EDUCAÇÃO DE GÊNERO NOS LIVROS DIDÁTICOS
Por: Ismael Batista • 16/9/2019 • Trabalho acadêmico • 3.441 Palavras (14 Páginas) • 133 Visualizações
EDUCAÇÃO DE GÊNERO NOS LIVROS DIDÁTICOS
Ismael Andre Batista [1]
Tiago Kuskowski [2]
Thiago Augusto Koepp [3]
Resumo: O gênero é então compreendido como uma construção social, a emergir das diferenças entre os sexos. Através da consolidação de relações em sociedade essas diferenças representam valor e afirmam múltiplas posições de poder. As questões relacionadas ao gênero não dizem respeito apenas às mulheres, elas incluem também os homens, a simbologia ligada à feminilidade e à masculinidade, como aquela materializada na corporeidade, nos espaços públicos e privados, nas atividades desenvolvidas por ambos na sociedade, nos aspectos culturais e indenitários, dentre tantos outros. Nesse contexto, o objetivo deste artigo é apresentar algumas considerações acerca das representações de gênero e atividade profissional no livro didático, especificamente, como os sentidos relacionados à profissão feminina e profissão masculina são produzidos em discursos inseridos nas propostas de atividades e sugestões de respostas dos autores. Para tanto, serão utilizados dois Livros Didáticos (LD’s) de matemática do 7° ano dos anos finais do ensino fundamental, também será desenvolvida a análise dos LD´S para lidar com as questões de gênero e sexualidades no ambiente escolar. Está pesquisa será de caráter qualitativo, para análise serão observadas comparações entre imagens e até mesmo a linguagem empregada com relação à figura e imagem, ou seja, a linguagem empregada para as imagens “masculinas” e “femininas”, também será utilizada referencias bibliográficas.
Palavras-chave: Gênero. Profissão. Livro Didático.
1 INTRODUÇÃO
Os Livros Didáticos (LD’s) constituem um recurso de fundamental importância e largamente utilizadas em sala de aula, trazendo consigo uma metodologia de ensino, uma concepção de ser humano, de educação, de ciência, de ambiente, concepções que influenciam fortemente a formação dos alunos. No Brasil, sua importância ainda é maior uma vez que diversas pesquisas têm apontado que o livro didático determina o que se ensina e o como se ensina. Infelizmente, é muito comum que a sequência de assuntos abordados em sala de aula siga rigorosamente a ordem apresentada pelo livro didático adotado.
Este artigo discute a importância dos estudos de gênero nos Livros Didáticos, visto também um pouco da história do tema, com base nesses ideais o objetivo do artigo será analisar gênero nos Livro Didáticos do 7° ano, o tema da pesquisa será analisar nos LD´s as questões de gênero, aqui nos atentaremos mais a linguagem e imagens que fazem relação com o sexo masculino e feminino. O gênero é então compreendido como uma construção social, a emergir das diferenças entre os sexos. Através da consolidação de relações em sociedade essas diferenças representam valor e afirmam múltiplas posições de poder. No presente estudo uma especial atenção às imagens referentes a questões de gênero,
Está pesquisa será de caráter qualitativo, para análise serão observadas comparações entre imagens e até mesmo a linguagem empregada com relação à figura e imagem, ou seja, a linguagem empregada para as imagens “masculinas” e “femininas”, também será utilizada referencias bibliográficas. Com foco nessas comparações foram utilizado dois Livros Didáticos, um do Eduardo Chavante, Matemática 7° e Vontade de Saber, autores Joamir Souza e Patrícia Moreno Pataro, ambos do 7° ano dos anos finais do ensino fundamental.
Parte-se do inicio que consiste apresentar o tema, aonde surge, em que época aparece o tema, e faremos uma analise como será ou é empregado o tema em um LD’s, essa análise será feita através de quadros comparativos aonde será mostrado, num comparativo, quantas imagens de gênero (sexo feminino e sexo masculino) os LD’s apresentam ou até mesmo a linguagem que é utilizada na abordagem desse tema.
Um fator importante para essa pesquisa foi o fato de ser um assunto transversal, ele é um tema cotidiano do aluno, mas não somente dos alunos e sim também dos professores. Por ser um tema transversal uma das questões pela escolha do mesmo foi o fato de como um assunto desses pode ser trabalhado em sala de aula. Mas o que são esses temas transversais segundo o Ministério da Educação (MEC), “são temas que estão voltados pra a compreensão e para a construção da realidade social e dos direitos e responsabilidades relacionados com a vida pessoal e coletiva e com a afirmação do princípio da participação política. Isso significa que devem ser trabalhadas, de forma transversal, nas áreas e/ou disciplinas já existentes”. Os temas transversais, nesse sentido, correspondem à questão importante, urgentes e presentes sob varias formas na vida cotidiana.
2 GÊNERO UMA CONCEPÇÃO HISTÓRICA
O termo gênero originalmente vem do Latim genus, que significa “nascimento”, “família”, “tipo”. Tradicionalmente, o termo gênero é utilizado como um conceito gramatical de classificação de palavras, dividindo-se entre: masculino, feminino e neutro. Embora em sua origem grega, genos e geneā, o termo também fizesse referência ao sexo, foi somente a partir do século XV que esta associação passou a ser mais utilizada, ou seja, o termo gênero passou a ser sinônimo do sexo biológico dos indivíduos. Consequentemente, os termos masculino e feminino tornaram-se especificações do gênero, sendo o primeiro empregue aos machos e o segundo as fêmeas. (Merriam-Webster Online Dictionary; Online Etymology Dictionary; The American Heritage Dictionary of the English Language, 2000; The New Oxford Dictionary of English, 1998).
Podemos afirmar com Donna Haraway (2004, p. 211) apud Carvalho (2011, p. 101) que:
[…] apesar de importantes diferenças, todos os significados modernos de gênero se enraízam na observação de Simone de Beauvoir de que “não se nasce mulher” e nas condições sociais do pós-guerra que possibilitaram a construção das mulheres como um coletivo histórico, sujeito-em-processo. Gênero é um conceito desenvolvido para contestar a naturalização da diferença sexual em múltiplas arenas de luta.
Mas é preciso estar atento para o fato de que este “paradigma da identidade de gênero”, pois o pensamento feminista das décadas de 70/80 utilizava, portanto, o gênero apenas como um conceito que se somava ao sexo e não como um substituto. Neste tipo de uso, gênero é associado aos traços de caráter e ao comportamento, enquanto sexo descreve o corpo e a biologia, ambos referidos a indivíduos. Esses continua sendo o uso mais frequente do conceito, hoje difundido até mesmo no senso comum (Nicholson, 2000).
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