul Ricouer, inicia seu texto propondo: Que a hermenêutica não prejudicou a fenomenologia, mas apenas sua interpretação idealística (1ª Tese), e que ambas - hermenêutica e fenomenologia - se pertencem mutualmente, sendo a fenomenologia incapaz de existir sozinha sem as pressuposições hermenêutica (2ª Tese). Na primeira parte do ensaio, o autor pretende revelar a divergência que separa a tarefa da hermenêutica de qualquer expressão idealista da fenomenologia (p. 86).
Baseado no idealismo Husserliano, Ricouer submete sistematicamente a hermenêutica critica, ponderando sobre: a) O ideal de cientificismo o qual a fenomenologia demanda não estar conectado com as ciências, e nem mesmo com seus axiomas. b) A principal fundação é na ordem da instituição. c) Subjetividade é o lugar de intuitividade plena, e que toda transcendência é duvidosa, e apenas o que reside dentro das pessoas é indubitável. d) Subjetividade então é promovida para um papel transcendental e não é a consciência empírica o objeto da psicologia. e) O processo de reflexão desenvolve suas próprias implicações éticas, ou seja, reflexão é o ato imediato e auto responsável (p. 87).
Indo contra do idealismo Husserliano, afirma que é possível de se opor à hermenêutica, teses a teses, colocando em duvidas não a fenomenologia, mas somente a este idealismo. Ele então usa a seguinte aproximação: a) O ideal do cientificismo entendido pelo idealismo Husserliano como justificativa máxima, encontra o seu principal limite na condição ontológica da compreensão (p.88). b) A exigência Hursseliana do retorna a intuição é oposta pela necessidade de toda a compreensão para ser mediada pela interpretação (p. 89), sendo neste, quando os textos se tornam autônomos da intenção do autor, e abre para uma pluralidade de interpretações, é este o momento que se faz a exegeses do texto (p.90). Para responder em qual sentido que o desenvolvimento de todas as compreensões pela interpretação se opõe ao projeto Husserliano de fundação máxima (ultimate foundation), o autor responde que em todas as interpretações, o interprete é colocado no meio das coisas, mas nunca no começo ou final, ou seja, que nas hipóteses da hermenêutica filosófica, a interpretação é um processo aberto que uma única visão não a fecha (p. 91). c) Que a fundação máxima é a subjetividade, e que toda transcendência é duvidosa, e quando mais difícil de transpuser isto se torna, até o próprio cogito pode ser submetido por uma critica radical da fenomenologia. O autor sugere que a hermenêutica de comunicação pode assumir a tarefa de incluir a critica das ideologias de auto compreensão, de duas maneiras: primeiramente, revelando o caráter instransponível do fenômeno ideológico nas bases de sua própria meditação no papel de “pré-compreensão”, considerando o objeto cultural generalizado, e logo em seguida, as hermenêuticas podem revelar uma necessidade de se criticar as ideologias, mesmo que está critica nunca alcance a sua totalidade por causa da estrutura da pré-compreensão (p. 92). d) Uma maneira radical de questionar a primazia de subjetividade é tomar por regras a teoria dos textos (p. 93). e) Em oposição à tese idealística de uma auto responsabilidade máxima de mediação do sujeito, hermenêuticas sugeri que a subjetividade seja deixada para o final, e não como primeira categoria de teoria da compreensão. A subjetividade deve ser perdida como origem radical se é para ser retida em um papel mais modico (p. 94).
- EM DIREÇÃO A FENOMENOLOGIA HERMENEUTICA
Em ordem para, ainda que limitado, mostrar a possibilidade e ao mesmo tempo estabelecer aquilo que está além do idealismo Husserliano, o autor afirma que a fenomenologia ainda é indispensável pressuposição da hermenêutica. Para fazer isto, ele sistematicamente pondera que: 1) A mais fundamental pressuposição fenomenológica de uma filosofia de interpretação é que cada questão sobre qualquer tipo de ser, é uma questão sobre o significado deste ser. Aqui o autor também afirma que a escolha pelo significado é, portanto, a mais geral pressuposição de toda a hermenêutica (p. 96). 2) Hermenêuticas é relacionada de outra maneira com a fenomenologia, especialmente, através de seu recurso de distanciação no coração da experiência de pertencer. Aqui o autor afirma que a fenomenologia começa quando, não apenas se contentando em viver ou reviver, nós interpretamos os que viveram para dar significado a eles. Estes que “viveram”, que tem a intenção de trazer para a linguagem e levantar o significado, é a conexão histórica, mediada pela transmissão de documentos, trabalhos, instituições, monumentos, que fazem o passado histórico o presente para nós (p. 97). Também elucida que o que é o sentido de pertencer (belonging-to) é nada mais que a aderência historicamente vivida, chamada por Hegel de substancia das morais. A fenomenologia dos que viveram corresponde no lado da hermenêutica, a consciência exposta a eficácia histórica (p. 98). 3) Hermenêutica também divide com a fenomenologia a tese de que o caráter derivado de um mero significado linguístico. Aqui o autor faz a ponderação de que mesmo que seja verdadeiro que toda experiência tem uma dimensão linguística, não é por ai que a filosofia hermenêutica deve começar, mas por vezes ela começa em processos ligados a arte, que nem sempre tem um aspecto linguístico (p. 98). 4) O parentesco entre o anti-predicativo da fenomenologia e da hermenêutica está mais próxima desde que a fenomenologia Husserliana começou a espalhar a percepção fenomenológica em direção a hermenêutica de experiência histórica. Ao mesmo tempo em que Husserl – afirma o autor – se manteve desenvolvendo a maneira correta de implicações temporais da experiência perceptiva, ele afirma baseado em analises próprias, que tomou o caminho para a historicidade da experiência humana de maneira geral, e em sendo assim, fica mais e mais evidente que um novo modelo de verdade que advindo da fenomenologia de percepção que pode ser facilmente transferível dentro das ciências históricas hermenêuticas (p. 100). Do outro lado, a experiência percebida, começa a aparecer como um segmento isolado artificialmente com relação à vida mundial, que por sua vez já é dotada de caráter histórico e cultural. 5) Que a fenomenologia só pode ser a pressuposição de hermenêuticas na medida em que de sua maneira, envolve uma pressuposição hermenêutica. Ele entende como pressuposição hermenêutica a necessidade que tem a fenomenologia em criar o seu próprio método para uma exegese, uma explicação, uma interpretação (p. 100). Ricouer afirma que a fenomenologia é uma busca da meditação incessável, por que a reflexão é sobrecarregada pela significação potencial da vida vivida de alguém. Baseado na assertiva de Husserl de que a fenomenologia não cria nada, mas apenas descobre, Hursserl afirma que toda fenomenologia é uma explicação na evidencia e uma evidencia da explicação, e neste sentido que a fenomenologia encontra atualização apenas como hermenêuticas (p. 101). No entanto, esta afirmação é apenas verdadeira, ou seja, está preposição somente pode ser reconhecida se, ao mesmo tempo, o idealismo da fenomenologia Husserliano continue a ser submetida a critica hermeneutica (p.102).
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