O surgimento do populismo na America Latina
Por: Valdenize Gurjão • 26/4/2016 • Resenha • 877 Palavras (4 Páginas) • 295 Visualizações
RESENHA
CAMMACK, Paul. The resurgence of populism in Latin America. Bulletin of Latin American Research 19 (2000) 149-161
Em The ressurgense of populismo in latin America, Cammack (2000) faz uma análise sobre os governos populistas ou neopopulistas como uma estratégia do capitalismo diante de sua crise estrutural para garantir a sua reprodução, faz uma abordagem sobre a crise da democracia e suas instituições, o descontrole social, falta de confiança nas instituições e na estabilidade da democracia nos países latino-americanos, e da necessidade de instituições como mediadoras das relações humanas.
De acordo com o autor a democracia necessita da participação popular, precisa criar fóruns e formas de representação dos interesses dos indivíduos e dos grupos, ao mesmo tempo em que o governo precisa ter autoridade e legitimidade para governar.
Segundo Cammack (2000) a consolidação do sistema partidário e dos partidos políticos como meio de acesso as instituições políticas limitam o aparecimento de lideranças populistas que evidenciadas como os salvadores da pátria e muitas fezes por fora dos partidos políticos institucionalizados ou com enraizamento na sociedade civil. O autor interpreta o populismo como um fenômeno particular da sociedade capitalista, que integra três tipos de análise: discurso, instituições e economia política. Segundo Cammack (2000) a política populista floresce em períodos de crise conjuntural das instituições políticas e seu sucesso dependerá da sua capacidade de passar de um postura defensiva ou através de um apelo direto ao povo para a fundação de um projeto nacional que dá origem à criação de uma nova ordem institucional.
Uma de uma série de funções essenciais das instituições políticas sob o capitalismo é fazer a mediação entre a minoria que governa e a maioria que não deve governar, para bloquear a aplicação direta dos interesses da maioria sem propriedade, e trabalhar para torná-lo mais provável que as pessoas vão realmente fazer escolhas políticas que respeitem práticas e disciplinas que o capitalismo requer. Por isso, o perigo alude no desenvolvimento de um populismo da classe dominante, que procura jogar em cima o antagonismo entre as classes na sociedade capitalista, mas o faz, a fim de reconstituir a hegemonia da classe dominante.
Daí o receio com que apelos populistas são recebidos pelas classes dominantes, e as energias que as modernas teorias da democracia liberal procuram conter as implicações de governo do povo, pelo povo, para o povo. Do ponto de vista gerencial das teorias contemporâneas da democracia liberal, então, o surgimento de uma forma de política centrada em um apelo direto as pessoas indicam uma crise das instituições políticas existentes, e se constitui uma crise de mediação política e institucional.
Ao mesmo tempo, o fato de que as crises vêm sobre nós lembra que é uma coisa para dizer que em uma sociedade capitalista o papel das instituições políticas é fazer a mediação entre líderes e cidadãos, a fim de assegurar que os limites para a cidadania e as disciplinas essenciais para o capitalismo são observados, e outro para garantir que eles vão fazê-lo. Isto é não é tarefa fácil, e é sempre possível, por várias razões, que instituições já existentes comecem a falhar. Quando o fazem, é possível que eles vão quebrar, muitas vezes com as circunstâncias imprevisíveis e incontroláveis. Ao mesmo tempo, ele pode muito bem ser vital para os interesses capitalistas já que um quadro institucional não deve ser perturbado, como um passo para o reconhecimento da necessidade de novas instituições com maior probabilidade de garantir as condições de reprodução capitalista. Nestas circunstâncias apelos diretos as pessoas são susceptíveis de surgir em diferentes quadrantes políticos, como um mecanismo pelo que novas opções políticas são criadas fora do sistema institucional.
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