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Disciplina: CCJ0107 - CIÊNCIA POLÍTICA

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Por:   •  18/8/2014  •  1.526 Palavras (7 Páginas)  •  619 Visualizações

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aso Concreto 1

Tema: Retórica

Leia, atentamente, o texto “A retórica e o espetáculo na política contemporânea” de Verbena Córdula, e responda: 1) O que você

entendeu por retórica? 2) Qual é a relação, que você entendeu, entre retórica e espetáculo na política? Justifique as suas respostas.

O campo da comunicação de massa é imprescindível ao processo de construção da cidadania política. Mas, temos que considerar que

essa comunicação é constituída por discursos e, conforme adverte o linguista e doutor em Comunicação Milton José Pinto (2002), "os

modos de dizer podem ser explicitados em modos de mostrar, de interagir e seduzir" (p. 27). Pois bem. Os horários reservados à

propaganda eleitoral gratuita na televisão e no rádio brasileiros podem ser ótimos objetos para esse exercício interpretativo sugerido

por ele.

Ainda de acordo com Pinto, é preciso ter à disposição conhecimentos e técnicas de análise linguística e semiótica adequados a essa

tarefa. O pesquisador da Comunicação e Cultura Jesús Martín-Barbero (1987) adverte que pensar a política a partir da comunicação

significa colocar em primeiro plano os ingredientes simbólicos e imaginários presentes nos processos de formação do poder. Por essas e

outras razões nunca foi tão pertinente a discussão acerca das novas configurações das eleições na sociedade midiatizada como agora,

quando das campanhas veiculadas na televisão e no rádio (e principalmente na primeira). É inegável a estreita relação entre política e

comunicação de massa, sobretudo se pensarmos em termos de visibilidade dos chamados atores ou agentes políticos.

Conforme Michel Foucault (1984) não podemos reconstruir um sistema de pensamento a partir de um conjunto definido de discursos,

mas esse conjunto deve ser tratado de modo a nos permitir ir além dos enunciados, buscando a intencionalidade do sujeito falante, sua

atividade consciente, o que quis dizer. Nessas palavras de Foucault está embutida a advertência de que não existe discurso livre de

ideologia. É importante percebermos que a produção discursiva interfere nas relações sociais estabelecidas entre os sujeitos, pois quem

constrói enunciados objetiva aceitação, credibilidade.

Comunicação ainda incipiente

Aristóteles, em sua Retórica, afirmou que mostrar-se a si mesmo sob determinado aspecto é fazer supor aos ouvintes que temos para

com eles determinada disposição. Essas palavras de um filósofo da Antiguidade continuam tendo validade no mundo contemporâneo,

posto que a retórica forma parte do jogo político. Na política contemporânea é condição sine qua non, entre outras questões, que os

atores representantes da instância política joguem com as estratégias discursivas com a finalidade maior de construir o consenso. Para

isso, em grande medida buscam parecer, conforme assinala o professor da Universidade de Paris-Nord Patrick Charaudeau (2005).

O professor da Universidade Federal das Bahia Wilson Gomes (2004) diz que o advento da televisão acarretou mudanças na atividades

política atual e demandou a formação de novas competências e habilidades no campo político, salientando que, em consequência disso,

as estratégias eleitorais pressupõem uma cultura política baseada principalmente no consumo de imagens públicas. Gomes afirma ainda

que o processo de produção e de veiculação de imagens e de disputa pela imposição das imagens predominantes assumem posição de

destaque na atividade estratégica da política.

A despeito da importância e inegável potencial da comunicação de massa na sociedade contemporânea, sua utilização nos processos

eleitorais pode ser considerada (com raras exceções) incipiente, pois a quase totalidade da ênfase é dada aos processos de fabricação de

imagens e de discursos que, em última instância, são apresentados como produtos a serem consumidos pelo(a)s eleitore(a)

s/consumidore(a)s.

A retórica e a poética

Esta constatação nos força a refletir, de modo pessimista, sobre a função que atualmente exercem os meios de comunicação de massa

nesses processos eleitorais. Isto porque as discussões importantes em torno das propostas que deveriam ser estruturadas pelo(a)s

candidato(a)s – tanto aos cargos legislativos como também aos executivos – perdem lugar para a exposição exacerbada de

imagens/discursos pré-fabricados pois, como bem afirma Charaudeau (2005), "é preciso que o político saiba inspirar confiança,

admiração, isto é, que saiba aderir à imagem ideal do chefe que se encontra no imaginário coletivo dos sentimentos e das emoções" (p.

81).

Charaudeau nos adverte ainda que o discurso político não se pauta mais pelo conteúdo das ideias, mas pela simulação. O também

teórico francês Gilles Lipovetsky (1990) complementa esse pensamento quando diz que o discurso político, ao ser construído de forma

espetacular, torna-se menos enfadonho e, em consequência, aqueles que não se interessam por ele podem encontrar algum interesse mesmo que seja no político, alimentado entre outras cosas pelo que ele denominou de o "show do homem na arena".

Considerando essas assertivas devemos atentar para o fato de que, na contemporaneidade, o espetáculo assumiu tal protagonismo

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