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A SOCIOLINGUISTICA

Por:   •  21/5/2015  •  Resenha  •  2.543 Palavras (11 Páginas)  •  251 Visualizações

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Curso: ______________________ semestre: __________

Professora: Raquel Queiroz – Construção da Linguagem oral e escrita

SOCIOLINGUÍSTICA

A  sociolinguística ou sociologia da linguagem, é uma disciplina da linguística que estuda os aspetos resultantes da relação entre a língua e a sociedade, concentrando-se em especial na variabilidade social da língua.  Apesar da falta de estudos sistemáticos que comprovem estas observações, é possível verificar que o português falado na região de Lisboa tem sofrido profundas alterações desde os finais dos anos 80, na medida em que a   cidade recebeu uma onda de imigração de origem africana com grande impacto cultural e demográfico, o que afetou a língua falada em Lisboa, nomeadamente ao nível do léxico com palavras como: "dama", "bué", etc. Pode também observar-se que a língua muda de geração em geração, e que palavras como "chato", "chatice" e" chatear", que nas décadas de 60 e 70 eram consideradas calão, são hoje palavras que circulam num nível corrente de linguagem. Também parece haver diferenças entre a linguagem usada pelos homens e a linguagem usada pelas mulheres. Note-se por exemplo, que ainda nos nossos dias o uso de palavrões está mais associado às comunidades masculinas do que às femininas, como se pode observar pelo número praticamente inexistente de mulheres seguidoras da modalidade de comédia mediática que é o stand- up comedy, muito apoiado no cómico de linguagem com base no calão. Além de fenômenos relacionados com a variação étnica e etária das línguas, a sociolinguística procura explicar também a formação de "variantes de prestígio", de que são exemplos as designações de "português padrão" ou "português correto", anteriormente correspondentes à variedade falada em Coimbra, mas mais recentemente identificadas com a variante falada em Lisboa. 
Qualquer estudo sociolinguístico deve partir de uma análise cuidadosa do mapa sociológico de uma comunidade, uma vez que quanto mais complexo for o seu tecido social, mais heterogéneo será o uso que essa comunidade faz da língua. Em geral, os fatores sociais que apresentam o maior poder de influência sobre a variação linguística dentro de uma comunidade são o 
sexo, a idade, o nível de instrução, o nível socio-cultural e a etnia a que pertence um determinado grupo. É óbvio que nem todos os fatores têm que funcionar de forma idêntica em todas as comunidades e para cada comunidade é preciso ter em consideração o contexto em que está inserida, ou seja, as suas coordenadas sociais, geográficas, culturais, econômicas, históricas e temporais. As consequências da variação linguística afetam majoritariamente os planos fonético-fonológico e morfológico das línguas, ainda que outros planos possam ser afetados. Seguem-se a título de exemplo alguns fenômenos de variação dependentes do nível de instrução em português europeu:

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Plano fonético-fonológico:  "sarralheiro" em vez de "serralheiro"; "gasoilo"em vez de "gasóleo"
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Plano morfológico: regularização de paradigmas flexionais nas 2.ªs pessoas do Pretérito Perfeito do Indicativo - ex: "*tu vistes", "*tu contastes" e "*vós ouvisteis", "*vós contasteis" em vez de "tu ouviste/contaste" e "vós ouvistes/contastes"
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Plano sintático: "*a gente vamos" em vez de "a gente vai/ nós vamos"
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Plano lexical: expressões como "*derivado a" em vez de "devido a"; 

A Sociolinguística tem por objeto de estudo os padrões de comportamento linguístico observáveis dentro de uma comunidade de fala e os formaliza analiticamente através de um sistema heterogêneo, constituído por unidades e regras variáveis. Esse modelo visa a responder a questão central da mudança linguística a partir de dois princípios teóricos fundamentais: (i) o sistema linguístico que serve a uma comunidade heterogênea e plural deve ser também heterogêneo e plural para desempenhar plenamente as suas funções; rompendo-se assim a tradicional identificação entre funcionalidade e homogeneidade; (ii) os processos de mudança que se verificam em uma comunidade de fala se atualizam na variação observada em cada momento nos padrões de comportamento linguístico observados nessa comunidade, sendo que, se a mudança implica necessariamente variação, a variação não implica necessariamente mudança em curso (cf. LABOV, 1972, 1974 e 1982 e 1994; e WEINREICH, LABOV e HERZOG, 1968).

Assim, os processos de mudanças contemporâneas que ocorrem na comunidade de fala são primordiais na Sociolinguística. Comunidade de fala para esse modelo teórico-metodológico não é entendida como um grupo de pessoas que falam exatamente igual, mas que compartilham traços linguísticos que distinguem seu grupo de outros; comunicam relativamente mais entre si do que com os outros e, principalmente compartilham normas e atitudes diante do uso da linguagem. (cf. LABOV, 1972; GUY, 2000).

Dessa forma, para os sociolinguistas, nas comunidades de fala, frequentemente, existirão formas linguísticas em variação, isto é, formas que estão em coocorrência (quando duas formas são usadas ao mesmo tempo) e em concorrência (quando duas formas concorrem). Daí ser a Sociolinguística Variacionista também denominada de Teoria da Variação.

Toda a análise sociolinguística passa então a ser orientada para as variações sistemáticas, inerentes ao seu objeto de estudo, a comunidade de fala, concebidas como uma heterogeneidade estruturada. Não existe, portanto, um caos linguístico, cujo processamento, análise e sistematização sejam impossíveis de serem processados. Há, pelo contrário, um sistema (uma organização) por trás da heterogeneidade da língua falada.

As formas em variação recebem o nome de "variantes linguísticas". Tarallo (1986, p. 08) afirma que: "variantes linguísticas são diversas maneiras de se dizer a mesma coisa em um mesmo contexto e com o mesmo valor de verdade. A um conjunto de variantes dá-se o nome de variável linguística". Essas variáveis subdividem-se em variáveis linguísticas dependentes e independentes. A variável dependente é o fenômeno que se objetiva estudar; por exemplo, a aplicação da regra de concordância nominal, as variantes seriam então as formas que estão em competição: a presença ou a ausência da regra de concordância nominal. O uso de uma ou outra variante é influenciado por fatores linguísticos (estruturais) ou sociais (extralinguísticos). Tais fatores constituem as variáveis explanatórias ou independentes.

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