Resenha Crítica do Documentário "Da servidão moderna"

Nome: Ana Paula Siqueira Queiroz                                                    Código: 833380

Disciplina: Sociedade e Cultura

Resenha Crítica - Documentário “Da Servidão Moderna”

“Da Servidão Moderna” é um documentário francês feito por Jean-François Brient, baseado em seu livro de mesmo nome, e produzido a partir da junção de imagens de filmes de ficção e outros documentários. O objetivo do filme é criticar os efeitos do capitalismo em diversas áreas, como o trabalho, a alimentação, as mercadorias, o planeta e, principalmente a alienação, mostrando a escravidão voluntária que o sistema causa na população mundial.

Durante o documentário, Jean fala dos chamados escravos modernos, que “escolhem” a servidão e concordam com esta forma de viver. Porém, é possível analisar tal escravidão com base nos conceitos criados por Karl Marx que tratam do modo de produção capitalista e da superestrutura ideológica, que domina e cria uma espécie de onipresença, levando o proletariado a se manter em uma posição de submissão e à falta de liberdade.

O filme também fala da questão ambiental e poluição, que são vistas pela maioria da população como resultado de ações individuais, quando na verdade são provocadas pelo capitalismo, que visando sempre o lucro e a acumulação de riquezas, acaba com os recursos naturais, produzindo cada vez mais lixo e aumentando os riscos de extinguir a vida na Terra.

Outro aspecto muito abordado pelo documentário é o da alienação, que também contribui para a manutenção desta “escravidão voluntária”. Afinal, de acordo com Marx, no capitalismo os trabalhadores são expropriados de seus meios de vida materiais e, principalmente, do seu talento, sendo colocados para realizar tarefas simples e parciais. Por isso, o trabalhador não reconhece o trabalho e seus produtos como fruto de seu esforço, mas entende que trabalha apenas para sobreviver e tudo o que produz pertence aos outros.

Assim, podemos relacionar a alienação do proletariado causada pelo capitalismo com todas as áreas da vida e da sociedade, como são citadas no documentário. A ideologia dominante de um sistema onde tudo é transformado em mercadoria e o consumo em massa é altamente defendido, não condiz com a miséria causada pelo trabalho alienado e pela mais-valia. Ou seja, o trabalhador que não se vê como produtor e, portanto, merecedor de todos os produtos da sociedade, passa a viver na miséria, com fome, sem acesso à educação e moradia dignas, trabalhando para receber o mínimo necessário para sobreviver e acreditando que um dia poderá ascender socialmente e economicamente.

Assim, a servidão "voluntária" moderna só é concebível quando o capitalismo arranca do proletariado a consciência de sua exploração e o sentimento de coletividade, o fazendo acreditar que através do trabalho, individualismo e meritocracia, poderá se tornar parte da burguesia e ter, enfim, uma vida confortável. Afinal, citando Paulo Freire em seu livro Pedagogia do Oprimido (1987), “Quando a educação não é libertadora, o sonho do oprimido é ser o opressor”.