A Parte que Faltava

Em um final de domingo parei por um instante para observar pela janela que as folhas secas pairavam lá fora, depois da passagem de uma garoa fina, as árvores pareciam dançar no ritmo do vento forte, estava vestida com um vestido azul naquele dia, cabelos presos meias confortáveis e um bom café. De uma coisa é certa adoro olhar para chuva é como se fosse um renovo pra alma que sempre está a procura de algo.

Bom, eu não tenho muitas conquistas, eu sou uma aprendiz de confeiteira e que perambula por aí pensando em realizar sonhos que parecem impossíveis. De um tempo pra cá minha vida era totalmente baseada em farinha, ovo, fermento, chocolate, baunilha e fogo. Não tinha tempo para pensar nas minhas questões interiores, volta e meia sentia um vazio e tentava preencher me ocupando cada vez mais com as atividades no ateliê. Dias se passaram e cheguei no meio limite, meus pensamentos se dividiam e não me deixavam em paz com uma dúvida que me consumia: Será que preciso preencher esse vazio? Pensei em diversos modos de me sentir preenchida, desde saideiras com amigos até mesmo uma sexta sozinha com um bom vinho.

Em um feriado decidi me trancar no quarto, e ficar sozinha com o meu eu para me analisar. Eu sempre tive medo de olhar para dentro de mim. Fazer auto análise assusta, e ao observar detalhadamente todos os cantos, encontrei lugares despercebidos e que precisam de mais atenção. Lugares que deixei de lado por medo de acordar monstros do passado e afundar nos pensamentos, foi então que percebi que por mais que liberasse tudo dentro de mim ainda sim uma parte me faltava.

Sempre falta, você acha, e ai falta, e se quebra, solta, perde, acha e não falta, mas depois falta e é isso, as vezes pensamos que temos um buraquinho vazio que temos que tapar tudo, mas sempre está faltando alguma coisa. Dito que você é um ser humano, e tem que saber lidar com as faltas, tudo bem