Planejamento E Avaliação Educacional

PLANEJAMENTO E AVALIAÇÃO EDUCACIONAL: conceitos e importância no contexto da escola contemporânea

Ana Clélia Guerra da Rocha

INTRODUÇÃO

De modo geral é possível afirmar que a formação de educadores tem passado por um período de revisão e crise no Brasil. Os motivos que têm provocado esta situação são diversos. Dentre eles podemos destacar o questionamento sobre as reais funções da educação e do educador na sociedade contemporânea, além das redefinições dos cursos de Pedagogia e Licenciaturas de forma geral.

Nesse sentido observa-se, portanto uma série de reflexões sobre a formação de professores que se constituem em questões relativas ao ato de planejar e de avaliar. Esse conjunto tem sido foco de estudos, por vários estudiosos e pesquisadores, que buscam refletir e compreender melhor sua constituição e organização no campo da educação.

Na ótica de Paulo Freire (1987, p.68), “ninguém educa ninguém, ninguém se educa sozinho, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo” E para Gandin (2006), devemos conjugar o verbo “educar-se” e não “educar”, pois o termo “educar” pode se referir a um processo de domesticação.

É dentro desse contexto que percebemos que os atos de planejar e avaliar não são neutros. Pelo contrário, constituem-se enquanto processos de tomada de decisões para ações frente a entendimentos filosóficos-políticos do mundo e da realidade. Nessa perspectiva a escola deve permitir ao aluno a oportunidade de se desenvolver em seus múltiplos aspectos e, para tanto, é imperioso que repense a sua prática, refletindo sobre o significado social do seu trabalho, buscando novas alternativas para os inúmeros problemas educacionais.

No bojo desse processo que solicita novos paradigmas, o planejamento e a avaliação devem ser compreendidos como um processo de reflexão que tem como intuito principal propiciar o despertar do sujeito enquanto a necessidade de mudanças e capacitá-lo para atingir suas metas. É nesse sentido que se encontra situado este trabalho: a relação que existe entre a escola e planejamento e avaliação educacional, sua relevância diante de novas abordagens.

EDUCAÇÃO E PLANEJAMENTO

Hodiernamente a educação é concebida como fator de mudança, renovação e progresso. Por tais circunstâncias o planejamento se impõe, neste setor, como recurso de organização. É o fundamento de toda ação educacional.

A educação, por ser considerada um investimento indispensável à globalidade desenvolvimentista, passou, nos últimos decênios de nosso século a merecer maior atenção das autoridades, legisladores e educadores, pelo menos no mundo desenvolvido.

Mas, a educação é também um processo social, e, para ser compreendida, é necessário que seja analisada nas intersecções que compõem a estrutura social. Nesse sentido, não é possível compreender o planejamento da educação sem considerar os elementos que o definem como um componente do processo social, ou um sistema de significações, composto, por um lado, de relações entre os sistemas econômicos, políticos e educacionais e, por outro, pela dependência desses sistemas para realizar-se como atividade social (Williams, 1992).

Amparados em legislação pertinente, foram desencadeados processos de aceleração, principalmente no que concerne à expansão e melhoria da rede escolar e preparação de recursos humanos. No bojo desse processo o planejamento educacional põe em relevo sua necessidade como ferramenta que possibilita novas perspectivas de desenvolvimento.

Nessa ampla perspectiva tomamos como referência Coaracy (1972) para quem planejamento educacional é:

processo contínuo que se preocupa com o “para onde ir” e “quais as maneiras adequadas para chegar lá”, tendo em vista a situação presente e possibilidades futuras, para que o desenvolvimento da educação atenda tanto as necessidades do desenvolvimento da sociedade, quanto as do indivíduo.

Do ponto de vista educativo, dentro dessa perspectiva de planejamento, a educação não se limita às questões pedagógicas, pois, além da dimensão educativa, a educação tem uma dimensão política e uma função social, que é “constituir-se em um âmbito essencial de transmissão, consolidação, criação e recriação da cultura, baseada no objetivo prioritário de preservação e potencializarão da dignidade da pessoa humana” [Lamarra (1990) apud Fernandes (2005)]. Assim é possível afirmar que Planejamento educacional é uma intervenção deliberada e reacional no processo ensino-aprendizagem.

São objetivos do planejamento educacional, segundo Joanna Coaracy (1972):

 relacionar o desenvolvimento do sistema educacional com o desenvolvimento econômico, social, político e cultural do país, em geral, e de cada comunidade, em particular;

 estabelecer as condições necessárias para o aperfeiçoamento dos fatores que influem diretamente sobre a eficiência do sistema educacional (estrutura, administração, financiamento, pessoal, conteúdo, procedimentos e instrumentos);

 alcançar maior coerência interna na determinação dos objetivos e nos meios mais adequados para atingi-los;

 conciliar e aperfeiçoar a eficiência interna e externa do sistema.

A autora complementa suas afirmações lembrando que o planejamento educacional tem como pressupostos básicos:

 o delineamento da filosofia da Educação do País, evidenciando o valor da pessoa e da escola na sociedade;

 a aplicação da análise - sistemática e racional - ao processo de desenvolvimento da educação, buscando torná-lo mais eficiente e passível de responder com maior precisão às necessidades e objetivos da sociedade.

É condição primordial do processo de planejamento integral da educação que, em nenhum caso, interesses pessoais ou de grupos possam desviá-lo de seus fins essenciais que vão contribuir para a dignificação do homem e para o desenvolvimento cultural, social e econômico de um país.

Assim, o planejamento educacional torna-se crucial no sentido de atingir os verdadeiros propósitos da educação do cidadão, posto que busca direcionar a educação considerando o contexto nacional, regional, local e comunitário que o indivíduo está inserido, buscando sempre "uma educação que, pelo processo dinâmico, possa ser criadora e libertadora do homem (OLIVEIRA. 2007,