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Por:   •  28/10/2013  •  2.849 Palavras (12 Páginas)  •  438 Visualizações

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Obesidade infantil e exercício

Obesidade na infância está se apresentando como uma

epidemia global. Nas últimas décadas duplicou a incidência da obesidade entre as crianças e adolescentes. Nos Estados Unidos aproximadamente 25% das crianças entre 6 e 17 anos são obesas ou apresentam risco de sobrepeso. A obesidade representa nos Estados Unidos a doença nutricional mais prevalente entre crianças e adolescentes. Nas nações em desenvolvimento, a obesidade coexiste com a desnutrição, provavelmente pela modificação dos hábitos e estilo de vida, que se tornaram mais “americanizados”.

A obesidade infantil está associada a conseqüências negativas para a saúde da criança e do adolescente, incluindo dislipidemias, inflamações crônicas, aumento da tendência a coagulação sangüínea, disfunção endotelial, resistência a insulina, diabetes tipo 2, hipertensão, complicações ortopédicas, alguns tipos de cânceres, apnéia do sono, estatohepatite não alcoólica. Quadro psicológico conturbado, com diminuição da auto- estima, depressão e distúrbio da auto-imagem, também está associado à obesidade infantil.

Como a criança obesa tem um maior risco de tornar-se um adulto obeso, poderá haver conseqüências profundas na saúde publica nos próximos anos como resultado das comorbidades associada à obesidade, como diabetes tipo 2, doenças cardíacas isquêmicas e infarto. Quando 508 indivíduos do estudo Harvard Growth Study, originalmente observados entre 1922 a 1935, foram reexaminados 55 anos mais tarde, os pesquisadores demonstraram que os adolescentes obesos apresentaram na idade adulta maior risco de múltiplos problemas de saúde que os adolescentes que não eram obesos, independentemente do peso na idade adulta.

O Bogalusa Heart Study determinou a relação entre obesidade e o risco de doenças cardiovasculares. Das 9.167 crianças na idade escolar de 5 a 17 anos que participaram do estudo, 11% apresentavam obesidade; 58% das 813 crianças obesas apresentavam pelo menos um risco cardiovascular adverso. Fatores de risco incluíam níveis elevados de colesterol, elevação da pressão arterial e elevação dos níveis de insulina de jejum. Entre adolescentes que faleceram de trauma, a presença de fatores de risco das doenças cardiovasculares foi correlacionada com doença coronariana aterosclerótica assintomática, e nos obesos as lesões aterosclerótica estavam mais avançadas.

O diabetes mellitus tipo 2, que há alguns anos apresentava-se como entidade rara entre adolescentes, agora é considerado em certas populações como a metade dos novos casos de diabetes diagnosticados. O aumento do diabetes tipo 2 é atribuído ao aumento da obesidade infantil.

Complicações respiratórias, como apnéia do sono, asma e intolerância aos exercícios, são freqüentes em crianças obesas e podem limitar a prática de atividade física e dificultar a perda de peso.

A obesidade parece ser condição familiar. Crianças com idade entre 3 e 10 anos com pais obesos têm o dobro de chances de tornar-se adultos obesos quando comparadas com crianças obesas cujos pais não são obesos. Crianças de 1 a 2 anos com um dos pais obeso expressa um aumento do risco de obesidade em 28% . O status de obesidade infantil após os 6 anos correlaciona-se com obesidade na idade adulta; entretanto, a criança obesa antes dos 3 anos de idade não predispõe à obesidade na fase adulta.

O ambiente familiar influencia o desenvolvimento da obesidade na criança. Hábitos de ingerir “fast-food”, modificações da composição dos alimentos com ingestão de alimentos densos, ricos em gorduras, refrigerantes, porções de alimentos ricos em açúcar com altos índices glicêmicos e aumento da porção das refeições são hábitos da família que podem levar à obesidade infantil. Pesquisas demonstram também que a inatividade da família prediz a inatividade da criança. A atividade física dos pais influencia a freqüência de exercício dos seus filhos.

Tratamento

O tratamento da obesidade pode compreender três formas: comportamental, farmacológica e cirúrgica. Devemos entender que o tratamento comportamental é importante e deve acompanhar os outros métodos terapêuticos. Neste capítulo daremos ênfase ao tratamento comportamental. A tentativa de mudanças nos hábitos de vida das crianças obesas torna-se essencial, promovendo o estímulo para a prática de exercício físico, assim como estimulando a criança a realizar refeições mais saudáveis e bem equilibradas.

O tratamento da criança obesa não pode ser isolado da família. Programas de tratamento de crianças obesas que incluem múltiplos membros da família têm mais sucesso a longo prazo que programas que incluem somente a restrição alimentar da criança obesa. O tratamento de crianças obesas através de mudança de comportamento da família foi motivo de um estudo de seguimento por 10 anos. O estudo utilizou orientação da dieta, programa de exercício físico e mudança de comportamento. Os resultados indicaram que os efeitos positivos da terapia iniciada entre as idades de 6 e 12 anos poderiam persistir no adulto jovem.

Deve-se incluir na pratica diária das crianças e adolescentes obesos movimentos espontâneos como brincar, correr, saltar, ir andando para a escola, etc. Iniciar uma alimentação mais saudável e equilibrada e, se possível, adotar prática regular de atividades físicas programadas. Assim, estabelecer um incentivo maior para a aderência ao estilo de vida mais ativo, incluindo esporte e modelos competitivos lúdicos.

A atividade física incentiva o compromisso da criança no controle alimentar e propicia a melhora da alto-estima. Quando comparamos a aderência de um grupo de 94 crianças obesas (IMC>95% para a idade) após cinco meses de tratamento comportamental, observamos que apenas 29% destas crianças alcançaram o final deste período. Destas, 30% pertenciam ao subgrupo de crianças que fizeram controle alimentar, enquanto 70% faziam parte do subgrupo de crianças obesas que fizeram, além da reeducação alimentar, o exercício físico programado (três vezes por semana, uma hora por dia). Setenta e um por cento das crianças que iniciaram o programa não aderiram ao tratamento comportamental.

Aspectos gerais do exercício físico na criança

Poucos estudos são dedicados aos aspectos da atividade física na criança. Os processos metodológicos para o esclarecimento das variáveis da aptidão física relacionada a crianças e adolescentes são escassos e muitas vezes impreciso.

Trabalhos recentes apontam que os meninos são mais ativos do que as meninas da mesma faixa etária, assim como a raça

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