Resenha: Ditadura Militar

REGIME MILITAR

BÁRBARA BACK

Em busca da verdade, da TV Senado, gravado em 2015.

O documentário “Em Busca da Verdade” foi feito com base no trabalho da Comissão Nacional da Verdade que investigou as violações dos direitos humanos durante o período da ditadura militar. Ele mostra os resultados dos levantamentos de dados feitos pela Comissão através de entrevistas, visitas aos locais de prisão e de torturas, depoimentos e de demais fontes.

 Em 1964, um grupo das forças armadas do Brasil se aliou a setores da iniciativa privada, políticos brasileiros, parte da sociedade civil e, com apoio do governo norte-americano, derrubaram o presidente João Goulart e instituíram uma ditadura militar de 21 anos. No período da ditadura no Brasil os militares tomaram o poder utilizando como desculpa o avanço comunista e a subversão da sociedade. Essa época se caracterizou pela falta de democracia, supressão de direitos constitucionais, censura, perseguição politica e repressão àqueles que eram opostos ao regime militar. Em 2011, 48 anos depois do início da ditadura é instalada no Brasil a Comissão Nacional da Verdade e no dia 16 de maio de 2012 a então atual presidente da república Dilma Rousseff, em uma declaração emocionada fala sobre o direito do brasileiro à verdade sobre as atrocidades ocorridas neste período. A comissão investigou durante 2 anos e 7 meses os fatos ocorridos à 48 anos, que foram graves violações dos direitos humanos. Trouxe à tona depoimentos desconhecidos até então e o estado tornou oficial. Nas investigações da Comissão da Verdade não foi investigado apenas as atrocidades, mas também a organização do estado brasileiro, a organização do poder: como o golpe foi gerado, quem deu o golpe, quem usufruiu do golpe e quais as estruturas de poder que foram geradas a partir do golpe.

A ditadura ocorreu a apenas 40 anos, muito recente se comparado à história do Brasil. Por isso houve a necessidade de trazer à tona estes relatos e desenvolver investigações em cima dos ditadores. Os jovens dos anos 60 são considerados parte da geração que “quis incendiar o mundo”. Viviam diariamente com muita dor, muita violência e severa opressão. Os militares suprimiam as liberdades e os direitos individuais. A luta armada foi se tornando cada vez mais agressiva: “O primeiro passo da violência não foi dado pela resistência, mas sim pelos militares”.

Houve o financiamento da repressão por empresas privadas. Durante a ditadura, estima-se que cerca de 20 mil brasileiros tenham sido submetidos à tortura. Deles, 434 estão mortos ou ainda desaparecidos. Os métodos de tortura foram inúmeros: choques, afogamentos, espancamentos, pau de arara... Mas principalmente a tortura psicológica. Em um dado momento um dos militares investigados, quando questionado se achava corretas aquelas atitudes, respondeu que sim, pois a pessoa que está imposta à tortura está sendo acusada de um “crime”, portanto não possui nenhuma dignidade. Com o tempo as atitudes se tornaram cada vez mais sádicas, não importava a vida daqueles guerrilheiros, eles deveriam ser torturados e muitas vezes até a morte.

As violações que ocorreram com indígenas não podem ser consideradas violações porque os índios não eram militantes contra o regime. Aconteceram porque o regime tinha politicas de ocupação das terras que não respeitou os direitos indígenas. Os índios eram obstáculos que eram “fáceis” de acabar na bala. Outro grupo que a ditadura não respeitava eram as mulheres. Em uma época onde as mulheres eram vistas apenas como submissas a seus homens, eles não suportavam o fato de a mulher fazer politica. Houve muitos casos de violência sexual contra essas mulheres, muitas delas grávidas.