A Escravidão Laurentino Gomes
Por: Glayson13 • 1/7/2023 • Resenha • 873 Palavras (4 Páginas) • 64 Visualizações
Disciplina: Teorias Sociológicas
Síntese do Livro: Escravidão por Laurentino Gomes
Escravidão, obra de Laurentino Gomes publicada pela Globo Livros em 2019, trata-se de uma série de três livros reportagem sobre a história da escravidão no Brasil. Para isso o autor realiza algumas viagens pela África, América e Europa com foco em desenvolver o seu trabalho de pesquisa. Nas suas viagens Laurentino observa que em alguns pontos do litoral africano é possível observar as marcas da escravidão e seus estreitos vínculos com o Brasil.
O autor cita que em Ajudá, República do Benim, o brasileiro Francisco Félix obteve grande notoriedade no tráfico de escravos e destaca que seus descentes ocupam lugar de destaque em diversos países africanos. Em Ajudá existe um monumento chamado a Porta do Não Retorno, destinado a homenagear os cativos que dali partiram sem esperança de voltar a sua terra de origem, esse tipo de monumento é erguido em vários países africanos que possuíram portos de embarque de escravos. Segundo Laurentino, diante do imenso volume de escravos vendidos uma pequena minoria conseguiu retornar para a África, os que conseguiram voltar para a Africa foram chamados de retornados e, atualmente, os seus descendentes não mantêm um contato direto com o Brasil.
Durante as suas viagens o autor chega a conclusão que a África possui muitos aspectos semelhantes ao Brasil, por exemplo, apresenta pobreza e corrupção mas também gente trabalhadora e empreendedora. Para o autor, existe uma contradição na relação do brasileiro de matriz europeia com a cultura milenar da africana, isso pode ser exemplificado por duas atitudes extremas: de um lado observa-se um preconceito racial e do outro a celebração das heranças africanas como o Carnaval. Nos dias atuais, a relação brasileira com as nações africanas envolve contatos diplomáticos com poucas ações e decisões. Essa lacuna é preenchida pela China, o autor ressalta que os chineses implementam obras e desenvolvem alguns projetos nos países africanos de língua portuguesa visitados.
O autor relata que o Brasil recebeu quase 5 milhões de africanos cativos, inicialmente foram empregados como mão de obra nos engenhos de cana-de-açúcar do nordeste, depois os escravizados foram espalhados por todo o Brasil para atuar em atividades predominantemente braçais. Para Gomes, a captura de cativos com intuito para serem escravizados foi um fenômeno que data os primórdios da história da humanidade no entanto, somente durante o tráfico negreiro para o Novo Mundo, a escravidão tornou-se um sinônimo da cor de pele negra, essa é a origem da segregação e do preconceito racial às pessoas de pele negra. O autor destaca que diversas nações europeias participaram e patrocinaram o tráfico negreiro, essa atividade foi volumosa, organizada e lucrativa para todos os envolvidos, exceto para o cativo africano. O ideal europeu de que a escravidão era moralmente inaceitável, surgiu apenas no final do século XVIII com o abolicionismo britânico.
Para o autor, o comércio de seres humanos fez parte da vida de quase todos os povos e sociedades. Nos dias atuais, nenhum país admite a escravidão como nos moldes antigos, entretanto, torna-se comum os noticiários sobre pessoas sendo mantidas em situações de trabalhos análogas à escravidão. A organização Anti-Slavery International estima que, hoje em dia, existe mais escravos no mundo do que em qualquer período da escravidão africana na América. O legado da escravidão é uma realidade brasileira e um assunto de pautas políticas, em 1937 Arthur Ramos já alertava para a persistência de diferentes formas de exploração do negro, uma das quais seria justamente de natureza política.
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