Mercado imobiliario e educação informal
Por: Raphael Borges • 4/7/2017 • Resenha • 2.748 Palavras (11 Páginas) • 202 Visualizações
Universidade Federal de Goiás
Curso de Ciências Sociais – Licenciatura
Raphael Augusto Borges Vieira
Estágio Supervisionado 1
Mercado Imobiliário – Educação, críticas e uma nova forma de trabalhar
Goiânia 2017
I
Para se compreender como funciona o mercado imobiliário, primeiro é necessária a compreensão do que se entende por mercado, na definição de Matos e Bartkiw “mercado está diretamente relacionado com o meio ambiente, nele estão inseridos todos os compradores, ou seja, todas as pessoas que, de alguma forma consomem produtos e serviços para atenderem suas necessidades” (2014 p.11). Logo o mercado imobiliário é um ramo da construção civil responsável principalmente por inovar, criar e comercializar novos desenvolvimentos urbanos, podendo ser empreendimentos residenciais, como casas, edifícios de apartamentos e loteamentos, e também comerciais, como bancos, shoppings, indústrias e áreas afins.
Os principais agentes que compões o mercado imobiliário segundo as autoras são as imobiliárias, os corretores autônomos, os corretores associados a uma imobiliária, proprietário de imóvel, empresas de construção civil e seus prestadores de serviços (geralmente fornecedores materiais de construção), e dos responsáveis pelo marketing que atuam nas áreas administrativas de construtoras e imobiliárias (2014 p.15) Sendo essas as diversas ramificações do setor imobiliário com apenas um único objetivo que é o de conquistar o consumidor a adquirir o produto que mais se enquadra em suas vontades pessoais.
Historicamente o mercado imobiliário no Brasil era um ramo totalmente desregulamentado até 1964. Portanto, ao ser implantada a Lei n. 4.591, o mercado imobiliário passou a ser regulamentado e foi criado o memorial de incorporação, através do qual foi possível garantir um processo de compra e venda mais estável pois até aquele ano o consumidor não tinha uma segurança de que o processo de compra e venda não sofreria problemas de diversas maneiras, como desvio de dinheiro, não cumprimento de obras entre outros.
E por ser um ramo do mercado que tem um impacto de movimentação financeira muito forte, e consequentemente há um atrelamento direto com a economia brasileira, sendo assim um dos principais responsáveis por trazerem um desenvolvimento significativo a nação brasileira. A partir de 1980, com o fim da ditadura militar e a retomada do desenvolvimento em todas as áreas comerciais do Brasil, nunca foi tão forte a edificação civil no Brasil, e desde aquele tempo, diversas cidades começaram a se desenvolver urbanamente, influenciado diretamente ao aumento de empregos, e as grandes taxas de crescimento populacional.
O grande aumento da edificação civil pode ser notado principalmente nas grandes capitais brasileiras e em especial a cidade de Goiânia localizada no estado de Goiás, que é hoje considerada a capital mais verde do país, sendo assim atrativa pelos grandes incorporadores, e por ser próspera, o aumento da geração de empregos propiciou a seus moradores um maior poder aquisitivo. Outro fator determinante pro desenvolvimento dessa cidade.
E por ser considerada jovem, com apenas 83 anos, Goiânia é bem atrativa por ser considerada a segunda Metrópole com o metro quadrado mais barato do Brasil, o que é bastante atraente para os incorporadores, e por ser barato, acaba atraindo pessoas de outros estados, tanto para morar quanto para investir. Sendo assim aumentando cada vez mais a demanda de profissionais que atendam esse aumento cada vez maior do público consumidor.
E é justamente esses profissionais, os corretores de imóveis, que trabalham diretamente com o consumidor na área de compra e venda, será o personagem principal desse trabalho, em que seu objetivo principal é de explicar como que o corretor se torna corretor, mostrando que não somente o curso preparatório já o torna um profissional apto a trabalhar, mas ele também necessita de alguma aprendizagem externa para que o auxilie no processo de vendas dos imóveis.
II
O grupo a ser estudado, são o grupo de corretores estagiários contratados entre Outubro e Dezembro de 2016 na imobiliária Adão Imóveis Vidanova ltda. A problemática principal deste trabalho é mostrar como se dá esse processo de formação de um novo corretor, todos os caminhos a serem dados, e todas as consequências que a profissão traz, essas consequências serão abordadas mais adiante, mas cabe a Sociologia explicar todas as implicações sociais que rege nesse ambiente de trabalho.
Agora com a compreensão maior do que seria o mercado imobiliário, foi delimitado seus profissionais e agentes, uma classe em especial, os corretores, em que ela mesma sofre suas categorizações e divisões. Pode se dizer então que no grupo dos corretores estão inseridos todos os gerentes e diretores comerciais, e além disso esse grupo pode ser dividido em mais dois subgrupos, os corretores de salão e os corretores de mercado.
Não existe diferença gritante entre os corretores de salão e mercado, todos eles passaram pelas mesmas etapas de formação, a única coisa que os diferencia é que os de salão são vinculados a uma imobiliária, e os corretores de mercado trabalham de uma forma mais autônoma sem depender tanto das dependências da imobiliária. Esse termo mercado é bastante criticado pelos próprios profissionais, pois traz uma conotação negativa para a classe. Essas rotulações acontece entre os corretores como exemplo os de salão se titularem melhores que os de mercado, e também externamente onde várias pessoas vêm o corretor como caloteiro, mentiroso entre outras.
Isso pode ser compreendido a partir da teoria de Becker em sua teoria do etiquetamento ou rotulação mencionada em seu livro outsiders onde se caracteriza pela “desviação”, ou seja, uma qualidade atribuída por processos de interação altamente seletivos e discriminatórios. Sendo assim os corretores que não são filiados a uma imobiliária são completamente “errados” segundo a lógica de Becker. Eventualmente nos noticiários é reportado golpes cometidos por falsos corretores, sendo eles os responsáveis pela difamação da categoria.
Bourdieu, expõe a violência simbólica exercida pela população como aquela
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