Resenha A Fábrica da Identidade. Sinais de identidade: tatuagens, piercings e outras marcas corporais.
Por: lettuccia • 7/11/2023 • Resenha • 484 Palavras (2 Páginas) • 88 Visualizações
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
Cultura, Corpo e Subjetividade Leticia Clara Pinho Resenha Descritiva: A Fábrica da Identidade. Sinais de identidade: tatuagens, piercings e outras marcas corporais.
David Le Breton (1953) é um sociólogo e antropólogo francês, professor de Sociologia e Antropologia na Universidade de Estrasburgo, França. Referência nos estudos acerca do corpo e corporeidade, Le Breton explora a relação entre a cultura e o corpo, de que maneira as práticas corporais influenciam na construção da identidade.
Em seu livro Sinais de Identidade, o autor aborda o fenômeno das modificações corporais e sua relação com a identidade pessoal e social. Pertencentes a esta sociedade contemporânea, em contexto de constantes transformações e atravessamentos, o autor coloca o corpo em evidência na construção de "si", o corpo inacabado, como ele mesmo chama, é visto como matéria prima a ser moldado de acordo com os interesses e sentidos daqueles que o fazem. Além disso, ele também examina as implicações sociais e culturais dessas modificações. De que maneira são percebidas e interpretadas socialmente, analisando a relação entre os estereótipos, preconceitos e as normas sociais.
Em síntese, é explorado as motivações por trás dessas práticas e suas implicações na construção da identidade individual e nas interações sociais.
No primeiro capítulo "A Fábrica da Identidade", Le Breton analisa a relação entre as modificações corporais e a construção da identidade pessoal. A construção da identidade do corpo é marcada pela ruptura. Segundo o autor, estamos testemunhando um desenraizamento das antigas matrizes de sentido, dispersando referências da vida quotidiana e fragmentando valores antepassados, criando caminhos para que o indivíduo produza seus próprios limites.
Todas essas rupturas e transformações sociais estão muito atreladas ao crescimento do individualismo, que gera também sentimento de estranhezas e incertezas. Essas incertezas podem também, de certa forma, alimentar um desejo
não só de ser mudança mas também de se fazer existir nela. A busca por uma identidade autêntica.
Essa busca por uma identidade autêntica, vem muito de um lugar de atravessamento, de como se entende o mundo, no mundo, parte também da busca pela existência. E as respostas encontradas são cravadas na pele, expostas para outros olhares. Faz-se também ambiente de troca, dado que cada indivíduo em sua própria busca por si, ao se expor repele aqueles com "respostas" divergentes na mesma medida que acolhe semelhantes.
As modificações corporais assumem o papel de sinais visíveis da identidade, o que significa que, essas marcas possibilitam que os indivíduos não só criem suas próprias narrativas mas também os possibilitam de expressar pertencimento a determinados grupos e até mesmo desafiar normas sociais vigentes.
Na sociedade grega antiga, o estigma corporal simbolizava a venda a outrem; hoje, pelo contrário, a marca corporal revela a pertença a si (p, 21).
Por fim, tomar controle do corpo e romper com os arranjos sociais impostos, faz parte da construção do sentimento de si, da própria identidade.
Referências:
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