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VARIAÇÃO LINGUÍSTICA: ESPELHO DA REALIDADE SOCIAL

Por:   •  10/5/2015  •  Artigo  •  3.775 Palavras (16 Páginas)  •  159 Visualizações

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‘VARIAÇÃO LINGUÍSTICA: ESPELHO DA REALIDADE SOCIAL¹

DALVA SAMPAIO DA SILVA²

ORIENTADOR (A): SEBASTIÃO RAFAEL CONTIJO³

Quase me apetece dizer que não há uma língua portuguesa, há línguas em português”

José Saramago

Organizar a nota de rodapé

Resumo: O presente artigo aborda as variações linguísticas no âmbito social, sendo conceituadas como uma característica intrínseca às línguas, que é estabelecida de acordo com o modo pelo qual a língua se diferencia, sistemática e coerentemente, levando-se em conta o contexto histórico, geográfico e sócio-cultural. Dessa forma o estudo pretende analisar essas variações linguísticas como reflexo da identidade social, a partir da análise de referencial bibliográfico que destaca as principais diferenças entre língua padrão e língua informal que justificam as variações linguísticas, assim como a verificação das causas do preconceito linguístico com relação à língua padrão informal e da investigação de como as variações linguísticas são trabalhadas no âmbito escolar, com apoio em uma metodologia de cunho bibliográfico, qualitativa e descritiva de acordo com um método sociolingüístico, dentro de uma perspectiva de Labov. Em relação ao preconceito linguístico, compreende-se que esse é movido por uma cultura discriminatória, onde há uma desvalorização do padrão de linguagem informal.

Palavras-chave: Variações linguísticas – Língua padrão – Língua informal – Preconceito linguístico

Abstract: This article discusses the linguistic variations in the social, being conceptualized as an intrinsic characteristic of languages, which is established according to the way in which the language is different, systematically and consistently, taking into account the historical context, geographical and socio-cultural. Thus the study aims to analyze these linguistic variations reflecting the social identity, from the bibliographic reference analysis that highlights the main differences between standard language and informal language justifying the linguistic variations, as well as verification of the causes of linguistic prejudice against the standard language and informal research as language variations are worked in schools, with the support of a methodology of literature, qualitative and descriptive nature according to a sociolinguistic method, within a perspective of Labov. In relation to linguistic prejudice, it is understood that this is driven by a discriminatory culture, where there is a devaluation of the pattern of informal language.

Keywords: language variations - standard language - informal language - language Prejudice

INTRODUÇÃO

O principal objetivo da elaboração deste artigo é analisar as variações linguísticas como reflexo da realidade social, buscando desmistificar as principais diferenças entre a língua formal e a informal que explicam a variação linguística, assim como averiguar as causas do preconceito linguístico. Toda língua possui variações linguísticas. Elas podem ser percebidas por meio de sua história no tempo (variação histórica) e no espaço (variação regional). As variações linguísticas podem ser compreendidas a partir de três diferentes fenômenos. Nas sociedades existem variedades linguísticas usadas por diferentes grupos sociais, com distintos acessos à educação formal. Estas diferenças são notadas mais na língua falada do que na escrita. Pessoas do mesmo grupo social costumam expressar-se de maneiras diferentes em várias situações de uso, sejam formais ou não-formais. Há falares exclusivos para grupos exclusivos (médicos, professores, profissionais de informática, por exemplo), jovens e grupos marginalizados e outros usam gírias e jargões.

Estamos cientes de que a variação linguística é uma situação real e abrangente, e que a coincidência da língua padronizada pela gramática normativa e a existência das diversas formas que o falante usa para a concretização da comunicação, discordam no campo da praticidade oral e escrita. Dentro das variações linguísticas, nota-se que a Língua Portuguesa utilizada no Brasil não é homogênea, pelo contrário é constituída de muitas variedades, pois embora no Brasil haja relativa unidade linguística e apenas uma língua nacional, notam-se diferenças de pronúncia, de emprego de palavras, de morfologia e de construções sintáticas, as quais não somente identificam os falantes de comunidades linguísticas em diferentes regiões, como ainda se multiplicam em uma mesma comunidade de fala. Assim, percebe-se que as variações linguísticas fazem com que a língua seja adaptada à comunidade que a utiliza, permitindo a expressão de seu mundo físico e simbólico, onde há sempre uma ordem de valor das variedades em uso que reflete a hierarquia dos grupos sociais, ou seja, variedades consideradas superiores e inferiores. Diante de tudo que foi exposto e ao analisar as variações linguísticas como essenciais para nossa comunicação cotidiana devido a essas caracterizarem a língua, não tornando essa língua melhor ou pior, e sim simplesmente aproximando o indivíduo de uma melhor compreensão do mundo e sua relação no meio em que vive, fica evidente que essas variações permitem a expressão das necessidades humanas socialmente e a construção e desenvolvimento do mundo, o que justifica a necessidade de se estudar esse tema.

BREVE HISTÓRICO SOBRE AS VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS

Muitos estudos foram realizados com relação à linguagem, foi percebido que a língua portuguesa não é propriamente individual, mas sim que há de se considerar as variantes existentes segundo cada situação disponível. Por se considerar a língua um sistema homogêneo, o estudo das variações nunca havia despertado o interesse dos linguístas, contudo só em meados da década de 1960, quando muitos desses cientistas da linguagem perceberam que não era mais possível estudar a língua sem considerar também a sociedade em que ela é falada, é que se começou a estudar a língua na perspectiva da mudança e da variação em termos sociolinguísticos.

Segundo Bagno (2002, p. 27): A linguagem e suas variações começam a serem vistas de forma inseparáveis, desistindo da ideia de problema social, passando a linguagem a ser estudada como parte que constitui e enriquece qualquer sociedade.
O termo variações linguísticas foi aceito no momento que se passou a observar ás várias situações diferentes de comunicação, e a língua começou a ser estudada como identidade humana. 

Como bem explica Oliveira (2008): O rótulo variação lingüística ganhou destaque a partir desse momento, com as análises sobre as diversas línguas incorporando variáveis como: idade, sexo, ocupação, origem étnica e atitude. Nessa nova orientação, as tradicionais questões do “certo” e do “errado” passaram a ser vistas em termos de adequação a situação comunicativa, e os comportamentos linguísticos foram assumidos como traços identitários, como marcas individuais e, principalmente, sociais de estar na comunidade linguística.

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