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A Resenha Crítica Reparar o Moral

Por:   •  10/5/2022  •  Resenha  •  869 Palavras (4 Páginas)  •  104 Visualizações

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Faculdade de Medicina

Ciências Sociais e da Vida

Turma: Módulo 1

Aluna: Ludmyla Baptista

Resenha

Texto: Reparar o moral

RESENHA CRÍTICA

O texto “Reparar o moral – etnografia dos cuidados médicos de um centro de saúde humanitário francês corresponde a um capítulo do livro de duas autoras referencia na Antropologia médica: Jaqueline Ferreira e Soraya Fleischer. Ambas se concentraram no estudos dos significados e sentido no processo saúde-doença em suas trajetórias acadêmicas, reunindo um compilado de estudos etnográficos que leva-se a refletir os processos de adoecimento, relações entre profissionais e doentes, o uso das tecnologias e as dinâmicas dos serviços de saúde.

Este quinto capítulo que compõe o livro supracitado, privilegia o espaço da consulta médica entre voluntários médicos e uma população de pacientes, marcada por exclusão social. Além disso, destaca que estrangeiros em situação de clandestinidade, imigrantes africanos e franceses moradores de rua ou desempregados que constituíam o principal público de atendimento e indicavam para os profissionais que aspectos físico-biológicos estavam imbricados com questões de ordem moral, fazendo questionar e repensar a própria prática técnica e clínica.

Pode-se identificar que o objetivo da pesquisa é desenvolver o tema na França, confrontando diferentes formas de precariedade socioeconômica e diferentes contextos de assistência médica.

O texto, em seu início, destaca o contexto do estudo, que se dá no “Medicina sem fronteiras, que são definidas como estruturas humanitárias fundadas por médicos e que se caracterizam pelo envio do pessoal a campo a regiões de conflitos e catástrofes naturais. Com isso veio a abertura do MDM (Medécis du Monde) de abrir um centro em Paris com a missão de prestar assistência médica às pessoas excluídas do acesso comum à saúde, exercendo um papel de integração. Ou seja, a pesquisa foca na observação das interações no centro do MDM.

É importante destacar que a população atendida por essas estruturas era de estrangeiros em situação de clandestinidade, franceses moradores de rua e desempregados. Desta forma, fazia-se muito difícil a identificação da moradia dos usuários, bem como receio por parte dos estrangeiros clandestinos em dar seus endereços por receio de intervenções policiais.

Neste sentido, o foco do artigo em si é análise da consulta médica e a relação dos médicos com uma população altamente excluída e infiltrada de agravos físicos e morais decorrentes de tal condição. Partindo desse pressuposto, a repercussão de tal assunto traz o viés da antropologia médica, pois destaca-se que todo esse contexto das MDM’s demonstra que a pesquisa qualitativa, a neutralidade e a ausência de subjetividade são impossíveis, pois o pesquisador tem que estar disposto a observar o todo e desconstruir idéias pré-concebidas.

Assim, a medicina humanitária faz com que isso seja ainda mais pontuado, tendo em vista que reforça a idéia que o paciente tem que ser visto em sua “globalidade”, e que sua situação (estrangeiros clandestinos e moradores de rua) implica que o diagnóstico a ser dado deve levar em conta o sofrimento físico, mental e moral, havendo uma alteração nas competências médicas e prática clínica.

Outra discussão travada no contexto da pesquisa era que mesmo os imigrantes se encontrarem nas piores condições possíveis, eles se sentiam inseridos naquele país, trazendo a questão as diferentes concepções de inclusão social. Ou seja, mesmo nao sendo participantes do sistema de benefícios da sociedade francesa, eles reconheciam a França como seu país de residência.

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