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Resumo A Saga Brasileira

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Por:   •  30/10/2013  •  1.670 Palavras (7 Páginas)  •  514 Visualizações

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A longa luta de um povo por sua moeda

Muitos dizem o que brasileiro tem “memória curta” e que pouco aprende com seus erros, voltando a cometê-los em pouco tempo. Se hoje temos uma moeda estável, com inflação sob controle (baseado em um sistema de metas), e que representa parte da grande transformação econômica vivida na última década, muito se deve ao fato de termos passado momentos difíceis e angustiantes ao lado de muitos planos e tentativas de estabilização monetária.

Erramos muito e, contradizendo o ditado, aprendemos e mudamos. Miriam Leitão, jornalista premiada e referência na área, aborda essa “travessia” brasileira rumo ao Real e à construção de uma economia confiável, narra em detalhes as agruras vividas pelos brasileiros diante de planos econômicos fracassados, políticos despreparados e ideias mirabolantes (e falhas). O livro mostra como a batalha pela cidadania e soberania terminou com o país vencendo a inflação.

Um século de inflação

O alerta inicial de é direto: nossos primeiros 100 anos de República, comemorados em 1989, foram marcados por inflação elevada (e vários períodos de hiperinflação). Lembrando Visconde de Taunay e sua obra “O Encilhamento”, Miriam destaca o que antes não se via: “Nesses 100 anos de encilhamento à hiperinflação o país aprendeu, dolorosamente, a lição de que a ordem monetária é a única base do progresso duradouro”.

Muitos planos, muitos problemas, mas muito aprendizado

O Plano Cruzado surgiu com Sarney em 1989 e, com o congelamento de preços, ele logo se tornou uma esperança. Os juros quase em zero fizeram o consumo estourar e muita gente então passou a satisfazer seus desejos represados de consumo. Quem mexesse nos preços sofria a intervenção dos famosos “fiscais do Sarney”. Funcionou por um tempo, mas logo o desabastecimento e o ágio passaram a fazer parte da vida dos brasileiros.

Então surgiu o Cruzado II, um plano cujo mote era aumentar os preços de serviços públicos, mas ao mesmo tempo descongelar os preços e deixá-los a cargo dos empresários. A ideia era enganar mesmo, mantendo um índice de preços arbitrário que não captasse os aumentos de preços reais. A mágica não funcionou!

“Qualquer moeda estável exige fundamentos fiscais mais sólidos. Seria necessário, nos anos seguintes, pôr ordem nas contas públicas, abrir a economia, desmontar oligopólios públicos e privados, incentivar a competição, modernizar a estrutura produtiva, mudar o Brasil. A grande lição de 1986 foi que a moeda estável não se conseguiria por mágica”

Em 1987, foi a vez do Plano Bresser, que surgiu depois de anunciado o calote na dívida externa brasileira. A credibilidade do país perante os agentes externos era ridícula – e só viria a ser recuperada anos depois. O Plano Bresser durou pouco e fracassou, entre outras coisas,

simplesmente porque os empresários se anteciparam a um novo congelamento. O resultado foi a remarcação preventiva e a prática de esconder produtos com preços que poderiam subir.

Em janeiro de 1989 apareceram o Plano Verão e a moeda Cruzado Novo. O verão nem bem terminou e o plano foi considerado um fracasso. Naquele ano, a inflação batia 40% ao mês, chegando a 55% no último mês do ano. O período merece um destaque especial

“Dar calote era um grande negócio. Vários pequenos e médios empresários deixavam títulos irem a protesto. Assim ganhavam tempo. Nunca, como naquela época, tempo foi igual a dinheiro. Quando quitavam a dívida no cartório, semanas depois, podiam pagar sem correção monetária. Um excelente negócio para quem devia”

O ano de 1989 terminou com uma inflação de 1.782%. O alho subiu 3.471%; O azeite, 3.400%. Em 1990 viria Collor, tão conhecido por permitir a abertura econômica do país (renegociação da dívida externa e início de privatizações), mas também como sendo o “caçador da poupança”. Seu plano congelou as aplicações de muitos brasileiros e colocou diante da nação uma equipe econômica fraca e despreparada.

“Apesar de a economia ter ficado em estado de coma com o ippon dado por aquele plano amalucado, apesar do imediato colapso do consumo, a inflação sobreviveu ao golpe, provando que a economia é terreno de intervenções elegantes e não de grosserias como aquela. Naquele 1990, o país teve a pior recessão da sua história”

Mudanças estruturais entraram em pauta

Todos os planos entremearam mudanças mais profundas, que foram realizadas pouco a pouco. A profissionalização da gestão monetária foi um dos passos, com a instituição do Banco Central (função antes a cargo do Banco do Brasil). O aspecto administrativo também passou por mudanças, contando a criação de um orçamento unificado e um sistema bancário mais inteligente (sem a conta-movimento).

A abertura econômica, e a consequente concorrência dos produtos brasileiros com os importados, também teve papel fundamental na modernização de nossas bases econômicas. Vivemos por muito tempo com incentivos sem contrapartida, ou seja, dinheiro público muito fácil e sem exigências de qualidade e retorno ao cidadão. Neste sentido, o Plano Collor foi um divisor de águas. Miriam aborda profundamente a questão

“Pela falta de competição de importados, os produtores locais sabiam que podiam combinar preços e baixar qualidade. O consumidor nada podia contra esses efeitos da economia. A inflação crônica tinha várias raízes, mas uma, sem dúvida, era o fechamento da economia à competição externa”

Sobre a privatização, Miriam também é enfática:

“O Brasil começou naquele tempo a desmontar um Estado que se agigantou em áreas onde o melhor é ter o setor privado com boa regulação e boa defesa da concorrência. O desmonte foi mostrando o quanto as estatais eram onerosas, cabides para os políticos, e como a descuidada administração produziu déficits, pagos por todos os brasileiros”

O Plano Real

Depois da forçada saída de Collor do poder, Itamar Franco assumiu o país e, por indicação de Roberto Freire, trouxe Fernando Henrique Cardoso para o Ministério da Fazenda – até então ele ocupava a pasta de Relações Exteriores. FHC fora o quarto ministro de Itamar para a Fazenda e aquele que deu os primeiros passos rumo ao Plano Real. A inflação em 1993 fora de mais de 1000% ao ano e era hora de fazer alguma coisa.

Fernando Henrique, então Ministro da Fazenda, assustou-se com a falta de informações

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