O Transplantes
Por: Camile de Souza • 3/4/2018 • Trabalho acadêmico • 1.314 Palavras (6 Páginas) • 127 Visualizações
RUTE DE JESUS GUEDES
ESTUDO DIRIGIDO
1 – O processo de doação é definido como "o conjunto de ações e procedimentos que consegue transformar um potencial doador em doador efetivo", sendo caracterizado o doador efetivo, quando é removido pelo menos um órgão sólido para transplante. Mesmo que um potencial doador se torne um doador efetivo, não significa que todos os órgãos poderão ser aproveitados. Para isso é necessário garantir uma adequada preservação destes órgãos até a extração e efetiva doação. Por isso, o número de doadores efetivos representa um percentual muito menor que a quantidade de potenciais doadores. Um dos grandes problemas encontrados é a manutenção dos parâmetros hemodinâmicos estáveis dos potenciais doadores visto que durante o processo ocorre uma série de alterações fisiológicas que contribuem para a instabilidade do doador e consequentemente inviabilidade dos órgãos.
2 – Nem todo paciente que tenha tido morte encefálica pode ser um potencial doador visto que a morte encefálica pode ser causada por diversos motivos que inviabilizam a utilização de seus órgãos, outro ponto que deve ser considerado é a obtenção de informações clínicas e laboratoriais, que vão embasar a decisão da utilização dos órgãos e tecidos para transplante, com o mínimo de risco para o receptor, pois, infecções, portadores de sorologia positiva, diagnósticos de carcinomas, envenenamentos, infecções virais, são fatores que impedem a doção, há também o fato de que durante o processo de morte encefálica, ocorre uma série de alterações fisiológicas que contribuem para a instabilidade do doador, tais como: hipotensão, hipotermia, acidose metabólica, edema pulmonar, coagulação intravascular disseminada, entre outros. O doador com morte encefálica pode doar os seguintes órgãos e tecidos: coração, pulmões, fígado, rins, pâncreas e intestinos, córneas, pele, ossos, tendões e veias, desde que esses estejam estáveis e com suas funções normais.
3 – Após a confirmação do diagnóstico de morte encefálica, é que o processo de doação de órgãos, propriamente dito, tem início. Nesse momento, o médico intensivista abre o protocolo de morte encefálica e comunica ao coordenador hospitalar de transplante que trabalha nas Organizações de Procura de Órgãos (OPO) sobre um potencial doador. Após confirmada a morte encefálica, através dos testes necessários para confirmação do diagnóstico e avaliação do prontuário do potencial doador, se viável, se faz a comunicação da morte aos familiares, caso este manifestem consentimento para a doação, a Central de Transplantes é comunicada, está por sua vez revisa o protocolo de morte encefálica para assegurar-se de que todas as exigências legais foram cumpridas, abre a etapa de investigação clínica do potencial doador e após os resultados e de acordo com o que se combinou com a família, marca a hora do início da cirurgia de retirada dos órgãos e tecidos.
4 - Considerando-se o impacto das religiões na vida e ações de seus praticantes, faz-se necessário um conhecimento maior acerca do posicionamento das religiões com relação à doação de órgãos, já que as taxas de recusa familiar mais significativas se relacionam a indivíduos com maior religiosidade, porém na literatura identifica-se que praticamente todas as religiões, mesmo que cada uma se posicione do modo que acredita ser o correto perante sua doutrina, são favoráveis à doação de órgãos. Destaca-se, portanto, a importância de debates e elucidações nas variadas religiões entre seus fiéis e orientadores, pois, muitas vezes os familiares acreditam que o ato de retirar órgãos causaria uma interferência negativa no desligamento do espírito do corpo, já que se predomina a crença de que o espírito permanece ligado ao corpo por vários dias e de que a retirada de órgãos seria traumática para o espírito.
Assim, é fundamental que os profissionais de saúde possam respeitar, compreender e orientar os familiares de um possível doador de modo a realizarem o gesto de generosidade em consonância com suas crenças.
5 – A dificuldade de obter autorização das famílias em tempo hábil para a utilização dos órgãos disponíveis ainda é um dos maiores obstáculos aos transplantes. A razão dessa dificuldade é principalmente o desconhecimento e a ignorância da família a respeito do assunto e a falta de preparo dos hospitais e profissionais da saúde em conseguir explicar, convencer, confortar e ajudar as famílias nesse momento de dor. Primeiramente, deve-se abordar os preconceitos e mitos que acompanham a ideia do transplante: o público em geral desconhece as definições e pré-requisitos para que possa ocorrer um transplante. A população recebe, em sua maioria, informações sobre o assunto por meio da televisão e outros meios de comunicação. No entanto, essas fontes nem sempre exercem influência positiva, pois muitas notícias sensacionalistas e com informações equivocadas são veiculadas, permitindo que mitos sejam criados e repercutidos na sociedade.
Há, ainda, outra questão importante: a ignorância das pessoas acerca do tema. Isso envolve a conscientização sobre a importância da doação, especialmente o esclarecimento sobre o complexo processo que compõe o ato de doar, desmistificando-o e tornando-o um ato de generosidade, consciência e solidariedade com o próximo.
6 – Para que o número de doadores possa aumentar, estar claro a necessidade de se implantar uma educação voltada a conscientizar e educar a população sobre a doação de órgãos, tanto em relação ao seu processo quanto a sua importância, através de ações públicas de saúde, atuando em parceria com organizações não governamentais (ONG) que disseminem informação como campanhas em escolas, profissionais da saúde ou amigos e familiares na busca da conscientização e melhoria dos serviços e campanhas destinados a educar a população quanto à importância, relevância e benefícios de dizer “sim” à doação de órgãos e tecidos. A ciência do transplante não é ensinada de maneira geral, assim a população não adquire conhecimento sobre esse assunto. É preciso tornar-se veiculadores de informações corretas e precisas sobre os transplantes evitando que se perpetuem ideias fantasiosas e errôneas sobre suas etapas, e consequentemente aumentar o número de doadores efetivos. É fundamental o desenvolvimento de responsabilidade cívica, com a promoção de atividades que proporcionem o bem comum, como a doação de órgãos e transplante.
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